A gestão da fauna silvestre a partir das mudanças nos modos de vida açoriano em uma lagoa costeira do Sul do Brasil (1957-2004)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: De Freitas, Rodrigo Rodrigues
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Biodiversidade Brasileira
Texto Completo: https://revistaeletronica.icmbio.gov.br/BioBR/article/view/810
Resumo: Este artigo fornece subsídios para as políticas públicas no tratamento da caça, por meio de uma análise das mudanças nos modos de vida açoriano e nas instituições de apropriação e uso dos recursos faunísticos ocorridas na Paisagem da Lagoa de Ibiraquera (PLI, Estado de Santa Catarina), desde a década de 1950 até 2004. Foram mobilizadas variáveis espaciais que evidenciam as mudanças na paisagem e realizados inventários (avifauna e mastofauna) e entrevistas (abertas e semiestruturadas). As práticas de caça foram registradas para 68 espécies da fauna silvestre atuais e extintas da PLI, incluindo 46 aves, 19 mamíferos de médio e grande porte e 3 répteis. Essas práticas foram correlacionadas com as percepções e com as normas locais e legais de manejo da fauna silvestre. Colonizada em 1880, até a década de 1950, a maior parte da fauna silvestre da PLI já havia desaparecido, permanecendo somente espécies de hábitos generalistas. Até o final da década de 1970, a caça foi a principal responsável pela extinção local de três espécies de mamíferos de médio porte, quando os incentivos, regras e práticas dos pescadores-agricultores frente à fauna silvestre começam a legitimar a proibição da caça para maior parte das espécies. São propostos três fatores que explicam a diminuição da caça: (i) ao aumento da área urbanizada e redução da área agrícola; (ii) a apropriação privada e cercamento dos espaços e; (iii) maior fiscalização do estado. Sugerimos que a análise histórica e integrada das mudanças na caça e nos habitats das espécies cinegéticas pode suscitar formas criativas e participativas de gerir a fauna silvestre com responsabilidades e benefícios compartilhados entre estado e sociedade civil.
id ICMBIO-1_6680ad9d2125cc2458cf3e59e629d8e1
oai_identifier_str oai:revistaeletronica.icmbio.gov.br:article/810
network_acronym_str ICMBIO-1
network_name_str Biodiversidade Brasileira
repository_id_str
spelling A gestão da fauna silvestre a partir das mudanças nos modos de vida açoriano em uma lagoa costeira do Sul do Brasil (1957-2004) A gestão da fauna silvestre a partir das mudanças nos modos de vida açoriano em uma lagoa costeira do Sul do Brasil (1957-2004) A gestão da fauna silvestre a partir das mudanças nos modos de vida açoriano em uma lagoa costeira do Sul do Brasil (1957-2004) Este artigo fornece subsídios para as políticas públicas no tratamento da caça, por meio de uma análise das mudanças nos modos de vida açoriano e nas instituições de apropriação e uso dos recursos faunísticos ocorridas na Paisagem da Lagoa de Ibiraquera (PLI, Estado de Santa Catarina), desde a década de 1950 até 2004. Foram mobilizadas variáveis espaciais que evidenciam as mudanças na paisagem e realizados inventários (avifauna e mastofauna) e entrevistas (abertas e semiestruturadas). As práticas de caça foram registradas para 68 espécies da fauna silvestre atuais e extintas da PLI, incluindo 46 aves, 19 mamíferos de médio e grande porte e 3 répteis. Essas práticas foram correlacionadas com as percepções e com as normas locais e legais de manejo da fauna silvestre. Colonizada em 1880, até a década de 1950, a maior parte da fauna silvestre da PLI já havia desaparecido, permanecendo somente espécies de hábitos generalistas. Até o final da década de 1970, a caça foi a principal responsável pela extinção local de três espécies de mamíferos de médio porte, quando os incentivos, regras e práticas dos pescadores-agricultores frente à fauna silvestre começam a legitimar a proibição da caça para maior parte das espécies. São propostos três fatores que explicam a diminuição da caça: (i) ao aumento da área urbanizada e redução da área agrícola; (ii) a apropriação privada e cercamento dos espaços e; (iii) maior fiscalização do estado. Sugerimos que a análise histórica e integrada das mudanças na caça e nos habitats das espécies cinegéticas pode suscitar formas criativas e participativas de gerir a fauna silvestre com responsabilidades e benefícios compartilhados entre estado e sociedade civil.Este artigo fornece subsídios para as políticas públicas no tratamento da caça, por meio de uma análise das mudanças nos modos de vida açoriano e nas instituições de apropriação e uso dos recursos faunísticos ocorridas na Paisagem da Lagoa de Ibiraquera (PLI, Estado de Santa Catarina), desde a década de 1950 até 2004. Foram mobilizadas variáveis espaciais que evidenciam as mudanças na