Dinâmica dos incêndios florestais no estado do Acre
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional do INPA |
Texto Completo: | https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/4992 http://lattes.cnpq.br/7877159779121386 |
Resumo: | Nos últimos 40 anos, os incêndios florestais têm ocorrido em intervalo de 4 a 5 anos em diferentes regiões da Amazônia brasileira, causando danos econômicos, ambientais e sociais. Para compreender a dinâmica espaço-temporal dos incêndios florestais no Estado do Acre, foi analisado um período de 33 anos (1984 a 2016) de imagens Landsat (5, 7 e 8) através da aplicação do Índice de Cicatriz de Fogo (Burn Scar Index – BSI) derivado das frações de Material Fotossintético, Não-Fotossintético e Solo, geradas pelo software CLASlite©. Com base neste mapeamento, analisamos os fatores fruto da ação antrópicas e características naturais da paisagem que mais influenciam a ocorrência dos incêndios florestais pelo software Dinamica EGO através do método de pesos de evidência. Para compreender as mudanças na floresta, selecionamos quatro áreas com base no mapeamento dos incêndios de 2005 e 2010 e sua reincidência. Neste inventário florestal medimos o diâmetro a altura do peito de todos os indivíduos vivos e mortos maiores que 10 cm em três parcelas de 100 m × 50 m e todos os colmos vivos de bambu independentes do diâmetro em sub-parcelas de 5 m × 5 m em floresta intacta (testemunha), floresta queimada em 2005, floresta queimada em 2010 e floresta queimada em 2005 e 2010. Foram coletadas informações sobre a altura total, árvores quebradas ou danificadas pelo bambu, presença de cupim e infestação de cipós na copa das árvores. A área total de floresta impactada pelo fogo no período de 33 anos em todo o Estado do Acre foi de 5.251 km 2 . No entanto, deste total houve florestas que foram afetadas pelo fogo somente uma vez (3.883 km 2 ), duas vezes (598 km 2 ) e três vezes (57 km 2 ). Em 2005, os municípios de Acrelândia, Plácido de Castro e Senador Guiomard tiveram mais de 50% do remanescente florestal impactado pelo fogo. Os principais fatores que favoreceram à ocorrência de incêndios florestais foram: a fragmentação, proximidade de florestas às áreas de pastagens e estradas. A maior ocorrência dos incêndios foi atribuída às florestas abertas com bambu e palmeira e florestas aluviais. A degradação florestal ocasionada pelo fogo causou a redução na densidade de árvores, na redução da riqueza de espécies e redução na biomassa seca acima do solo. Entretanto, houve aumento no número de espécies pioneiras. Observou-se um efeito adicional ao impacto do fogo, uma expansão da densidade de colmos de bambu na proporção de 7 a 9 vezes com relação a floresta intacta. A expansão do bambu teve relação linear com a redução do número de árvores, além de aumentar o número de árvores danificadas e quebradas, afetando até 24% do total de árvores. Para as florestas abertas da Amazônia Sul Ocidental é importante considerar a contribuição da biomassa do bambu (gênero Guadua) para estimativa da biomassa total da floresta acima do solo. O bambu aumentou a biomassa total em 3 Mg ha -1 na floresta intacta, 26 Mg ha -1 na floresta queimada em 2005, 23 Mg ha -1 na floresta queimada em 2010 e 26 Mg ha -1 na floresta queimada reincidente, elevando a biomassa em termos percentual de 1% a 38% com relação ao componente arbóreo. Até 2016, a redução da biomassa florestal causou uma emissão comprometida de 38 Tg de CO 2 para o Estado do Acre em uma área de floresta remanescente afetada pelo fogo de 3.800 km 2 . Esta emissão significa um comprometimento de 17% da meta de redução de gases de efeito estufa do Acre até 2020. Este estudo possibilitou compreender a dimensão dos incêndios florestais e os seus impactos nas florestas do Estado do Acre em anos de secas extremas, possibilitando visualizar um futuro cheio de desafios para redução do processo de degradação florestal. |
