O Bairro Getúlio Vargas e a grande faxina dos anos 70: consequências socioambientais e Educação Ambiental na remoção de moradias durante a expansão portuária (Rio Grande - RS)
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2012 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da FURG (RI FURG) |
Texto Completo: | http://repositorio.furg.br/handle/1/8624 |
Resumo: | Nesta dissertação, analisamos a problemática das remoções de moradias do Bairro Getúlio Vargas entre os anos de 1971 e 1973, motivadas pela expansão das atividades portuárias na cidade do Rio Grande, tendo em vista compreender como os diferentes atores se pronunciaram sobre estes acontecimentos. Buscamos apreender as conseqüências imediatas deste processo aos moradores deslocados para novos ou recém-criados bairros da cidade. Do ponto de vista de nossos referenciais teóricos, utilizamos o entendimento de que o território é constituído numa relação de interdependência entre os humanos e o seu ambiente e delimitado através de relações de poder na atuação de diversos sujeitos no controle de determinado espaço, que também é permeado de todo um modo de vida compartilhado por dada comunidade. Ao se organizar territorialmente, a sociedade cria padrões de ocupação e uso de seus recursos e eventualmente adentra em processos de "segregação espacial" entre grupos conforme os usos e os sentidos de que os mesmos estão imbuídos. Nesta digressão histórica, buscamos realizar uma leitura de Rio Grande considerando a vida emergente das contradições sociais entre seus sujeitos, que portam diferentes conteúdos em suas concepções e formas de apropriação e uso dos recursos. Desse modo, sob a ótica do materialismo histórico, nos utilizamos de diversas fontes históricas: notícias da imprensa escrita, documentos oficiais do porto e entrevista com uma de suas autoridades da época, numa análise que compreende o papel da História em nos auxiliar no entendimento de problemas do tempo presente através de um exame crítico das lições colocadas pelo passado, nos qualificando para a adoção de posturas e ações diante de um tema ainda candente nos debates em nosso município. Neste sentido, elaboramos este estudo numa estrutura de três capítulos consecutivos e articulados entre si. No primeiro, argumentamos sobre a importância dos portos no processo da globalização econômica, e ainda, os antecedentes das contradições históricas vivenciadas, de forma recorrente, por moradores da zona portuária de Rio Grande. No segundo, realizamos uma síntese sobre a ocupação do Bairro Getúlio Vargas no século XX até o início dos anos setenta, quando se consolida um território em que os moradores partilham seus trajetos, costumes e uma vida comum. No terceiro, são analisados os discursos da imprensa, dos vereadores e do responsável mais direto pela remoção das moradias para, através dos diferentes pronunciamentos sobre estes acontecimentos, compreender as contradições mais visíveis e imediatas sofridas pelos moradores à época. Evidenciamos que a remoção das moradias do BGV no início da década de 1970 consistiu um processo marcado por contradições que configurou um cenário de segregação espacial, desenraizamento cultural e precarização das condições socioambientais daqueles moradores. Assim, apontamos para uma mudança na forma com que os educadores e gestores ambientais poderão conceber e praticar futuros eventuais processos de remoção de casas em áreas portuárias, de modo a considerar os moradores como portadores do direito ao desfrute de seus territórios. Isto porque, à luz de uma Educação Ambiental crítica e transformadora, conceber e praticar a vida em seus diversos contextos socioambientais é o mesmo que garantir e respeitar o direito das populações desenvolverem livremente suas potencialidades numa perspectiva de participação e cidadania plena que contribua à emergência gradativa de um novo modelo civilizatório. |
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O Bairro Getúlio Vargas e a grande faxina dos anos 70: consequências socioambientais e Educação Ambiental na remoção de moradias durante a expansão portuária (Rio Grande - RS)Remoção de moradiasBairro Getúlio VargasHistóriaEducação ambientalRemoval of housingNeighborhood VargasHiatoryEnvironmental educationNesta dissertação, analisamos a problemática das remoções de moradias do Bairro Getúlio Vargas entre os anos de 1971 e 1973, motivadas pela expansão das atividades portuárias na cidade do Rio Grande, tendo em vista compreender como os diferentes atores se pronunciaram sobre estes acontecimentos. Buscamos apreender as conseqüências imediatas deste processo aos moradores deslocados para novos ou recém-criados bairros da cidade. Do ponto de vista de nossos referenciais teóricos, utilizamos o entendimento de que o território é constituído numa relação de interdependência entre os humanos e o seu ambiente e delimitado através de relações de poder na atuação de diversos sujeitos no controle de determinado espaço, que também é permeado de todo um modo de vida compartilhado por dada comunidade. Ao se organizar territorialmente, a sociedade cria padrões de ocupação e uso de seus recursos e eventualmente adentra em processos de "segregação espacial" entre grupos conforme os usos e