Nassau, quarenta anos depois
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Ciência & Trópico (Online) |
Texto Completo: | https://periodicos.fundaj.gov.br/CIC/article/view/240 |
Resumo: | RESUMO Em 1936 foi esboçada intenção oficial de se fazer de janeiro de 1937 um mês de acon¬tecimentos culturais no Recife, O pretexto para as comemorações seria o tricentenário da chegada de Maurício de Nassau a Pernambuco. Tudo fora concebido em termos de manifestações eminentemente culturais. Travou-se na época verdadeira batalha em todo o Brasil a respeito das festividades. Houve muita polêmica envolvendo povo e imprensa. O mensário Fronteiras lançou um edital retrucando que o problema não era “cultural” e sim de cará¬ter “cívico e moral” e que, servindo a uma companhia de piratas, Nassau era ele mesmo um pirata. Era como se comemorasse uma invasão bem sucedida. Não se previa uma tempestade destas, pois o comum era enaltecer a figura de Nassau. Mesmo sem toque de retirada, a comissão programadora das comemorações não mais voltou a reunir-se. Em janeiro do 1937, para não deixar passar em branco a efeméride que se pretendera comemorar, o Diário da Manhã publicou uma coluna com elogios a Nassau. Hoje, quarenta anos depois da desordem mental que se implantou naquela época, superamos a nossa rusticidade, e podemos me¬ditar com sossego sobre alguns dos mais expressivos valores culturais de nossa herança histórica. Algumas entidades, universidades, academias e o governo do Estado montam exposições e promovem simpósios sobre Maurício de Nassau, sem que isso cause nenhuma polêmica. ABSTRACT Nassau, forty years later. v. 8, n. 2, p.161-176, jul./dez. 1980. The official intention of transforming January of 1937, into the month of cultural events, was sketched out in 1936. The pretext for the celebrations would be the tricentennial of Maurício de Nassau’s arrival at Pernambuco. Everything would have been imagined in terms of manifestations eminently cultural ones. it was begun a hard struggle all over Brazil about the celebrations at that time. There was a great polemic being people and press, wrapped up. The monthly issue Fronteiras published an edict retorting that it was not a cultural problem but a problem of “moral and civic character, and that as Nassau worked for a company of pirates, he himself was a pirate too. The commemoration would sound as a successful invasion. A repercussion like this was not foreseen, because it was usual to exalt Nassau. Even whithout any official order, the committee of the commemorations did not meet anymore. The journal Diario da Manhã in order not to forget the event, which was supposed to be commemorated, has published a report dedicated to Nassau. Now, forty years later the mental disorder that was established in that time, we outdo our rusticity, and we may tranquilly meditate about some of the most expressive cultural values of our historical heritage. Some entities, universities, academies and the government of the State hold displays, symposiums about Mauricio de Nassau, without causing any polemics nowadays. RÈSUMÈ Nassau, 40 ans après. En 1936, fut ébauchée l’intention officielle de rendre le mois de janvier de 1937, un mois d’événements culturels à Recife. Le motif pour ces commémorations serait le tricen¬tenaire de l‘arrivée de Mauricio de Nassau à Pernambuco. Tout avait été conçu en termes des manifestations essentiellement culturelles. À l’époque, un vrai combat a été éclaté au Brésil au sujet de ces commémorations. ll y a eu une forte polémique engageant le public et la presse. La revue mensuelle Frontières a publié un éditorial montrant que la question n’était pas “culturelle” mais de caractère “civique et moral”, et que Nassau ayant servi à une compagnie de corsaires, était lui même un corsaire. C’était comme si l’on voulait commémorer une invasion bien reússie. Personne ne prévoyait un si grand probléme, car en générale, on exaltait l’image de Nassau. Sans grand bruit, la commission organisatrice des commemorations ne se reunit plus. En janvier 1937, ne voulant pas laisser sans commémorer, le journal Diario da Manhã a fait publier un article louant Nassau. Aujourd’hui, 40 ans aprés le désordre mental qui s’est établi dans les esprits à cette époque, nous avons surmonté notre rusticité et nous pouvons méditer tranquillement sur quelques-unes des valeurs culturelles les plus expressives de notre héritage historique. Certaines institutions, universités, académies et le gouvernement de l’État organisent des expositions et font des symposium se rapportant à Maurice de Nassau sans provoquer des polémiques. |