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Silva, Sonaira Souza daGraça, Paulo Maurício Lima de AlencastroFearnside, Philip Martin2020-01-10T15:36:53Z2020-01-10T15:36:53Z2017-08-17https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/4992http://lattes.cnpq.br/7877159779121386Nos últimos 40 anos, os incêndios florestais têm ocorrido em intervalo de 4 a 5 anos em diferentes regiões da Amazônia brasileira, causando danos econômicos, ambientais e sociais. Para compreender a dinâmica espaço-temporal dos incêndios florestais no Estado do Acre, foi analisado um período de 33 anos (1984 a 2016) de imagens Landsat (5, 7 e 8) através da aplicação do Índice de Cicatriz de Fogo (Burn Scar Index – BSI) derivado das frações de Material Fotossintético, Não-Fotossintético e Solo, geradas pelo software CLASlite©. Com base neste mapeamento, analisamos os fatores fruto da ação antrópicas e características naturais da paisagem que mais influenciam a ocorrência dos incêndios florestais pelo software Dinamica EGO através do método de pesos de evidência. Para compreender as mudanças na floresta, selecionamos quatro áreas com base no mapeamento dos incêndios de 2005 e 2010 e sua reincidência. Neste inventário florestal medimos o diâmetro a altura do peito de todos os indivíduos vivos e mortos maiores que 10 cm em três parcelas de 100 m × 50 m e todos os colmos vivos de bambu independentes do diâmetro em sub-parcelas de 5 m × 5 m em floresta intacta (testemunha), floresta queimada em 2005, floresta queimada em 2010 e floresta queimada em 2005 e 2010. Foram coletadas informações sobre a altura total, árvores quebradas ou danificadas pelo bambu, presença de cupim e infestação de cipós na copa das árvores. A área total de floresta impactada pelo fogo no período de 33 anos em todo o Estado do Acre foi de 5.251 km 2 . No entanto, deste total houve florestas que foram afetadas pelo fogo somente uma vez (3.883 km 2 ), duas vezes (598 km 2 ) e três vezes (57 km 2 ). Em 2005, os municípios de Acrelândia, Plácido de Castro e Senador Guiomard tiveram mais de 50% do remanescente florestal impactado pelo fogo. Os principais fatores que favoreceram à ocorrência de incêndios florestais foram: a fragmentação, proximidade de florestas às áreas de pastagens e estradas. A maior ocorrência dos incêndios foi atribuída às florestas abertas com bambu e palmeira e florestas aluviais. A degradação florestal ocasionada pelo fogo causou a redução na densidade de árvores, na redução da riqueza de espécies e redução na biomassa seca acima do solo. Entretanto, houve aumento no número de espécies pioneiras. Observou-se um efeito adicional ao impacto do fogo, uma expansão da densidade de colmos de bambu na proporção de 7 a 9 vezes com relação a floresta intacta. A expansão do bambu teve relação linear com a redução do número de árvores, além de aumentar o número de árvores danificadas e quebradas, afetando até 24% do total de árvores. Para as florestas abertas da Amazônia Sul Ocidental é importante considerar a contribuição da biomassa do bambu (gênero Guadua) para estimativa da biomassa total da floresta acima do solo. O bambu aumentou a biomassa total em 3 Mg ha -1 na floresta intacta, 26 Mg ha -1 na floresta queimada em 2005, 23 Mg ha -1 na floresta queimada em 2010 e 26 Mg ha -1 na floresta queimada reincidente, elevando a biomassa em termos percentual de 1% a 38% com relação ao componente arbóreo. Até 2016, a redução da biomassa florestal causou uma emissão comprometida de 38 Tg de CO 2 para o Estado do Acre em uma área de floresta remanescente afetada pelo fogo de 3.800 km 2 . Esta emissão significa um comprometimento de 17% da meta de redução de gases de efeito estufa do Acre até 2020. Este estudo possibilitou compreender a dimensão dos incêndios florestais e os seus impactos nas florestas do Estado do Acre em anos de secas extremas, possibilitando visualizar um futuro cheio de desafios para redução do processo de degradação florestal.Over the last 40 years, forest fires in