os sentidos de que os mesmos estão imbuídos. Nesta digressão histórica, buscamos realizar uma leitura de Rio Grande considerando a vida emergente das contradições sociais entre seus sujeitos, que portam diferentes conteúdos em suas concepções e formas de apropriação e uso dos recursos. Desse modo, sob a ótica do materialismo histórico, nos utilizamos de diversas fontes históricas: notícias da imprensa escrita, documentos oficiais do porto e entrevista com uma de suas autoridades da época, numa análise que compreende o papel da História em nos auxiliar no entendimento de problemas do tempo presente através de um exame crítico das lições colocadas pelo passado, nos qualificando para a adoção de posturas e ações diante de um tema ainda candente nos debates em nosso município. Neste sentido, elaboramos este estudo numa estrutura de três capítulos consecutivos e articulados entre si. No primeiro, argumentamos sobre a importância dos portos no processo da globalização econômica, e ainda, os antecedentes das contradições históricas vivenciadas, de forma recorrente, por moradores da zona portuária de Rio Grande. No segundo, realizamos uma síntese sobre a ocupação do Bairro Getúlio Vargas no século XX até o início dos anos setenta, quando se consolida um território em que os moradores partilham seus trajetos, costumes e uma vida comum. No terceiro, são analisados os discursos da imprensa, dos vereadores e do responsável mais direto pela remoção das moradias para, através dos diferentes pronunciamentos sobre estes acontecimentos, compreender as contradições mais visíveis e imediatas sofridas pelos moradores à época. Evidenciamos que a remoção das moradias do BGV no início da década de 1970 consistiu um processo marcado por contradições que configurou um cenário de segregação espacial, desenraizamento cultural e precarização das condições socioambientais daqueles moradores. Assim, apontamos para uma mudança na forma com que os educadores e gestores ambientais poderão conceber e praticar futuros eventuais processos de remoção de casas em áreas portuárias, de modo a considerar os moradores como portadores do direito ao desfrute de seus territórios. Isto porque, à luz de uma Educação Ambiental crítica e transformadora, conceber e praticar a vida em seus diversos contextos socioambientais é o mesmo que garantir e respeitar o direito das populações desenvolverem livremente suas potencialidades numa perspectiva de participação e cidadania plena que contribua à emergência gradativa de um novo modelo civilizatório.In this dissertation, we analyze the problem of housing removals of the Getúlio Vargas neighborhood between 1971 and 1973, driven by the expansion of port activities in the city of Rio Grande, in order to understand how different actors have spoken about these events. We seek to understand the most immediate consequences of this process to the residents that moved to new or newly created districts of the city. From the viewpoint of our theoretical framework, we use the understanding that the territory consists of an interdependent relationship between humans and their environment and it´s defined by power relations in the performance of several subjects in the control of some space, which is also permeated of a whole way of life shared by a given community. When you organize territorially, society creates patterns of occupation and use their resources and eventually enters into processes of "segregation" between groups, according to the uses and meanings of which they are imbued. In this historical digression, we made a reading of Rio Grande considering the life that emerges of social contradictions among his subjects, who hold different views on their contents and forms of ownership and use of resources. Thus, from the standpoint of historical materialism, we used many historical sources: news from newspapers, official documents of the harbor and one interview with authorities of the time, an analysis that includes the role of history about helping us in understanding problems of our time through a critical examination of the lessons given by the past in qualifying for the adoption of attitudes and actions on a point that stills burning in the discussions in our county. In this sense, this study was elaborated in a structure of three consecutive and interconnected chapters. At first, we argue about the importance of ports in the process of economic globalization, and also the background of the historical contradictions experienced, on a recurring basis by residents of the port area of Rio Grande. In the second, we performed a synthesis of the occupation of the district Vargas in the twentieth century until the early seventies, when consolidating a territory where residents share their routes, itineraries and a common life. In the third, analyzes the speeches of the press, the council and more direct responsibility for the removal of houses, by means of different statements about these events, to understand the more visible and immediate contradictions at the time suffered by the residents. We show that removal of the villas at BGV in the early 1970 consisted of a process marked by contradictions that set up a scenario of spatial segregation, cultural rootlessness and