A IMPORTÂNCIA DOS LUGARES NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2013 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Remea - Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental (Online) |
Texto Completo: | https://periodicos.furg.br/remea/article/view/3384 |
Resumo: | O trabalho analisa a importância dos lugares para a Educação Ambiental. Para tanto, são analisadas as concepções de espaço presentes em Descartes e Newton. Descartes via o espaço como mera extensão. O próprio corpo não é mais que espaço. Newton acreditava que o espaço era vazio e absoluto. Argumento que perdemos a noção de lugar. A partir do séc. XVII, vivemos como se estivéssemos em lugar nenhum. Perdemos a referência a lugares. Os lugares estão desaparecendo em detrimento do espaço. Casey (2000) argumenta que para um Ocidental instruído é o espaço que vem antes, enquanto para um Aborígene da Austrália e para muitos outros indígenas é o lugar. As narrativas pelas quais damos sentido às nossas vidas dificilmente estão enlaçadas a lugares. Naess (1995) acredita que 99% dos experts são educados para perceber um lugar ou uma paisagem não como bonito ou feio, mas como se fossem apenas 30 ou 40 km². O espaço moderno é visto como sendo “neutro” e como um meio previamente dado, uma tabula rasa na qual as particularidades da cultura e da história são inscritas. Há uma emancipação do lugar e uma nova Cosmologia inspirada no conceito de espaço vazio em Newton. Essa Cosmologia influenciou inclusive os processos de colonização pela Europa de países como a Austrália, que recebeu de seus primeiros “descobridores” o sugestivo nome de Terra Nulius (Terra de Ninguém), embora houvesse uma grande população de Aborígenes vivendo lá há mais de 40.000 anos. Argumento que para termos práticas mais ecologicamente orientadas precisaríamos nos “sentir em algum lugar”. “Estar em lugar”, ter “ a noção de lugar” é um modo de pertença ao mundo e é importante para nossa percepção primária e interconexões com o mundo não-humano. Na verdade, nós estamos sempre em lugares, não vivemos no espaço, mas a percepção predominante é ainda a do espaço neutro e desnudo de qualidades. Seguindo Casey (2000), afirmo que os lugares foram absorvidos pelo espaço neutro e homogêneo da ciência moderna, dificultando nossa noção e percepção dos lugares e aprofundando a crise ecológica. Ao final, proponho que a reapropriação social dos lugares seja uma das tarefas da Educação Ambiental. |
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