A penalidade da maternidade no mercado de trabalho brasileiro: uma análise dos efeitos de idade, período e coorte e dos diferenciais socioeconômicos entre mulheres com e sem filhos
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Comum do Brasil - Deposita |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1843/51390 https://deposita.ibict.br/handle/deposita/346 |
Resumo: | O objetivo desta tese é analisar, em uma perspectiva comparativa, mulheres com e sem filhos no mercado de trabalho brasileiro. Especificamente, o trabalho se propõe a i) investigar os efeitos de idade, período e coorte sobre o rendimento/hora e a taxa de participação de mães e não mães; ii) decompor o diferencial do rendimento médio de ambos os grupos, a fim de separar a parcela explicada pelas características produtivas daquela não explicada pelos atributos; iii) realizar este mesmo exercício de decomposição para quantis da distribuição salarial. A base de dados utilizada em todo o trabalho foi a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). A fim de cumprir o primeiro objetivo, foram estimados modelos Idade-Período-Coorte (IPC) para mulheres com idade entre 25 e 48 anos, utilizando-se as pesquisas de 1992 a 2015. Para os outros dois objetivos, aplicou-se os modelos de Oaxaca-Blinder e de Firpo, Fortin e Lemieux (2009, 2018) para a decomposição do hiato salarial entre mães e não mães com idades entre 25 e 34 anos e entre 35 e 44 anos no ano de 2015. No que tange o primeiro objetivo, a análise descritiva dos padrões de idade, período e coorte revelou a existência de uma penalidade da maternidade ao longo de todo o intervalo etário analisado. Contudo, as diferenças entre mães e não mães foram atenuadas em idades mais avançadas, devido a uma melhora dos indicadores das mães, e por um efeito de seletividade ocasionado pela migração de mulheres sem filhos para o grupo com filhos, de modo que o primeiro se torna menor e com características cada vez mais específicas. Os resultados dos modelos IPC mostraram maior importância dos efeitos de idade e de período sobre o rendimento/hora e a taxa de participação de mulheres com e sem filhos, embora outras combinações das três dimensões tenham se mostrado relevantes, como idade e coorte, para a taxa de participação e período e coorte, para o rendimento/hora. A respeito dos modelos de decomposição para o rendimento médio e quantis, os resultados indicaram que os atributos de mães e não mães explicam a maior parte do diferencial de rendimentos entre os dois grupos. Os diferenciais de escolaridade, horas dedicadas aos afazeres domésticos e posição na ocupação constituíram as principais contribuições das características, enquanto a idade e a presença de cônjuge no domicílio exerceram efeito atenuante. Para as decomposições quantílicas, constatou-se maior penalidade da maternidade no topo da distribuição, que se justifica pelo elevado custo de oportunidade para as mulheres de alta renda, juntamente com a rigidez salarial na porção inferior da distribuição, acarretada pelo salário mínimo. A respeito da perspectiva etária, observou-se uma ligeira redução do diferencial de rendimentos entre mães e não mães no grupo de idade mais velho comparativamente ao mais jovem. Conclui-se, a partir dos resultados, que estudos adicionais sobre o fenômeno de childlessness no Brasil são necessários a fim de melhor compreender o perfil das mulheres sem filhos. Além disso, ressalta-se a necessidade do compartilhamento das tarefas de cuidado para que as mães tenham condições de investir na aquisição de capital humano, inclusive com a participação do setor público, a partir de políticas como a maior provisão de serviços de creche. |
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A fim de cumprir o primeiro objetivo, foram estimados modelos Idade-Período-Coorte (IPC) para mulheres com idade entre 25 e 48 anos, utilizando-se as pesquisas de 1992 a 2015. Para os outros dois objetivos, aplicou-se os modelos de Oaxaca-Blinder e de Firpo, Fortin e Lemieux (2009, 2018) para a decomposição do hiato salarial entre mães e não mães com idades entre 25 e 34 anos e entre 35 e 44 anos no ano de 2015. No que tange o primeiro objetivo, a análise descritiva dos padrões de idade, período e coorte revelou a existência de uma penalidade da maternidade ao longo de todo o intervalo etário analisado. Contudo, as diferenças entre mães e não mães foram atenuadas em idades mais avançadas, devido a uma melhora dos indicadores das mães, e por um efeito de seletividade ocasionado pela migração de mulheres sem filhos para o grupo com filhos, de modo que o primeiro se torna menor e com características cada vez mais específicas. Os resultados dos modelos IPC mostraram maior importância dos efeitos de idade e de período sobre o rendimento/hora e a taxa de participação de mulheres com e sem filhos, embora outras combinações das três dimensões tenham se mostrado relevantes, como idade e coorte, para a taxa de participação e período e coorte, para o rendimento/hora. A respeito dos modelos de decomposição para o rendimento médio e quantis, os resultados indicaram que os atributos de mães e não mães explicam a maior parte do diferencial de