O lobisomem entre índios e brancos: o trabalho da imaginação no Grão-Pará no final do século XVIII
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2008 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista do Instituto de Estudos Brasileiros |
Texto Completo: | https://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/34614 |
Resumo: | Trata-se de uma investigação sobre imagens do lobisomem em Portugal e sua mescla com várias entidades transformativas da Amazônia no fim do século XVIII no Grão-Pará. A análise é baseada em documentos existentes no Arquivo Público do Estado do Pará, em Belém. Nesse sentido, este artigo é mais metodológico e teórico - como fazer um estudo do "pensamento mestiço" (de Serge Gruzinski) usando documentação judiciária - do que etnográfico. Tal como Gruzinski, considero que as atividades de criar analogias imperfeitas têm um valor de redenção, de salvar as pessoas da esterilidade e da destruição da conquista. Em outras palavras, o esboço que Gruzinski nos oferece representa a possibilidade de ver as inovações populares no tempo colonial e imperial como pontes da imaginação, ligando as diferenças e hierarquias formais com as práticas e relações cotidianas. Meu esforço se direciona também a examinar o significado da mestiçagem para pessoas que estavam realizando o trabalho de conexão e construção de novos e complexos compostos. Meu objetivo é contribuir para uma revisão da historiografia sobre a Amazônia, da qual participam historiadores e antropólogos no Brasil, onde ou se destacam o sofrimento e o holocausto da época colonial, ou se faz uma narrativa da emergência do povo paraense ou amazonense associada à condição de elite regional e ao Estado. Uma nova historiografia tenta reconhecer outras histórias, assim como a complexidade e a heterogeneidade da região. |
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O lobisomem entre índios e brancos: o trabalho da imaginação no Grão-Pará no final do século XVIII The werewolf in between indians and whites: the work of the imagination in Grão-Pará at the end of the eighteenth century AmazoniahybridityimaginationAmerindianshistoriographyfolk-talesmythsAmazôniamestiçagemimaginaçãoAmeríndioshistoriografialendasmitos Trata-se de uma investigação sobre imagens do lobisomem em Portugal e sua mescla com várias entidades transformativas da Amazônia no fim do século XVIII no Grão-Pará. A análise é baseada em documentos existentes no Arquivo Público do Estado do Pará, em Belém. Nesse sentido, este artigo é mais metodológico e teórico - como fazer um estudo do "pensamento mestiço" (de Serge Gruzinski) usando documentação judiciária - do que etnográfico. Tal como Gruzinski, considero que as atividades de criar analogias imperfeitas têm um valor de redenção, de salvar as pessoas da esterilidade e da destruição da conquista. Em outras palavras, o esboço que Gruzinski nos oferece representa a possibilidade de ver as inovações populares no tempo colonial e imperial como pontes da imaginação, ligando as diferenças e hierarquias formais com as práticas e relações cotidianas. Meu esforço se direciona também a examinar o significado da mestiçagem para pessoas que estavam realizando o trabalho de conexão e construção de novos e complexos compostos. Meu objetivo é contribuir para uma revisão da historiografia sobre a Amazônia, da qual participam historiadores e antropólogos no Brasil, onde ou se destacam o sofrimento e o holocausto da época colonial, ou se faz uma narrativa da emergência do povo paraense ou amazonense associada à condição de elite regional e ao Estado. Uma nova historiografia tenta reconhecer outras histórias, assim como a complexidade e a heterogeneidade da região. The understanding of the Amazon's colonial period as the secure imposition of Portuguese control on powerless and scattered Indian peoples is misleading. The representation obscures Indian acts of resistance, the efforts of thousands of colonists to adapt and the emergence of a mestiço population, as well as the local negotiations between these heterogeneous groups. Little research has been conducted on the popular culture or religion in the Amazon durin g this time despite the existence of various sources. Developing arguments made elsewhere in Brazil, and using documents from the State archive of Pará, Brazil, this article reveals something of the popular culture which appeared as the diverse traditions converged. It was a way of life impregnated with complex negotiations and tense congregations of beliefs and practices that would eventually lead to a region wide, mass participation rebellion in the 1830s. The focus of the text is a legal action brought by a Brazilian born town official in 1793 accused of being werewolf and scaring Indians and whites in the Lower Amazon. What was the significance of the werewolf and what work was the figure doing locally? By reconstructing aspects of this colonial world, my argument is that the Portuguese derived figure of the werewolf acted as a bridging concept to similar transformative beings in the Amerindian world. I suggest the bridges made by the diverse kinds of people represent an imaginative frontier and was the localised form in which whites, mestiços and Indians came to relate each other. Universidade de São Paulo. Instituto de Estudos Brasileiros2008-09-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/3461410.11606/issn.2316-901X.v0i47p29-55Revista do Instituto de Estudos Brasileiros; Núm. 47 (2008); 29-55Revista do Instituto de Estudos Brasileiros; n. 47 (2008); 29-55Revista do Instituto de Estudos Brasileiros; No 47 (2008); 29-55Revista do Instituto de Estudos Brasileiros; No. 47 (2008); 29-552316-901X0020-3874reponame:Revista do Instituto de Estudos Brasileirosinstname:Instituto de Estudos Brasileiros (IEB)instacron:IEBporhttps://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/34614/37352Copyright (c) 2016 Revista do Instituto de Estudos Brasileirosinfo:eu-repo/semantics/openAccessHarris, Mark2014-12-19T12:12:45Zoai:revistas.usp.br:article/34614Revistahttps://www.revistas.usp.br/rieb/indexPUBhttps://www.revistas.usp.br/rieb/oai||revistaieb@usp.br2316-901X0020-3874opendoar:2014-12-19T12:12:45Revista do Instituto de Estudos Brasileiros - Instituto de Estudos Brasileiros (IEB)false |
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Trata-se de uma investigação sobre imagens do lobisomem em Portugal e sua mescla com várias entidades transformativas da Amazônia no fim do século XVIII no Grão-Pará. A análise é baseada em documentos existentes no Arquivo Público do Estado do Pará, em Belém. Nesse sentido, este artigo é mais metodológico e teórico - como fazer um estudo do "pensamento mestiço" (de Serge Gruzinski) usando documentação judiciária - do que etnográfico. Tal como Gruzinski, considero que as atividades de criar analogias imperfeitas têm um valor de redenção, de salvar as pessoas da esterilidade e da destruição da conquista. Em outras palavras, o esboço que Gruzinski nos oferece representa a possibilidade de ver as inovações populares no tempo colonial e imperial como pontes da imaginação, ligando as diferenças e hierarquias formais com as práticas e relações cotidianas. Meu esforço se direciona também a examinar o significado da mestiçagem para pessoas que estavam realizando o trabalho de conexão e construção de novos e complexos compostos. Meu objetivo é contribuir para uma revisão da historiografia sobre a Amazônia, da qual participam historiadores e antropólogos no Brasil, onde ou se destacam o sofrimento e o holocausto da época colonial, ou se faz uma narrativa da emergência do povo paraense ou amazonense associada à condição de elite regional e ao Estado. Uma nova historiografia tenta reconhecer outras histórias, assim como a complexidade e a heterogeneidade da região. |
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