Caracterização epidemiológica e molecular do vírus da imunodeficiência humana 1 (HIV-1) nos municípios de Canaã dos Carajás, Curionópolis, Marabá e Parauapebas, Pará, Brasil, 2005 - 2014

• Autor(a) principal: Macêdo, Olinda
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Digital do Instituto Evandro Chagas (Patuá)
• Texto Completo: https://patua.iec.gov.br/handle/iec/4486
• topic: HIV; Síndrome de Imunodeficiência Adquirida; Prevalência; Marabá (PA); Parauapebas (PA); Curionópolis (PA); Canaã dos Carajás (PA)

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é considerada um dos maiores problemas de saúde pública mundial. Deste modo esse estudo teve como objetivo conhecer a prevalência, características epidemiológicas e moleculares do HIV-1, em quatro municípios do Estado do Pará (Marabá, Parauapebas, Curionópolis e Canaã dos Carajás), Região Norte do Brasil por estarem inseridos na área de mineração de ferro do Complexo Carajás. A pesquisa foi proposta pela ausência de informações sobre a circulação do HIV nesta área e pelo grande fluxo migratório de pessoas de outras regiões do país, para trabalhar e residir às proximidades. Neste estudo, foram testadas amostras de soro de 4.505 indivíduos, sendo que, de 266 foi coletados dois soros, perfazendo um total de 4.771 espécimes. Os mesmos foram obtidos no período de 2005 a 2014. O ensaio imunoenzimático (EIE) foi usado na triagem das amostras e posteriormente as reativas foram confirmadas pelo teste INNO-LIATM HIVI/II Score, sendo este diagnóstico realizado no Instituto Evandro Chagas, em Belém, Pará. As positivas foram submetidas a amplificação parcial dos genes gag, pol (tr), pol (pro) e env por meio da PCR seguida de Nested-PCR, e as que apresentaram um fragmento de interesse foram submetidas ao sequenciamento genômico. A maioria dos indivíduos foi proveniente do Maranhão (39,5%) e de outros municípios do Pará (34,2%). A positividade total observada foi de 0,48%, sendo a maior verificada no ano de 2014 (2,2% - 7/321). As amostras do sexo masculino corresponderam a 62,40% do total, com 0,47% de casos positivos, sendo este valor similar ao obtido no feminino (0,50%). Todas as faixas etárias apresentaram casos positivos com exceção da de 0-9 anos, sendo que a de 40 a 49 anos demonstrou maior prevalência (0,80%). Quanto a escolaridade, 57,8% possuíam ensino fundamental e 4,5% o superior, com positividade de 0,58% e 0,50% respectivamente. Das 23 amostras positivas para HIV, em 11 foi possível a amplificação parcial e sequenciamento gênico de pelo menos um dos quatro genes: gag, env, pol (tr) e pol (pro), sendo 10 (90,9%) classificadas como subtipo B e uma (9,1%) como subtipo F1. Esses achados demonstraram o predomínio do subtipo B, fato este já comprovado em outras regiões do país e do mundo. Duas mutações, uma de alta (K103N) e outra de baixa (V179D) resistência, foram observadas no gene pol (tr). Com relação as divergências encontradas em relação aos nucleotídeos nas amostras subtipadas como B, verificou-se que quando comparadas com outras selecionadas no GeneBank, maior similaridade (98%) e divergência (19%) ocorreu nos genes pol (pro) e env, respectivamente. Embora a positividade obtida para o HIV nesses municípios tenha sido baixa (0,48%), deve-se lembrar de que a investigação ocorreu na população geral, onde foram observados vários casos assintomáticos e não em populações-chave como homossexuais, usuários de drogas injetáveis, hemofílicos e profissionais do sexo, nas quais se encontram as maiores taxas desse vírus. O sequenciamento parcial de pelo menos um dos quatro genes estudados em 11 (47,8%) das 23 amostras positivas, confirmou dados previamente existentes sobre a prevalência do subtipo B nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.