Estudo comparativo da biologia reprodutiva de Euterpe oleracea Martius e Euterpe precatoria Martius (Arecaceae), na região de Manaus-AM

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gama, Mary Anne Monteiro da
Data de Publicação: 2004
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional do INPA
Texto Completo: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12794
Resumo: Estudou-se a fenologia reprodutiva, a biologia floral e o sistema de cruzamento de duas palmeiras amazônicas de grande importância sócio-econômica e cultural para região. Utilizou-se para essa análise uma população introduzida da palmeira Euterpe oleracea Martius (açaí-do-Pará) e uma população natural de Euterpe precatoria Martius (açaí-da­ mata), em uma área urbana da cidade de Manaus-AM, onde ambas ocorrem juntas. Obteve­ se dados fenológicos pelo período de um ano, através de observações semanais, verificando-se a presença ou ausência de inflorescências e infrutescências, objetivando-se estudar comparativamente os períodos e picos de floração e frutificação entre as espécies e a possibilidade de sobreposição na floração para a existência de polinização interespecífica. O estudo da biologia floral e do sistema reprodutivo foram realizados num período de quatro meses não consecutivos intercalados nos períodos de floração indicados pela literatura. O estudo do sistema de cruzamento de E. oleracea foi realizado por meio de polinizações controladas manuais, enquanto em E. precatoria além desses cruzamentos controlados, utilizou-se complementarmente marcadores moleculares do tipo microssatélites. Nas análises genéticas utilizou-se quatro locos microssatélites, anteriormente desenvolvidos para E. edulis Mart. e cinco progênies de polinização aberta. Verificou-se na análise da biologia floral a ocorrência de compartilhamento entre visitantes e os polinizadores efetivos entre estas espécies, além da sua morfologia e período de antese das flores estaminadas e pistiladas, as recompensas que são ofertadas e o enquadramento à uma síndrome de polinização. Os resultados indicaram que o período dos picos de floração entre as duas espécies é divergente, ocorrendo, conseqüentemente, diminuição no compartilhamento dos visitantes florais e polinizadores. O pico no período de frutos maduros ocorreu durante seis meses para ambas as espécies e em épocas diferentes, ocorrendo intersecção apenas nos meses de agosto e setembro, o que representou frutos maduros praticamente durante o ano todo, tomando tal fato importante a futuros planos de manejo consorciado dessas espécies. Apresentaram-se monóicas, com protandria, antese das flores estaminadas diurna e pistiladas noturna em ambas as espécies. Em relação aos principais polinizadores, tanto em Euterpe aleracea quanto em Euterpe precataria, encontram-se as abelhas (Hymenoptera) das famílias Apidae e Halictidae, mas não excluindo a possibilidade de polinização por outros grupos de insetos, porém, com menor importância como as vespas (Hymenoptera), as moscas (Diptera) e até mesmo mariposas (lepidoptera). Uma pequena contribuição da polinização anemófila faz com que essas espécies de açaí apresentem polinização mista. Algumas sementes originaram-se das polinizações interespecíficas, indicando a possibilidade de formação de híbridos. O estudo do sistema de acasalamento de E. precataria mostrou que das 73 sementes analisadas, para quatro locos microssatélites, 80% das sementes oriundas de polinização aberta analisadas resultaram de eventos de fecundação cruzada. Apresentaram ao menos um alelo diferente daqueles encontrados na planta-mãe, enquanto as 20% restantes resultaram de eventos de auto-fecundação ou de cruzamentos entre plantas geneticamente aparentadas, indicando que E. precataria apresenta sistema de cruzamento misto, porém predominantemente cruzado (xenogamia). Enquanto que os resultados dos testes de polinização, indicaram que E. aleracea também apresenta sistema predominantemente cruzado. Esses dados juntamente com os dados da biologia da polinização, onde revelou-se a possibilidade de ambas as espécies serem polinizadas por diversas espécies de animais e até pelo vento, confirmam suas fáceis adaptabilidades em colonizar ambientes degradados. Espera-se que o presente trabalho possa orientar estudos mais específicos ao manejo dessas duas espécies de açaí, visando os seus usos de maneira sustentável.
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