rendimentos entre os dois grupos. Os diferenciais de escolaridade, horas dedicadas aos afazeres domésticos e posição na ocupação constituíram as principais contribuições das características, enquanto a idade e a presença de cônjuge no domicílio exerceram efeito atenuante. Para as decomposições quantílicas, constatou-se maior penalidade da maternidade no topo da distribuição, que se justifica pelo elevado custo de oportunidade para as mulheres de alta renda, juntamente com a rigidez salarial na porção inferior da distribuição, acarretada pelo salário mínimo. A respeito da perspectiva etária, observou-se uma ligeira redução do diferencial de rendimentos entre mães e não mães no grupo de idade mais velho comparativamente ao mais jovem. Conclui-se, a partir dos resultados, que estudos adicionais sobre o fenômeno de childlessness no Brasil são necessários a fim de melhor compreender o perfil das mulheres sem filhos. Além disso, ressalta-se a necessidade do compartilhamento das tarefas de cuidado para que as mães tenham condições de investir na aquisição de capital humano, inclusive com a participação do setor público, a partir de políticas como a maior provisão de serviços de creche.The objective of this thesis is to analyze, in a comparative perspective, women with and without children in the Brazilian labor market. Specifically, the work aims to i) investigate age, period and cohort effects on hourly wages and labor participation rate of mothers and non-mothers; ii) decompose the average hourly wages gap of both groups, in order to separate the portion explained by productive characteristics from that not explained by attributes; iii) carry out this same decomposition exercise for quantiles of wages distribution. The database used throughout the work was the National Household Sample Survey (PNAD). In order to fulfill the first objective, AgePeriod-Cohort (APC) models were estimated for women aged between 25 and 48 years old, using data from 1992 to 2015. For the other two objectives, it was applied Oaxaca-Blinder and Firpo, Fortin and Lemieux (2009, 2018) models for the decomposition of the wage gap between mothers and non-mothers aged between 25 and 34 years old and between 35 and 44 years old in 2015. Regarding the first objective, the descriptive analysis of age, period and cohort patterns revealed the existence of a motherhood penalty throughout the analyzed age range. However, differences between mothers and non-mothers were attenuated at more advanced ages, due to an improvement in the indicators of mothers, and due to a selectivity effect caused by the migration of women without children to the group with children, in such way that the former group becomes smaller and with specific characteristics. The results of the APC models showed greater importance of age and period effects on hourly wages and labor participation rate of women with and without children, although other combinations of the three dimensions have been found to be relevant, such as age and cohort for labor participation rate, and period and cohort for hourly wages. Regarding the decomposition models for the average wages and quantiles, the results indicated that the attributes of mothers and non-mothers explain most of the income differential between the two groups. Differentials in schooling, weekly hours devoted to household chores and position in occupation constituted the main contributions of the characteristics, while age and the presence of a spouse in household exerted a mitigating effect. For the quantile decompositions, it was observed a greater motherhood penalty at the top of the distribution, which is justified by the higher opportunity cost for high-income women, and the wage rigidity in the lower portion of distribution caused by the minimum wage. In relation to the age perspective, there was a slight reduction in the wage gap between mothers and non-mothers in the oldest age group compared to the youngest. Based on the results, it is concluded that additional studies on childlessness phenomenon in Brazil are necessary in order to better understand the profile of childless women. In addition, it is highlighted the need to share care tasks, so mothers can invest in human capital acquisition, with the participation of public sector, applying policies such as the greater provision of day care services.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)Centro de Planejamento e Desenvolvimento Regional (CEDEPLAR)BrasilPrograma de Pós Graduação em DemografiaWajnman, SimoneRamalho Guedes, GilvanSilva Pimenta, Iracy2023-06-07T18:26:10Z2022info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/1843/51390https://deposita.ibict.br/handle/deposita/346porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Comum do Brasil - Depositainstname:Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict)instacron:IBICT2023-06-07T18:26:10Zoai:https://deposita.ibict.br:deposita/346Repositório ComumPUBhttp://deposita.ibict.br/oai/requestdeposita@ibict.bropendoar:46582023-06-07T18:26:10Repositório Comum do Brasil - Deposita - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict)false |
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