instability of social and environmental conditions of those residents. Thus, we point to a change in the way that educators and environmental managers can devise and practice any future removal processes homes in port areas, in order to consider the residents as having the right to enjoy their territories. This is because, in light of a critical and manufacturing environmental education, designing and practicing life in its various social and environmental contexts is the same than ensure and respect the right of people freely develop their potential with a view to full participation and citizenship that contributes to the gradual emergence a new model of civilization.Machado, Carlos Roberto da SilvaCipriano, Diego Mendes2020-04-17T18:48:30Z2020-04-17T18:48:30Z2012info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfCIPRIANO, Diego Mendes. O Bairro Getúlio Vargas e a grande faxina dos anos 70: consequências socioambientais e Educação Ambiental na remoção de moradias durante a expansão portuária (Rio Grande - RS). 2012. Dissertação (Mestrado em Educação Ambiental) - Faculdade de Educação Ambiental. Universidade Federal do Rio Grande, 2012.http://repositorio.furg.br/handle/1/8624porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FURG (RI FURG)instname:Universidade Federal do Rio Grande (FURG)instacron:FURG2020-04-17T18:48:30Zoai:repositorio.furg.br:1/8624Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.furg.br/oai/request || http://200.19.254.174/oai/requestopendoar:2020-04-17T18:48:30Repositório Institucional da FURG (RI FURG) - Universidade Federal do Rio Grande (FURG)false |
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Nesta dissertação, analisamos a problemática das remoções de moradias do Bairro Getúlio Vargas entre os anos de 1971 e 1973, motivadas pela expansão das atividades portuárias na cidade do Rio Grande, tendo em vista compreender como os diferentes atores se pronunciaram sobre estes acontecimentos. Buscamos apreender as conseqüências imediatas deste processo aos moradores deslocados para novos ou recém-criados bairros da cidade. Do ponto de vista de nossos referenciais teóricos, utilizamos o entendimento de que o território é constituído numa relação de interdependência entre os humanos e o seu ambiente e delimitado através de relações de poder na atuação de diversos sujeitos no controle de determinado espaço, que também é permeado de todo um modo de vida compartilhado por dada comunidade. Ao se organizar territorialmente, a sociedade cria padrões de ocupação e uso de seus recursos e eventualmente adentra em processos de "segregação espacial" entre grupos conforme os usos e os sentidos de que os mesmos estão imbuídos. Nesta digressão histórica, buscamos realizar uma leitura de Rio Grande considerando a vida emergente das contradições sociais entre seus sujeitos, que portam diferentes conteúdos em suas concepções e formas de apropriação e uso dos recursos. Desse modo, sob a ótica do materialismo histórico, nos utilizamos de diversas fontes históricas: notícias da imprensa escrita, documentos oficiais do porto e entrevista com uma de suas autoridades da época, numa análise que compreende o papel da História em nos auxiliar no entendimento de problemas do tempo presente através de um exame crítico das lições colocadas pelo passado, nos qualificando para a adoção de posturas e ações diante de um tema ainda candente nos debates em nosso município. Neste sentido, elaboramos este estudo numa estrutura de três capítulos consecutivos e articulados entre si. No primeiro, argumentamos sobre a importância dos portos no processo da globalização econômica, e ainda, os antecedentes das contradições históricas vivenciadas, de forma recorrente, por moradores da zona portuária de Rio Grande. No segundo, realizamos uma síntese sobre a ocupação do Bairro Getúlio Vargas no século XX até o início dos anos setenta, quando se consolida um território em que os moradores partilham seus trajetos, costumes e uma vida comum. No terceiro, são analisados os discursos da imprensa, dos vereadores e do responsável mais direto pela remoção das moradias para, através dos diferentes pronunciamentos sobre estes acontecimentos, compreender as contradições mais visíveis e imediatas sofridas pelos moradores à época. Evidenciamos que a remoção das moradias do BGV no início da década de 1970 consistiu um processo marcado por contradições que configurou um cenário de segregação espacial, desenraizamento cultural e precarização das condições socioambientais daqueles moradores. Assim, apontamos para uma mudança na forma com que os educadores e gestores ambientais poderão conceber e praticar futuros eventuais processos de remoção de casas em áreas portuárias, de modo a considerar os moradores como portadores do direito ao desfrute de seus territórios. Isto porque, à luz de uma Educação Ambiental crítica e transformadora, conceber e praticar a vida em seus diversos contextos socioambientais é o mesmo que garantir e respeitar o direito das populações desenvolverem livremente suas potencialidades numa perspectiva de participação e cidadania plena que contribua à emergência gradativa de um novo modelo civilizatório. |
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