Perfil da epidemia por dengue em 2013

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: de Souza, Luiz José
Data de Publicação: 2013
Outros Autores: Carvalho, Magno
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Científica da Faculdade de Medicina de Campos
Texto Completo: https://www.fmc.br/ojs/index.php/RCFMC/article/view/83
Resumo: A dengue representa na atualidade a arbovirose mais importante no mundo. São os arbovírus mais disseminados geograficamente, encontrados em áreas tropicais e subtropicais, segundo alguns autores. Ao longo dos últimos anos, temos observado períodos com intenso aumento no número de casos da doença, cada qual apresentando características diferenciadas no que diz respeito à epidemiologia, manifestações clínicas, gravidade dos casos, número de internações e de óbitos, assim como das complicações associadas a esta patologia. Esta pluralidade é explicada pela existência de quatro sorotipos distintos do vírus responsável pela doença (DENV-1; DENV-2; DENV-3 E DENV-4), que já se encontram em circulação no Brasil e em vários outros países acometidos pela mesma. Entramos no ano de 2013 já observando um aumento significativo do número de casos registrados da doença em várias regiões do país e em Campos dos Goytacazes não foi diferente. A partir da segunda semana de janeiro, os atendimentos no Centro de Referência da Dengue presente na cidade começaram a aumentar abruptamente, anunciando a antecipação da epidemia que era esperada principalmente para os meses de Abril e Maio, período associado à eclosão das epidemias nos anos anteriores. No decorrer das semanas, pudemos observar algumas diferenças no perfil epidemiológico e clínico da doença que ocorreu principalmente pela circulação do sorotipo quatro (DENV-4). Análises de prontuários revelaram que adultos jovens e indivíduos de meia idade foram mais acometidos do que crianças e idosos. Sintomas como febre, cefaleia, mialgia e dor retro orbitária permaneceram entre as manifestações mais comuns, associados à artralgia, rash cutâneo e prurido, muito observados nessa epidemia. Sintomas incomuns como a dor lombar, em membros inferiores e parestesias também foram observados, mesmo que em menor proporção. Perfil da epidemia por dengue em 2013 Luiz José de Souza1 , Magno Carvalho2 1 Presidente da SBCM-RJ e Especialista em Clínica Médica 2 Interno do 5º da Faculdade de Medicina de Campos Outras características observadas foram: o desenvolvimento de miopatias agudas na fase inicial da doença e hemorragias em locais diversos com frequência de alguns episódios em paciente sem plaquetopenia. Já sinais de alerta, como por exemplo: dor abdominal intensa, hipotensão arterial, sinais hemorrágicos e disfunções hemodinâmicas foram pouco observados, evidenciando o caráter mais brando desse sorotipo viral com menor número de casos graves e consequentemente com menor número de internações e complicações. Porém, o número de atendimentos ambulatoriais aumentou de maneira significativa, tendo 24.031 atendimentos de janeiro a agosto, com 18.350 suspeitos/notificados e 5.405 casos confirmados neste mesmo período. Acompanhamos ainda nesta epidemia a presença de casos diferenciados como a transmissão vertical de dengue por uma gestante assintomática, a síndrome de Guillain-Barré pós-infecção por dengue e a polimiosite por toxoplasmose em paciente imunocompetente, todos enviados como pôsteres ao XLIX Congresso de Medicina Tropical ocorrido no início do mês de agosto em Campo Grande - MS. Tais casos mostraram a importância de avaliar as possíveis complicações associadas aos quadros de dengue e da imposição de outros diagnósticos diferencias na evolução clínica do doente. Vários estudos têm sido realizados com o objetivo de detalhar os principais eventos envolvidos na fisiopatologia da doença e de suas complicações. O desenvolvimento da vacina contra o vírus ainda encontrase em fase experimental, deixando algumas dúvidas quanto a sua relação custo-efetividade. Diante disso, destacamos a importância do controle e da assistência de qualidade aos casos de dengue presentes no município, o que auxilia na acessibilidade e organização dos serviços, no manejo clínico da doença, no controle de complicações e óbitos, bem como na redução dos impactos econômicos gerados pela dengue.
