Morfodinâmica das praias arenosas e riscos costeiros do setor leste da Ilha da Trindade, ES

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pinheiro, Yuri Gomes
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FURG (RI FURG)
Texto Completo: http://repositorio.furg.br/handle/1/9850
Resumo: A ilha oceânica da Trindade faz parte de uma grande cadeia vulcânica submarina denominada Vitoria-Trindade, pertencente ao estado do Espírito Santo. As diferentes composições granulométricas e mineralógicas e grau de exposição das praias ao regime hidrodinâmico bem como a presença de terraços de recifes de algas calcárias na zona de arrebentação e arenitos de praia (beach rocks) no estirâncio (face da praia) condicionam ambientes distintos entre si. Para análise das variações morfodinâmicas e os riscos associados às praias que compõem o segmento leste da ilha foi realizado o monitoramento costeiro por meio de observações visuais, coleta de sedimentos em conjunto de perfis topográficos transversais, além do fundeio de um ADV (Acoustic Doppler Velocimeter) a 10 m de profundidade na enseada dos Portugueses para determinação das condições hidrodinâmicas, tendo em vista a escassez de dados de ondas incidentes em águas rasas. Foi utilizado o enfoque da escola australiana de geomorfologia costeira para as caracterizações morfodinâmicas. Para compreensão do comportamento hidrodinâmico em águas rasas foram realizadas simulações de propagação de ondas de águas profundas com base no banco de dados do NOAA Wave Watch III utilizando o modelo SWAN, para os anos de 2013 e 2014. Os ambientes selecionados para o levantamento foram as praias: Cabritos, Calheta, Andradas, Tartarugas e Vermelha, na porção oriental da ilha. Um estudo de caso foi realizado nos principais pontos de ocorrência de acidentes envolvendo óbitos (Pedra do Xaréu, Pedra da Garoupa, Praia do Eme e Ponta Norte). As simulações mostraram distintos padrões hidrodinâmicos em águas rasas entre os sistemas em consequencia da batimetria offshore e configuração das baías. Os resultados indicam como mais energética a praia Vermelha na porção sudeste da ilha, e, a de mais baixa energia, a praia da Calheta na porção central. O estudo caracterizou os diferentes sistemas praiais quanto a sua variabilidade, identificando como mais sensíveis a processos de erosão/acresção as praias da Calheta e Vermelha (σγb = 3,14 e 1,51m e CV = 5,82 e 3,20%, respectivamente) em razão da ausência de estruturas na zona de arrebentação, seguido da Andradas, Cabritos e Tartarugas com valores inferiores de σγb (0,67 a 0,77m) e CV (0,16 a 1,36%) em consequência da presença do recife. Foi identificado ciclicidade no comportamento morfológico nos diferentes sistemas praiais, representado pelo aumento do volume sedimentar nos meses de verão com posterior perda no período de inverno, evidenciando a troca de sedimento entre praia emersa e submersa. As alterações morfológicas ocorreram principalmente na face de praia e pós-praia inferior, como desenvolvimento de berma e exposição de rochas, relacionadas às variações nos níveis de energia. As análises das condições hidrodinâmicas em associação ao comportamento da morfologia permitiram verificar os principais riscos costeiros associados a cada ambiente, identificando como de maior grau de periculosidade as praias Vermelha e Tartarugas, seguido de Andradas, Cabritos e Calheta. Os resultados do estudo de caso mostraram condições altamente energéticas para os pontos de ocorrência de acidentes. A análise morfodinâmica além de contribuir na gestão e planejamento, permitiu propor medidas preventivas à segurança de praia e ações para minimizar os riscos associados aos processos oceanográficos e geomorfológicos desses ecossistemas.
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