Racismo cordial ou autoritarismo espirituoso
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Cadernos de Estudos Sociais (Online) |
Texto Completo: | https://periodicos.fundaj.gov.br/CAD/article/view/1386 |
Resumo: | O "Mito da Democracia Racial" é considerado um dispositivo ideológico de reprodução das relações raciais, impedindo sua tematização pública. Efetiva-se através de duas formas de discurso: o desconhecimento ideológico das relações raciais e o não-dito racista. O "Mito da Democracia Racial" instaurou-se pelo deslocamento do discurso racial (racista ou não) do âmbito do discurso "serio" (argumentativo, racional, formal e público), constituindo o que estamos chamando aqui de desconhecimento ideológico. O desconhecimento não é "ausência" de conhecimento, ignorância passiva, mas, demarcadas as questões relevantes, marginaliza saberes tidos como irrelevantes, falsos problemas, sem-sentidos. O discurso racial, então, entrincheirou-se no discurso "vulgar" (aforismático, passional, informal e privado), através da forma do não-dito racista que se consolidou, intimamente ligado às relações "cordiais", paternalistas e patrimonialistas de poder, como um pacto de silêncio entre dominados e dominadores. O não-dito é uma técnica de dizer alguma coisa sem, contudo, aceitar a responsabilidade de tê-la dito, resultando daí a utilização pelo discurso racista de uma diversidade de recursos tais como implícitos, denegações, discursos oblíquos, figuras de linguagem, trocadilhos, chistes, frases feitas, provérbios, piadas e injúria racial. Palavras-Chave: Mito da Democracia Racial, Racismo Cordial, relações raciais, racismo, teoria do discurso, violência e República. The "Myth of Racial Democracy" is considered as an ideological device for reproducing racial relations by hindering its public discussion. Its actualization is based on two forms of discourse: the ideological unrecognizing of racial relations and the racist "unsaid". The "Myth of Racial Democracy" was established by the displacement of racial discourse (racist or not) from the domain of "serious discourse" (argumentative, rational, formal and public), thus constituting what we call here ideological unrecognizing. Such non-recognition does not mean an "absence" of knowledge or passive ignorance, but the marginalization of those types of knowledge considered as irrelevant, as false problems, as non sense, via the establishment of what constitutes the relevant issues. Racial discourse has been concealed by everyday discourse (aforismatic, passional, informal and private) with the consolidation of the racist "unsaid", itself, closely linked to "cordial", paternalistic and patrimonialistic power relations: a silence pact between dominators and the dominated. The unsaid is but a technique of saying something without having to accept the responsibility of having said it. Therefore, racist discourse makes use of a plethora of resources such as the implicit, oblique speech, figures of speech, puns, witticisms, commonplace sentences, proverbs, jokes and racial insults. Key Words: Mith of Racial Democracy, racial relations, racism, discourse theory, violence and Republic. |
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