id FMC-0_54e4498609a86d499196311d33a38c0a
oai_identifier_str oai:ojs.www.fmc.br:article/83
network_acronym_str FMC-0
network_name_str Revista Científica da Faculdade de Medicina de Campos
repository_id_str
spelling Perfil da epidemia por dengue em 2013A dengue representa na atualidade a arbovirose mais importante no mundo. São os arbovírus mais disseminados geograficamente, encontrados em áreas tropicais e subtropicais, segundo alguns autores. Ao longo dos últimos anos, temos observado períodos com intenso aumento no número de casos da doença, cada qual apresentando características diferenciadas no que diz respeito à epidemiologia, manifestações clínicas, gravidade dos casos, número de internações e de óbitos, assim como das complicações associadas a esta patologia. Esta pluralidade é explicada pela existência de quatro sorotipos distintos do vírus responsável pela doença (DENV-1; DENV-2; DENV-3 E DENV-4), que já se encontram em circulação no Brasil e em vários outros países acometidos pela mesma. Entramos no ano de 2013 já observando um aumento significativo do número de casos registrados da doença em várias regiões do país e em Campos dos Goytacazes não foi diferente. A partir da segunda semana de janeiro, os atendimentos no Centro de Referência da Dengue presente na cidade começaram a aumentar abruptamente, anunciando a antecipação da epidemia que era esperada principalmente para os meses de Abril e Maio, período associado à eclosão das epidemias nos anos anteriores. No decorrer das semanas, pudemos observar algumas diferenças no perfil epidemiológico e clínico da doença que ocorreu principalmente pela circulação do sorotipo quatro (DENV-4). Análises de prontuários revelaram que adultos jovens e indivíduos de meia idade foram mais acometidos do que crianças e idosos. Sintomas como febre, cefaleia, mialgia e dor retro orbitária permaneceram entre as manifestações mais comuns, associados à artralgia, rash cutâneo e prurido, muito observados nessa epidemia. Sintomas incomuns como a dor lombar, em membros inferiores e parestesias também foram observados, mesmo que em menor proporção. Perfil da epidemia por dengue em 2013 Luiz José de Souza1 , Magno Carvalho2 1 Presidente da SBCM-RJ e Especialista em Clínica Médica 2 Interno do 5º da Faculdade de Medicina de Campos Outras características observadas foram: o desenvolvimento de miopatias agudas na fase inicial da doença e hemorragias em locais diversos com frequência de alguns episódios em paciente sem plaquetopenia. Já sinais de alerta, como por exemplo: dor abdominal intensa, hipotensão arterial, sinais hemorrágicos e disfunções hemodinâmicas foram pouco observados, evidenciando o caráter mais brando desse sorotipo viral com menor número de casos graves e consequentemente com menor número de internações e complicações. Porém, o número de atendimentos ambulatoriais aumentou de maneira significativa, tendo 24.031 atendimentos de janeiro a agosto, com 18.350 suspeitos/notificados e 5.405 casos confirmados neste mesmo período. Acompanhamos ainda nesta epidemia a presença de casos diferenciados como a transmissão vertical de dengue por uma gestante assintomática, a síndrome de Guillain-Barré pós-infecção por dengue e a polimiosite por toxoplasmose em paciente imunocompetente, todos enviados como pôsteres ao XLIX Congresso de Medicina Tropical ocorrido no início do mês de agosto em Campo Grande - MS. Tais casos mostraram a importância de avaliar as possíveis complicações associadas aos quadros de dengue e da imposição de outros diagnósticos diferencias na evolução clínica do doente. Vários estudos têm sido realizados com o objetivo de detalhar os principais eventos envolvidos na fisiopatologia da doença e de suas complicações. O desenvolvimento da vacina contra o vírus ainda encontrase em fase