Amazonia have occurred at intervals of 4 to 5 years, causing economic, environmental and social damage. To understand the spatial and temporal dynamics of forest fires in Brazil’s state of Acre over a period of 33 years (1984 to 2016), we used images from Landsat 5, 7 and 8, applying the burn scar index (BSI) derived from the fractions of photosynthetic material, non-photosynthetic material and soil generated by CLASlite© software. Based on this mapping, we used the weights of evidence method in Dinamica-EGO software to analyze the factors resulting from human action and from natural features of the landscape that have the strongest influence on the occurrence of forest fires. To understand the changes in the forest, we selected four areas based on mapping the 2005 and 2010 fires and their areas of overlap. In this forest inventory we measured the diameter at breast height of all living and dead individuals larger than 10 cm in diameter in three 100 m × 50 m plots and all bamboo culms independent of diameter in 5 m × 5 m sub-plots. Information was collected on the total height of trees, whether the trees were broken or pressured by bamboo and whether termites were present. The total area of forest impacted by the fire in the period of 33 years in the entire State of Acre was 5,251 km 2 . However, of this total there were forests that were affected by fire only once (3,883 km 2 ), twice (598 km 2 ) and three times (57 km 2 ). In 2005, the municipalities (counties) of Acrelândia, Plácido de Castro and Senador Guiomard had more than 50% of their remaining forest impacted by fire. The main factors favoring fire occurrence were fragmentation and the proximity of cattle pastures and roads. Forest types most susceptible to fire were open forest with bamboo, open forest with palms and alluvial forest. Degradation caused by fire caused a strong impact in the reduction of density trees, species richness and decreases in dry above-ground biomass. An additional effect of the impact of the fire was an expansion of bamboo to densities 7 to 9 times that in unburned forest. The expansion of the bamboo had a linear relationship with decrease in the number of trees, in addition to increasing the number of trees damaged and broken, affecting up to 24% of all trees. For the open forests of southwestern Amazonia it is important to consider the contribution of bamboo (Guadua) in estimates of the total above-ground biomass of the forest. Bamboo increases the total biomass by 3 Mg ha -1 in intact forest, 26 Mg ha -1 in forest burned in 2005, 23 Mg ha -1 in forest burned in 2010 and 26 Mg ha -1 in forest burned in both 2005 and 2010, raising the biomass by percentages ranging from 1% to 38% with respect to the tree component. Up to 2016, the reduction of forest biomass caused a committed emission of 38 Tg of CO 2 for the state of Acre in an area of 3800 km 2 of remaining forest that had been affected by fire. This Xcommitted emission reduces by 17% the net climatic benefit of Acre’s goal for reducing the state’s greenhouse-gas emissions by 2020. This study made it possible to understand the scale of forest fires and their impacts in the forests of the state of Acre in drought years, which points to a future full of challenges for reducing the process of forest degradation.porInstituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPACiências de Florestas Tropicais - CFTAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessSecas extremasGases de efeito estufaExpansão do bambuDinâmica dos incêndios florestais no estado do Acreinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisreponame:Repositório Institucional do INPAinstname:Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)instacron:INPAORIGINALSonaira_Silva.pdfSonaira_Silva.pdfapplication/pdf11601812https://repositorio.inpa.gov.br/bitstream/1/4992/1/Sonaira_Silva.pdf0127560ec4ee85719f0e6389dc72f9cdMD511/49922020-01-10 14:26:36.845oai:repositorio:1/4992Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.inpa.gov.br/oai/requestopendoar:2020-01-10T18:26:36Repositório Institucional do INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)false |