paisagem e realizados inventários (avifauna e mastofauna) e entrevistas (abertas e semiestruturadas). As práticas de caça foram registradas para 68 espécies da fauna silvestre atuais e extintas da PLI, incluindo 46 aves, 19 mamíferos de médio e grande porte e 3 répteis. Essas práticas foram correlacionadas com as percepções e com as normas locais e legais de manejo da fauna silvestre. Colonizada em 1880, até a década de 1950, a maior parte da fauna silvestre da PLI já havia desaparecido, permanecendo somente espécies de hábitos generalistas. Até o final da década de 1970, a caça foi a principal responsável pela extinção local de três espécies de mamíferos de médio porte, quando os incentivos, regras e práticas dos pescadores-agricultores frente à fauna silvestre começam a legitimar a proibição da caça para maior parte das espécies. São propostos três fatores que explicam a diminuição da caça: (i) ao aumento da área urbanizada e redução da área agrícola; (ii) a apropriação privada e cercamento dos espaços e; (iii) maior fiscalização do estado. Sugerimos que a análise histórica e integrada das mudanças na caça e nos habitats das espécies cinegéticas pode suscitar formas criativas e participativas de gerir a fauna silvestre com responsabilidades e benefícios compartilhados entre estado e sociedade civil.Este artigo fornece subsídios para as políticas públicas no tratamento da caça, por meio de uma análise das mudanças nos modos de vida açoriano e nas instituições de apropriação e uso dos recursos faunísticos ocorridas na Paisagem da Lagoa de Ibiraquera (PLI, Estado de Santa Catarina), desde a década de 1950 até 2004. Foram mobilizadas variáveis espaciais que evidenciam as mudanças na paisagem e realizados inventários (avifauna e mastofauna) e entrevistas (abertas e semiestruturadas). As práticas de caça foram registradas para 68 espécies da fauna silvestre atuais e extintas da PLI, incluindo 46 aves, 19 mamíferos de médio e grande porte e 3 répteis. Essas práticas foram correlacionadas com as percepções e com as normas locais e legais de manejo da fauna silvestre. Colonizada em 1880, até a década de 1950, a maior parte da fauna silvestre da PLI já havia desaparecido, permanecendo somente espécies de hábitos generalistas. Até o final da década de 1970, a caça foi a principal responsável pela extinção local de três espécies de mamíferos de médio porte, quando os incentivos, regras e práticas dos pescadores-agricultores frente à fauna silvestre começam a legitimar a proibição da caça para maior parte das espécies. São propostos três fatores que explicam a diminuição da caça: (i) ao aumento da área urbanizada e redução da área agrícola; (ii) a apropriação privada e cercamento dos espaços e; (iii) maior fiscalização do estado. Sugerimos que a análise histórica e integrada das mudanças na caça e nos habitats das espécies cinegéticas pode suscitar formas criativas e participativas de gerir a fauna silvestre com responsabilidades e benefícios compartilhados entre estado e sociedade civil.Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)2023-05-09info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://revistaeletronica.icmbio.gov.br/BioBR/article/view/81010.37002/biodiversidadebrasileira.v8i2.810Biodiversidade Brasileira ; v. 8 n. 2 (2018): Caça: Subsídios para a Gestão de Unidades de Conservação e o Manejo de Espécies (n. 2); 163-186Biodiversidade Brasileira ; Vol. 8 No. 2 (2018): Caça: Subsídios para a Gestão de Unidades de Conservação e Manejo de Espécies ; 163-186Biodiversidade Brasileira ; Vol. 8 Núm. 2 (2018): Caça: Subsídios para a Gestão de Unidades de Conservação e o Manejo de Espécies (n. 2); 163-1862236-288610.37002/biodiversidadebrasileira.v8i2reponame:Biodiversidade Brasileirainstname:Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO)instacron:ICMBIOporhttps://revistaeletronica.icmbio.gov.br/BioBR/article/view/810/614Copyright (c) 2021 Biodiversidade Brasileira - BioBrasilhttps://creativecommons.org/licenses/by/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessDe Freitas, Rodrigo Rodrigues2023-06-07T17:39:47Zoai:revistaeletronica.icmbio.gov.br:article/810Revistahttps://revistaeletronica.icmbio.gov.br/BioBRPUBhttps://revistaeletronica.icmbio.gov.br/BioBR/oaifernanda.oliveto@icmbio.gov.br || katia.ribeiro@icmbio.gov.br2236-28862236-2886opendoar:2023-06-07T17:39:47Biodiversidade Brasileira - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO)false
dc.title.none.fl_str_mv A gestão da fauna silvestre a partir das mudanças nos modos de vida açoriano em uma lagoa costeira do Sul do Brasil (1957-2004)
A gestão da fauna silvestre a partir das mudanças nos modos de vida açoriano em uma lagoa costeira do Sul do Brasil (1957-2004)