experimental, deixando algumas dúvidas quanto a sua relação custo-efetividade. Diante disso, destacamos a importância do controle e da assistência de qualidade aos casos de dengue presentes no município, o que auxilia na acessibilidade e organização dos serviços, no manejo clínico da doença, no controle de complicações e óbitos, bem como na redução dos impactos econômicos gerados pela dengue.Faculdade de Medicina de Campos (FMC)2013-06-03info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionArtigo não avaliado pelos paresapplication/pdfhttps://www.fmc.br/ojs/index.php/RCFMC/article/view/8310.29184/1980-7813.rcfmc.83.vol.8.n1.2013Scientific Journal of the Medical School of Campos; Vol. 8 No. 1 (2013); 38Revista Científica da Faculdade de Medicina de Campos; v. 8 n. 1 (2013); 381980-7813reponame:Revista Científica da Faculdade de Medicina de Camposinstname:Faculdade de Medicina de Campos (FMC)instacron:FMCporhttps://www.fmc.br/ojs/index.php/RCFMC/article/view/83/65Copyright (c) 2013 Revista Científica da Faculdade de Medicina de Camposinfo:eu-repo/semantics/openAccessde Souza, Luiz JoséCarvalho, Magno2017-07-26T04:29:17Zoai:ojs.www.fmc.br:article/83Revistahttps://www.fmc.br/ojs/index.php/RCFMC/PRIhttps://www.fmc.br/ojs/index.php/RCFMC/oai||revista@fmc.br1980-78131980-7813opendoar:2017-07-26T04:29:17Revista Científica da Faculdade de Medicina de Campos - Faculdade de Medicina de Campos (FMC)false
dc.title.none.fl_str_mv Perfil da epidemia por dengue em 2013
title Perfil da epidemia por dengue em 2013
spellingShingle Perfil da epidemia por dengue em 2013
de Souza, Luiz José
title_short Perfil da epidemia por dengue em 2013
title_full Perfil da epidemia por dengue em 2013
title_fullStr Perfil da epidemia por dengue em 2013
title_full_unstemmed Perfil da epidemia por dengue em 2013
title_sort Perfil da epidemia por dengue em 2013
author de Souza, Luiz José
author_facet de Souza, Luiz José
Carvalho, Magno
author_role author
author2 Carvalho, Magno
author2_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv de Souza, Luiz José
Carvalho, Magno
description A dengue representa na atualidade a arbovirose mais importante no mundo. São os arbovírus mais disseminados geograficamente, encontrados em áreas tropicais e subtropicais, segundo alguns autores. Ao longo dos últimos anos, temos observado períodos com intenso aumento no número de casos da doença, cada qual apresentando características diferenciadas no que diz respeito à epidemiologia, manifestações clínicas, gravidade dos casos, número de internações e de óbitos, assim como das complicações associadas a esta patologia. Esta pluralidade é explicada pela existência de quatro sorotipos distintos do vírus responsável pela doença (DENV-1; DENV-2; DENV-3 E DENV-4), que já se encontram em circulação no Brasil e em vários outros países acometidos pela mesma. Entramos no ano de 2013 já observando um aumento significativo do número de casos registrados da doença em várias regiões do país e em Campos dos Goytacazes não foi diferente. A partir da segunda semana de janeiro, os atendimentos no Centro de Referência da Dengue presente na cidade começaram a aumentar abruptamente, anunciando a antecipação da epidemia que era esperada principalmente para os meses de Abril e Maio, período associado à eclosão das epidemias nos anos anteriores. No decorrer das semanas, pudemos observar algumas diferenças no perfil epidemiológico e clínico da doença que ocorreu principalmente pela circulação do sorotipo quatro (DENV-4). Análises de prontuários revelaram que adultos jovens e indivíduos de meia idade foram mais acometidos do que crianças e idosos. Sintomas como febre, cefaleia, mialgia e dor retro orbitária permaneceram entre as manifestações mais comuns, associados à artralgia, rash cutâneo e prurido, muito observados nessa