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Nassau, quarenta anos depoisRESUMO Em 1936 foi esboçada intenção oficial de se fazer de janeiro de 1937 um mês de acon¬tecimentos culturais no Recife, O pretexto para as comemorações seria o tricentenário da chegada de Maurício de Nassau a Pernambuco. Tudo fora concebido em termos de manifestações eminentemente culturais. Travou-se na época verdadeira batalha em todo o Brasil a respeito das festividades. Houve muita polêmica envolvendo povo e imprensa. O mensário Fronteiras lançou um edital retrucando que o problema não era “cultural” e sim de cará¬ter “cívico e moral” e que, servindo a uma companhia de piratas, Nassau era ele mesmo um pirata. Era como se comemorasse uma invasão bem sucedida. Não se previa uma tempestade destas, pois o comum era enaltecer a figura de Nassau. Mesmo sem toque de retirada, a comissão programadora das comemorações não mais voltou a reunir-se. Em janeiro do 1937, para não deixar passar em branco a efeméride que se pretendera comemorar, o Diário da Manhã publicou uma coluna com elogios a Nassau. Hoje, quarenta anos depois da desordem mental que se implantou naquela época, superamos a nossa rusticidade, e podemos me¬ditar com sossego sobre alguns dos mais expressivos valores culturais de nossa herança histórica. Algumas entidades, universidades, academias e o governo do Estado montam exposições e promovem simpósios sobre Maurício de Nassau, sem que isso cause nenhuma polêmica. ABSTRACT Nassau, forty years later. v. 8, n. 2, p.161-176, jul./dez. 1980. The official intention of transforming January of 1937, into the month of cultural events, was sketched out in 1936. The pretext for the celebrations would be the tricentennial of Maurício de Nassau’s arrival at Pernambuco. Everything would have been imagined in terms of manifestations eminently cultural ones. it was begun a hard struggle all over Brazil about the celebrations at that time. There was a great polemic being people and press, wrapped up. The monthly issue Fronteiras published an edict retorting that it was not a cultural problem but a problem of “moral and civic character, and that as Nassau worked for a company of pirates, he himself was a pirate too. The commemoration would sound as a successful invasion. A repercussion like this was not foreseen, because it was usual to exalt Nassau. Even whithout any official order, the committee of the commemorations did not meet anymore. The journal Diario da Manhã in order not to forget the event, which was supposed to be commemorated, has published a report dedicated to Nassau. Now, forty years later the mental disorder that was established in that time, we outdo our rusticity, and we may tranquilly meditate about some of the most expressive cultural values of our historical heritage. Some entities, universities, academies and the government of the State hold displays, symposiums about Mauricio de Nassau, without causing any polemics nowadays. RÈSUMÈ Nassau, 40 ans après. En 1936, fut ébauchée l’intention officielle de rendre le mois de janvier de 1937, un mois d’événements culturels à Recife. Le motif pour ces commémorations serait le tricen¬tenaire de l‘arrivée de Mauricio de Nassau à Pernambuco. Tout avait été conçu en termes des manifestations essentiellement culturelles. À l’époque, un vrai combat a été éclaté au Brésil au sujet de ces commémorations. ll y a eu une forte polémique engageant le public et la presse. La revue mensuelle Frontières a publié un éditorial montrant que la question n’était pas “culturelle” mais de caractère “civique et moral”, et que Nassau ayant servi à une compagnie de corsaires, était lui même un corsaire. C’était comme si l’on voulait commémorer une invasion bien reússie. Personne ne prévoyait un si grand probléme, car en générale, on exaltait l’image de Nassau. Sans grand bruit, la commission organisatrice des commemorations ne se reunit plus. En janvier 1937, ne voulant pas laisser sans commémorer, le journal Diario da Manhã a fait publier un article louant Nassau. Aujourd’hui, 40 ans aprés le désordre mental qui s’est établi dans les esprits à cette époque, nous avons surmonté notre rusticité et nous pouvons méditer tranquillement sur quelques-unes des valeurs culturelles les plus expressives de notre héritage historique. 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