Distribuição de aves de sub-bosque ao longo de gradientes ambientais na Amazônia central

• Autor(a) principal: Bueno, Anderson Saldanha
• Data de Publicação: 2010
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional do INPA
• Texto Completo: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11861; http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4576777U6
• topic: Aves; Matas ripárias; Distribuição de aves

Zonas ripárias são reconhecidas pela sua importância na manutenção da biodiversidade regional. Diversos estudos compararam a distribuição de aves em zonas ripárias e não-ripárias a fim de avaliar o valor para conservação das zonas ripárias. Contudo, nenhum estudo se dedicou a estabelecer até que distância em relação ao riacho as aves reconhecem como ripária. Nós investigamos a distribuição de aves de sub-bosque ao longo dos gradientes ambientais de distância do riacho, conteúdo de argila e inclinação do terreno em uma floresta de terra firme na Amazônia central. Para amostrar a comunidade de aves de sub-bosque, utilizamos redes de neblina em 45 parcelas, sendo cada parcela amostrada três vezes. Utilizamos Non-metric Multidimensional Scaling (NMDS) para reduzir a dimensionalidade dos dados de composição quantitativa (abundância) e qualitativa (presença-ausência) de espécies em um eixo de ordenação multivariada. Em 9720 horas-rede, nós capturamos 1506 aves pertencentes a 98 espécies em 28 famílias. A estimativa da largura da zona ripária indicada pelas aves de subbosque na Reserva Ducke dependeu do atributo da comunidade considerado: composição quantitativa (100 m), composição qualitativa (140 m). A distribuição de espécies esteve relacionada com o conteúdo de argila, mas não esteve relacionada com a inclinação do terreno. Na Reserva Ducke, distância do riacho apresenta correlação com o conteúdo de argila, mas não apresenta correlação com inclinação do terreno. Conteúdo de argila afeta a composição de espécies vegetais, que, por sua vez, pode afetar a composição de aves. Contudo, o padrão de distribuição de aves em locais próximos e afastados do riacho é consistente entre estudos realizados em diversas geomorfologias, tanto em regiões temperadas quanto em regiões tropicais, o que indica um efeito da distância do riacho per se. A proteção de faixas adjacentes a riachos constitui umas das estratégias de conservação mais utilizadas. No Brasil, a faixa protegida ao redor do riacho se estende até 30 m. Nós demonstramos que a faixa protegida deve ser aumentada consideravelmente para que a legislação ambiental brasileira seja eficiente em cumprir o seu papel de proteger a biodiversidade associada a zonas ripárias.