A gestão da fauna silvestre a partir das mudanças nos modos de vida açoriano em uma lagoa costeira do Sul do Brasil (1957-2004)
title A gestão da fauna silvestre a partir das mudanças nos modos de vida açoriano em uma lagoa costeira do Sul do Brasil (1957-2004)
spellingShingle A gestão da fauna silvestre a partir das mudanças nos modos de vida açoriano em uma lagoa costeira do Sul do Brasil (1957-2004)
De Freitas, Rodrigo Rodrigues
title_short A gestão da fauna silvestre a partir das mudanças nos modos de vida açoriano em uma lagoa costeira do Sul do Brasil (1957-2004)
title_full A gestão da fauna silvestre a partir das mudanças nos modos de vida açoriano em uma lagoa costeira do Sul do Brasil (1957-2004)
title_fullStr A gestão da fauna silvestre a partir das mudanças nos modos de vida açoriano em uma lagoa costeira do Sul do Brasil (1957-2004)
title_full_unstemmed A gestão da fauna silvestre a partir das mudanças nos modos de vida açoriano em uma lagoa costeira do Sul do Brasil (1957-2004)
title_sort A gestão da fauna silvestre a partir das mudanças nos modos de vida açoriano em uma lagoa costeira do Sul do Brasil (1957-2004)
author De Freitas, Rodrigo Rodrigues
author_facet De Freitas, Rodrigo Rodrigues
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv De Freitas, Rodrigo Rodrigues
description Este artigo fornece subsídios para as políticas públicas no tratamento da caça, por meio de uma análise das mudanças nos modos de vida açoriano e nas instituições de apropriação e uso dos recursos faunísticos ocorridas na Paisagem da Lagoa de Ibiraquera (PLI, Estado de Santa Catarina), desde a década de 1950 até 2004. Foram mobilizadas variáveis espaciais que evidenciam as mudanças na paisagem e realizados inventários (avifauna e mastofauna) e entrevistas (abertas e semiestruturadas). As práticas de caça foram registradas para 68 espécies da fauna silvestre atuais e extintas da PLI, incluindo 46 aves, 19 mamíferos de médio e grande porte e 3 répteis. Essas práticas foram correlacionadas com as percepções e com as normas locais e legais de manejo da fauna silvestre. Colonizada em 1880, até a década de 1950, a maior parte da fauna silvestre da PLI já havia desaparecido, permanecendo somente espécies de hábitos generalistas. Até o final da década de 1970, a caça foi a principal responsável pela extinção local de três espécies de mamíferos de médio porte, quando os incentivos, regras e práticas dos pescadores-agricultores frente à fauna silvestre começam a legitimar a proibição da caça para maior parte das espécies. São propostos três fatores que explicam a diminuição da caça: (i) ao aumento da área urbanizada e redução da área agrícola; (ii) a apropriação privada e cercamento dos espaços e; (iii) maior fiscalização do estado. Sugerimos que a análise histórica e integrada das mudanças na caça e nos habitats das espécies cinegéticas pode suscitar formas criativas e participativas de gerir a fauna silvestre com responsabilidades e benefícios compartilhados entre estado e sociedade civil.
publishDate 2023
dc.date.none.fl_str_mv 2023-05-09
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://revistaeletronica.icmbio.gov.br/BioBR/article/view/810
10.37002/biodiversidadebrasileira.v8i2.810
url https://revistaeletronica.icmbio.gov.br/BioBR/article/view/810
identifier_str_mv 10.37002/biodiversidadebrasileira.v8i2.810
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://revistaeletronica.icmbio.gov.br/BioBR/article/view/810/614
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 2021 Biodiversidade Brasileira - BioBrasil
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 2021 Biodiversidade Brasileira - BioBrasil
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)
publisher.none.fl_str_mv Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)
dc.source.none.fl_str_mv Biodiversidade Brasileira ; v. 8 n. 2 (2018): Caça: Subsídios para a Gestão de Unidades de Conservação e o Manejo de Espécies (n. 2); 163-186
Biodiversidade Brasileira ; Vol. 8 No. 2 (2018): Caça: Subsídios para a Gestão de Unidades de Conservação e Manejo de Espécies ; 163-186
Biodiversidade Brasileira ; Vol. 8 Núm. 2 (2018): Caça: Subsídios para a Gestão de Unidades de Conservação e o Manejo de Espécies (n. 2); 163-186
2236-2886
10.37002/biodiversidadebrasileira.v8i2
reponame:Biodiversidade Brasileira
instname:Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO)
instacron:ICMBIO
instname_str Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO)
instacron_str ICMBIO
institution ICMBIO
reponame_str Biodiversidade Brasileira
collection Biodiversidade Brasileira
repository.name.fl_str_mv Biodiversidade Brasileira - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO)
repository.mail.fl_str_mv fernanda.oliveto@icmbio.gov.br || katia.ribeiro@icmbio.gov.br
_version_ 1797042390914039808