Variabilidade e tendências de longo período das massas de água do Estreito de Bransfield, Antártica
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da FURG (RI FURG) |
Texto Completo: | http://repositorio.furg.br/handle/1/9905 |
Resumo: | O Estreito de Bransfield, localizado no oeste da Península Antártica – região considerada como hotspot climático, possui interesse científico devido tanto à complexidade de massas de águas que impõem as características termohalinas da região, quanto à alta biomassa que se desenvolve no Estreito. Mudanças de longo período nas propriedades hidrográficas da região já foram reportadas, porém todos os estudos até então fizeram uso de séries temporais esparsas ou trabalharam com massas de água específicas. Através de uma nova compilação de dados hidrográficos recentes (1960s–2014), o presente estudo teve como objetivo analisar aspectos da variabilidade espacial e temporal de longo período das propriedades hidrográficas do Estreito de Bransfield para toda a coluna de água e nas diferentes bacias hidrográficas do Estreito. O estrato superficial (densidade neutra ≤ 27,90 kg m–3) apresentou aquecimento e aumento da salinidade ao longo do período. Diferentemente, os estratos intermediários (27,90 kg m–3 < densidade neutra ≤ 28,27 kg m–3) e profundos (densidade neutra > 28,27 kg m–3) apresentaram uma diminuição da temperatura, salinidade e densidade, enquanto que a concentração de oxigênio dissolvido pouco se alterou. Os resultados da camada profunda indicam que a variabilidade das massas de água de plataforma oriundas do mar de Weddell foram as principais causas das tendências observadas. Os resultados mostram que a partir do ano de 2009 houve uma forte reversão das tendências de salinidade e densidade neutra para as camadas intermediária e profunda. Esta reversão dos sinais foi associada primeiramente ao aumento da concentração de gelo marinho na região noroeste do mar de Weddell, o qual favoreceu a salinização das águas de plataforma naquela região. Além disso, uma mudança no padrão dos ventos na extremidade da Península Antártica deve ter favorecido a entrada dessas águas de plataforma oriundas do Mar de Weddell para o interior do Estreito de Bransfield. Não é possível prever quanto tempo vai durar o processo de aumento da salinidade das águas do Estreito de Bransfield. Entretanto, a variação causada até 2014 fez com que os valores de salinidade 13 atingissem novamente os valores de 1990, após 25 anos observados de diminuição de salinidade (diluição). Como o aumento de gelo marinho vem sendo reportado em outras áreas ao redor da Antártica, é possível que mais regiões estejam passando por processo semelhante. Finalmente, o efeito dessas alterações de salinidade e de densidade sobre a célula de recirculação global ainda é uma pergunta que permanece em aberto. |
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O Estreito de Bransfield, localizado no oeste da Península Antártica – região considerada como hotspot climático, possui interesse científico devido tanto à complexidade de massas de águas que impõem as características termohalinas da região, quanto à alta biomassa que se desenvolve no Estreito. Mudanças de longo período nas propriedades hidrográficas da região já foram reportadas, porém todos os estudos até então fizeram uso de séries temporais esparsas ou trabalharam com massas de água específicas. Através de uma nova compilação de dados hidrográficos recentes (1960s–2014), o presente estudo teve como objetivo analisar aspectos da variabilidade espacial e temporal de longo período das propriedades hidrográficas do Estreito de Bransfield para toda a coluna de água e nas diferentes bacias hidrográficas do Estreito. O estrato superficial (densidade neutra ≤ 27,90 kg m–3) apresentou aquecimento e aumento da salinidade ao longo do período. Diferentemente, os estratos intermediários (27,90 kg m–3 < densidade neutra ≤ 28,27 kg m–3) e profundos (densidade neutra > 28,27 kg m–3) apresentaram uma diminuição da temperatura, salinidade e densidade, enquanto que a concentração de oxigênio dissolvido pouco se alterou. Os resultados da camada profunda indicam que a variabilidade das massas de água de plataforma oriundas do mar de Weddell foram as principais causas das tendências observadas. Os resultados mostram que a partir do ano de 2009 houve uma forte reversão das tendências de salinidade e densidade neutra para as camadas intermediária e profunda. Esta reversão dos sinais foi associada primeiramente ao aumento da concentração de gelo marinho na região noroeste do mar de Weddell, o qual favoreceu a salinização das águas de plataforma naquela região. Além disso, uma mudança no padrão dos ventos na extremidade da Península Antártica deve ter favorecido a entrada dessas águas de plataforma oriundas do Mar de Weddell para o interior do Estreito de Bransfield. Não é possível prever quanto tempo vai durar o processo de aumento da salinidade das águas do Estreito de Bransfield. Entretanto, a variação causada até 2014 fez com que os valores de salinidade 13 atingissem novamente os valores de 1990, após 25 anos observados de diminuição de salinidade (diluição). Como o aumento de gelo marinho vem sendo reportado em outras áreas ao redor da Antártica, é possível que mais regiões estejam passando por processo semelhante. Finalmente, o efeito dessas alterações de salinidade e de densidade sobre a célula de recirculação global ainda é uma pergunta que permanece em aberto. |
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