Ecologia alimentar da ariranha (pteronura Brasiliensis) e da lontra neotropical (lontra Longicaudis) no parque nacional do Jaú, Amazonas, Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Roberta Elise
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional do INPA
Texto Completo: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11305
http://lattes.cnpq.br/5835086147696552
Resumo: A ariranha (Pteronura brasiliensis) e a lontra neotropical (Lontra longicaudis) são duas espécies de carnívoros mustelídeos pertencentes à subfamília Lutrinae, que se alimentam principalmente de peixes. Essas duas espécies coexistem no Parque Nacional do Jaú, na Amazônia Central brasileira, sendo que a suposta semelhança na dieta poderia gerar interações ecológicas importantes entre elas. O presente trabalho visou caracterizar e comparar as dietas de ariranhas e lontras no trecho inferior dos rios Jaú e Carabinani, por meio da análise de amostras fecais coletadas entre os anos de 2006 e 2008 (82 de ariranhas e 75 de lontras). A maior parte das amostras (cerca de 85%) foram obtidas durante a seca, o que restringiu o alcance da interpretação dos resultados a esse período do ciclo hidrológico. A ariranha se alimentou principalmente de peixes das famílias Cichlidae (Frequência de ocorrência= 91,5%), Erythrinidae (74,4%) e Characidae (29,3%), enquanto que a lontra consumiu principalmente peixes das famílias Doradidae (75,3%), Loricariidae (26,7%) e Cichlidae (25,3%). As duas espécies apresentaram baixa similaridade na dieta (Índice de Pianka= 0,16), o que possivelmente reflete o uso de diferentes microhabitats e táticas de forrageamento e à grande abundância e riqueza de peixes na Amazônia. A ariranha captura peixes maiores e mais ativos (por exemplo, anostomídeos e grandes caracídeos) do que a lontra, a qual provavelmente vasculha o substrato em trechos rasos de rios em busca de peixes mais lentos, de hábitos sedentários ou noturnos (principalmente pequenos bagres). Outras presas que não peixes (répteis, roedores e macroinvertebrados aquáticos), apesar de pouco comuns na dieta de ambas as espécies, foram mais frequentes na alimentação da lontra do que na da ariranha. Além disso, as ariranhas consumiram peixes de uma maior diversidade de famílias do que a lontra. Neste sentido, a lontra parece ser mais especializada na captura de certos tipos de peixes, mostrando nítida preferência pelo consumo de pequenos bagres da família Doradidae. Os resultados obtidos indicam pequena sobreposição na dieta, porém sem indicação de interações tróficas significativas entre ariranhas e lontras no Parque Nacional do Jaú.
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A maior parte das amostras (cerca de 85%) foram obtidas durante a seca, o que restringiu o alcance da interpretação dos resultados a esse período do ciclo hidrológico. A ariranha se alimentou principalmente de peixes das famílias Cichlidae (Frequência de ocorrência= 91,5%), Erythrinidae (74,4%) e Characidae (29,3%), enquanto que a lontra consumiu principalmente peixes das famílias Doradidae (75,3%), Loricariidae (26,7%) e Cichlidae (25,3%). As duas espécies apresentaram baixa similaridade na dieta (Índice de Pianka= 0,16), o que possivelmente reflete o uso de diferentes microhabitats e táticas de forrageamento e à grande abundância e riqueza de peixes na Amazônia. A ariranha captura peixes maiores e mais ativos (por exemplo, anostomídeos e grandes caracídeos) do que a lontra, a qual provavelmente vasculha o substrato em trechos rasos de rios em busca de peixes mais lentos, de hábitos sedentários ou noturnos (principalmente pequenos bagres). Outras presas que não peixes (répteis, roedores e macroinvertebrados aquáticos), apesar de pouco comuns na dieta de ambas as espécies, foram mais frequentes na alimentação da lontra do que na da ariranha. Além disso, as ariranhas consumiram peixes de uma maior diversidade de famílias do que a lontra. Neste sentido, a lontra parece ser mais especializada na captura de certos tipos de peixes, mostrando nítida preferência pelo consumo de pequenos bagres da família Doradidae. Os resultados obtidos indicam pequena sobreposição na dieta, porém sem indicação de interações tróficas significativas entre ariranhas e lontras no Parque Nacional do Jaú.The giant otter (Pteronura brasiliensis) and the neotropical river otter (Lontra longicaudis) are two species of carnivorous mustelids belonging to the Lutrinae subfamily, which feed mainly on fish. These two species coexist in the Jaú National Park, in Central Brazilian Amazon, and the supposed similarity in the diet could generate interactions between them. This study describes and compares the diets of the giant otter and the neotropical river otter in the lower Jaú and Carabinani rivers, through the analyses of fecal samples collected between 2006 and 2008 (82 giant otter and 75 neotropical river otter). About 85% of the samples were collected during the dry season, which limited the analyses to the low water period. The giant otter feeds mainly on fish of the Cichlidae (frequency of occurrence = 91.5%), Erythrinidae (74.4%) and Characidae (29.3%) families, while the neotropical river otter consumed mainly fish of the Doradidae (75.3%), Loricariidae (26.7%) and Cichlidae (25.3%) families. The two otter species showed low similarity in their diets (Pianka’s Index = 0.16), which possibly reflects the use of different microhabitats and foraging tactics and the abundance and richness of fish in the Amazon. The giant otter catch larger and more active fish (eg. anostomids and large characins) than the neotropical river otter, which probably scans the substrate in shallow river parts in search of slower, sedentary and nocturnal (mainly small catfish) fish. Other than fish prey (reptiles, rodents and aquatic invertebrates), although uncommon in the diet of both otter species, were more frequent in the diet of the neotropical river otter that in the giant otter. Moreover, the giant otter ate a greater diversity of fish families than the neotropical river otter. In this sense, the neotropical river otter seems to be more specialized in capturing certain types of fish, showing a clear preference for the consumption of small catfish of the Doradidae family. The results indicate litter overlap in the diet, but no indication of trophic interaction between giant otters and neotropical river otters in Jaú National Park.porInstituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPABiologia de Água Doce e Pesca Interior - BADPIAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessAriranhaLontra longicaudisEcologia alimentar da AriranhaEcologia alimentar da ariranha (pteronura Brasiliensis) e da lontra neotropical (lontra Longicaudis) no parque nacional do Jaú, Amazonas, Brasilinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional do INPAinstname:Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)instacron:INPATEXTSilva, 2010. Ecologia alimentar da ariranha e da lontra no PN Jau.pdf.txtSilva, 2010. Ecologia alimentar da ariranha e da lontra no PN Jau.pdf.txtExtracted texttext/plain87986https://repositorio.inpa.gov.br/bitstream/1/11305/2/Silva%2c%202010.%20Ecologia%20alimentar%20da%20ariranha%20e%20da%20lontra%20no%20PN%20Jau.pdf.txt4457546f224e76ae576982efbd0bbfdeMD52THUMBNAILSilva, 2010. Ecologia alimentar da ariranha e da lontra no PN Jau.pdf.jpgSilva, 2010. Ecologia alimentar da ariranha e da lontra no PN Jau.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1245https://repositorio.inpa.gov.br/bitstream/1/11305/3/Silva%2c%202010.%20Ecologia%20alimentar%20da%20ariranha%20e%20da%20lontra%20no%20PN%20Jau.pdf.jpgd29fb11fe20b17ce0d2f9954ece3932eMD53ORIGINALSilva, 2010. Ecologia alimentar da ariranha e da lontra no PN Jau.pdfSilva, 2010. 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