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Nos últimos 40 anos, os incêndios florestais têm ocorrido em intervalo de 4 a 5 anos em diferentes regiões da Amazônia brasileira, causando danos econômicos, ambientais e sociais. Para compreender a dinâmica espaço-temporal dos incêndios florestais no Estado do Acre, foi analisado um período de 33 anos (1984 a 2016) de imagens Landsat (5, 7 e 8) através da aplicação do Índice de Cicatriz de Fogo (Burn Scar Index – BSI) derivado das frações de Material Fotossintético, Não-Fotossintético e Solo, geradas pelo software CLASlite©. Com base neste mapeamento, analisamos os fatores fruto da ação antrópicas e características naturais da paisagem que mais influenciam a ocorrência dos incêndios florestais pelo software Dinamica EGO através do método de pesos de evidência. Para compreender as mudanças na floresta, selecionamos quatro áreas com base no mapeamento dos incêndios de 2005 e 2010 e sua reincidência. Neste inventário florestal medimos o diâmetro a altura do peito de todos os indivíduos vivos e mortos maiores que 10 cm em três parcelas de 100 m × 50 m e todos os colmos vivos de bambu independentes do diâmetro em sub-parcelas de 5 m × 5 m em floresta intacta (testemunha), floresta queimada em 2005, floresta queimada em 2010 e floresta queimada em 2005 e 2010. Foram coletadas informações sobre a altura total, árvores quebradas ou danificadas pelo bambu, presença de cupim e infestação de cipós na copa das árvores. A área total de floresta impactada pelo fogo no período de 33 anos em todo o Estado do Acre foi de 5.251 km 2 . No entanto, deste total houve florestas que foram afetadas pelo fogo somente uma vez (3.883 km 2 ), duas vezes (598 km 2 ) e três vezes (57 km 2 ). Em 2005, os municípios de Acrelândia, Plácido de Castro e Senador Guiomard tiveram mais de 50% do remanescente florestal impactado pelo fogo. Os principais fatores que favoreceram à ocorrência de incêndios florestais foram: a fragmentação, proximidade de florestas às áreas de pastagens e estradas. A maior ocorrência dos incêndios foi atribuída às florestas abertas com bambu e palmeira e florestas aluviais. A degradação florestal ocasionada pelo fogo causou a redução na densidade de árvores, na redução da riqueza de espécies e redução na biomassa seca acima do solo. Entretanto, houve aumento no número de espécies pioneiras. Observou-se um efeito adicional ao impacto do fogo, uma expansão da densidade de colmos de bambu na proporção de 7 a 9 vezes com relação a floresta intacta. A expansão do bambu teve relação linear com a redução do número de árvores, além de aumentar o número de árvores danificadas e quebradas, afetando até 24% do total de árvores. Para as florestas abertas da Amazônia Sul Ocidental é importante considerar a contribuição da biomassa do bambu (gênero Guadua) para estimativa da biomassa total da floresta acima do solo. O bambu aumentou a biomassa total em 3 Mg ha -1 na floresta intacta, 26 Mg ha -1 na floresta queimada em 2005, 23 Mg ha -1 na floresta queimada em 2010 e 26 Mg ha -1 na floresta queimada reincidente, elevando a biomassa em termos percentual de 1% a 38% com relação ao componente arbóreo. Até 2016, a redução da biomassa florestal causou uma emissão comprometida de 38 Tg de CO 2 para o Estado do Acre em uma área de floresta remanescente afetada pelo fogo de 3.800 km 2 . Esta emissão significa um comprometimento de 17% da meta de redução de gases de efeito estufa do Acre até 2020. Este estudo possibilitou compreender a dimensão dos incêndios florestais e os seus impactos nas florestas do Estado do Acre em anos de secas extremas, possibilitando visualizar um futuro cheio de desafios para redução do processo de degradação florestal. |
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