epidemia. Sintomas incomuns como a dor lombar, em membros inferiores e parestesias também foram observados, mesmo que em menor proporção. Perfil da epidemia por dengue em 2013 Luiz José de Souza1 , Magno Carvalho2 1 Presidente da SBCM-RJ e Especialista em Clínica Médica 2 Interno do 5º da Faculdade de Medicina de Campos Outras características observadas foram: o desenvolvimento de miopatias agudas na fase inicial da doença e hemorragias em locais diversos com frequência de alguns episódios em paciente sem plaquetopenia. Já sinais de alerta, como por exemplo: dor abdominal intensa, hipotensão arterial, sinais hemorrágicos e disfunções hemodinâmicas foram pouco observados, evidenciando o caráter mais brando desse sorotipo viral com menor número de casos graves e consequentemente com menor número de internações e complicações. Porém, o número de atendimentos ambulatoriais aumentou de maneira significativa, tendo 24.031 atendimentos de janeiro a agosto, com 18.350 suspeitos/notificados e 5.405 casos confirmados neste mesmo período. Acompanhamos ainda nesta epidemia a presença de casos diferenciados como a transmissão vertical de dengue por uma gestante assintomática, a síndrome de Guillain-Barré pós-infecção por dengue e a polimiosite por toxoplasmose em paciente imunocompetente, todos enviados como pôsteres ao XLIX Congresso de Medicina Tropical ocorrido no início do mês de agosto em Campo Grande - MS. Tais casos mostraram a importância de avaliar as possíveis complicações associadas aos quadros de dengue e da imposição de outros diagnósticos diferencias na evolução clínica do doente. Vários estudos têm sido realizados com o objetivo de detalhar os principais eventos envolvidos na fisiopatologia da doença e de suas complicações. O desenvolvimento da vacina contra o vírus ainda encontrase em fase experimental, deixando algumas dúvidas quanto a sua relação custo-efetividade. Diante disso, destacamos a importância do controle e da assistência de qualidade aos casos de dengue presentes no município, o que auxilia na acessibilidade e organização dos serviços, no manejo clínico da doença, no controle de complicações e óbitos, bem como na redução dos impactos econômicos gerados pela dengue.
publishDate 2013
dc.date.none.fl_str_mv 2013-06-03
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
Artigo não avaliado pelos pares
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.fmc.br/ojs/index.php/RCFMC/article/view/83
10.29184/1980-7813.rcfmc.83.vol.8.n1.2013
url https://www.fmc.br/ojs/index.php/RCFMC/article/view/83
identifier_str_mv 10.29184/1980-7813.rcfmc.83.vol.8.n1.2013
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://www.fmc.br/ojs/index.php/RCFMC/article/view/83/65
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 2013 Revista Científica da Faculdade de Medicina de Campos
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 2013 Revista Científica da Faculdade de Medicina de Campos
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Faculdade de Medicina de Campos (FMC)
publisher.none.fl_str_mv Faculdade de Medicina de Campos (FMC)
dc.source.none.fl_str_mv Scientific Journal of the Medical School of Campos; Vol. 8 No. 1 (2013); 38
Revista Científica da Faculdade de Medicina de Campos; v. 8 n. 1 (2013); 38
1980-7813
reponame:Revista Científica da Faculdade de Medicina de Campos
instname:Faculdade de Medicina de Campos (FMC)
instacron:FMC
instname_str Faculdade de Medicina de Campos (FMC)
instacron_str FMC
institution FMC
reponame_str Revista Científica da Faculdade de Medicina de Campos
collection Revista Científica da Faculdade de Medicina de Campos
repository.name.fl_str_mv Revista Científica da Faculdade de Medicina de Campos - Faculdade de Medicina de Campos (FMC)
repository.mail.fl_str_mv ||revista@fmc.br
_version_ 1798042301055893504