Desvinculando as etapas da especiação: fatores geográficos levam a mudanças no sinal sexual de uma rãzinha-de-liteira por meio da variação do tamanho corporal

• Autor(a) principal: Fernandes, Igor Yuri Pereira
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional do INPA
• Texto Completo: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/13014; http://lattes.cnpq.br/4662773441605616
• topic: Ecologia; Evolução

As distâncias geográfica e ambiental influenciam a divergência de caracteres entre populações biológicas, especialmente em escala macroespacial, dificultando a interpretação da contribuição individual dessas variáveis preditoras no processo de diferenciação entre populações. Os anuros são excelentes modelos para estudos evolutivos de vários caracteres, devido à sua baixa vagilidade e frequente territorialidade, fazendo com que certas mudanças ambientais resultem em barreiras que isolam populações. Nesse sentido, propomos testar a correlação de distâncias ambientais e geográficas com caracteres fenotípicos e genotípicos populacionais na ausência de barreiras vicariantes evidentes, usando como modelo de estudo um sapo de liteira na Amazônia. Testamos a hipótese geral de que as diferenciações geográficas e ambientais afetam a variação nos caracteres morfométricos, acústicos e genéticos de Allobates sumtuosus ao longo de um gradiente latitudinal em uma escala espacial fina. Todos os conjuntos de dados, com exceção dos que envolvem distância genética, apresentaram correlação. Controlando o efeito dos diferentes conjuntos de dados, observamos que a distância geográfica apresentou o maior número de correlações, com uma força explicativa sempre superior a 60%. A distância geográfica associada à distância ambiental provavelmente molda os caracteres acústicos das populações de A. sumtuosus por meio de pressões no tamanho corporal. Isso ocorre porque o gradiente ambiental climático ao longo do gradiente latitudinal resulta em alterações na relação área-volume dos indivíduos, maximizando a taxa de sobrevivência e resultando em tamanhos corporais maiores em locais mais próximos do Equador. Consequentemente, os sinais acústicos divergem devido a variações nos órgãos envolvidos na vocalização. Apesar de mostrar a presença de uma estrutura genética intrapopulacional para esta espécie, essa estrutura não foi associada a variações fenotípicas. Em resumo, este estudo divide os estágios de especiação em um sapo da Amazônia, demonstrando que fatores ambientais podem levar a alterações no sinal sexual de uma rãzinha-de-liteira devido à variação no tamanho do corpo.