Influência de alguns fatores ambientais sobre o nível de mercúrio em Cichla spp. e Hoplias malabaricus na bacia do rio Negro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Belger, Lauren
Data de Publicação: 2001
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional do INPA
Texto Completo: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12069
http://lattes.cnpq.br/4913137039971995
Resumo: O mercúrio (Hg) é um metal pesado que bioacumula-se nos seres vivos e é tóxico ao homem. A contaminação ambiental pelo Hg na Amazônia vem sendo estudada predominantemente em áreas de garimpo, mas pouco se sabe sobre a sua dinâmica natural e os fatores que afetam sua bioacumulação na região. O objetivo deste trabalho foi investigar a influência do pH, do carbono orgânico dissolvido na água e da presença de sítios de metilação (áreas alagadas e solos hidromórficos) sobre a bioacumulação de Hg em peixes predadores da bacia do rio Negro. A interrelação entre as variáveis ambientais também foi analisada. Duas espécies com hábitos sedentários - traíra (Hoplias malabaricus) e tucunaré (Cichla spp.) foram utilizadas como bioindicadores. Foram feitas medidas de pH, COD, oxigênio e condutividade da água e coletados peixes de 33 locais da bacia do rio Negro entre o rio Uapés e Manaus, durante o período de 8 de setembro a 20 de novembro de 1999. Foram estimadas também a porcentagem de áreas alagadas e a porcentagem de solos hidromórficos da bacia de drenagem a montante do ponto de coleta. A concentração de COD correlacionou­ se negativamente com o pH (Pearson: r = -0,473, P = 0,032) e positivamente com a condutividade (Pearson: r = 0,729, P = 0.000). O COD teve uma relação fraca (r² = 0,293) com os solos hidromórficos (p = 0,002) e não foi influenciado pelas áreas alagáveis, sugerindo que estas não eram as principais fontes do carbono. Não houve correlação entre as demais variáveis ambientais e nem destas com o tamanho dos peixes. A concentração média de Hg total das traíras foi de 0,35 ppm (DP = 0,25) e a dos tucunarés 0,337 ppm (DP = 0,244). 29% das traíras e 18% dos tucunarés apresentaram concentrações acima do limite máximo recomendado para consumo pela Organização Mundial da Saúde de 0,5 ppm. A concentração de Hg aumentou significativarnente com o comprimento padrão de Hoplias malabaricus (r = 0,371, P = 0,000) e Cichla spp. (r = 0,655, p = 0,000). A traíra foi mais afetada por fatores ambientais (pH, COD, porcentagem de áreas alagadas) e mostrou-se um melhor bioindicador de contaminação local do que o tucunaré. Quanto maior a porcentagem de áreas alagáveis, maior foi a concentração de Hg na traíra (p = 0.006) e no tucunaré (p = 0,000). Estas áreas podem ser sítios de metilação e fonte de Hg quando alagadas e sua presença parece ser o fator ambiental mais importante influindo na bioacumulação do Hg. O COD teve influência positiva sobre o Hg da traíra (p = 0,029), provavelmente por carreá-lo dos solos para a água. Ao contrário do observado em lagos de regiões temperadas, o pH teve influência positiva sobre a bioacumulação do Hg na traíra (p = 0,007). A influência do pH e do COD sonbre a concentração de Hg no tucunaré não foi significativa (p = 0,452 e p = 0,381) mas as tendências foram as mesmas que as da traíra. Os solos hidromórficos não influenciaram na concentração de Hg dos peixes. O tamanho, a porcentagem de áreas alagadas, o pH e o COD explicaram a maior parte da variação na concentração do Hg (r² = 0.83), mas é preciso fazer mais estudos pois ainda existem outros fatores influindo na sua bioacumulação do Hg neste sistema.
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