Efeitos da insularização sobre a comunicação acústica em aves do reservatório da UHE de Balbina, Amazonas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santana, Thiago Bicudo Krempel
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional do INPA
Texto Completo: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11933
http://lattes.cnpq.br/4376981722714698
Resumo: Alterações ambientais podem impor mudanças importantes aos sistemas de comunicação das espécies. Em aves, tais alterações podem desencadear variações em sinais acústicos utilizados para a comunicação a longa distância. Em florestas tropicais contínuas, há uma alta riqueza de espécies vocalmente ativas, as quais, entre outras estratégias, evitam a sobreposição de seus sinais no espaço acústico emitindo-os em faixas de frequência relativamente estreitas. Em contrapartida, ambientes insulares abrigam menos espécies e um espaço acústico menos saturado, possibilitando que sinais acústicos variem mais em suas propriedades espectrais e temporais. Ao mesmo tempo, tais propriedades são adaptadas de forma a otimizar a distância de propagação no habitat predominante. Apesar das vocalizações serem relativamente bem estudada em sistemas naturais, não sabemos ainda se a insularização de paisagens naturais promovidas pela ação humana em tempo recente é capaz de desencadear mudanças nos sistemas de comunicação em aves suboscines. Neste estudo, investiguei a variabilidade em propriedades espectrais e temporais dos sinais acústicos de duas espécies (Lipaugus vociferans e Tyranneutes virescens) em ilhas de um lago artificial criado pelo represamento do rio Uatumã, Estado do Amazonas, Brasil. Especificamente, testei se esta variabilidade relacionava-se à variação em área e isolamento, como proxies da comunidade acústica, e em estrutura da vegetação presente nas ilhas. Obtive gravações de 67 indivíduos de L. vociferans e 69 indivíduos de T. virescens em 12 ilhas do lago, totalizando 322 e 345 cantos de cada espécie, respectivamente. Variações nas médias da largura de banda do canto de L. vociferans relacionaram-se com área e isolamento das ilhas enquanto para T. virescens não houve relação. As médias da frequência mais baixa e de pico das duas espécies relacionaram-se com variações na estrutura da vegetação, onde frequências mais altas foram encontradas em ilhas com maiores valores de área basal. As propriedades temporais dos cantos das duas espécies não apresentaram relação com variações em área, isolamento e estrutura da vegetação. Nossos resultados demonstram que mesmo em espécies suboscines, onde os cantos são inatos, mudanças sutis no ambiente e em um curto espaço de tempo, podem levar a variações nas propriedades acústicas espectrais dos cantos. Estudos futuros deverão avaliar o potencial evolutivo que estas variações nos sinais acústicos podem ter, analisando a variação genética entre as populações das espécies estudadas.
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Apesar das vocalizações serem relativamente bem estudada em sistemas naturais, não sabemos ainda se a insularização de paisagens naturais promovidas pela ação humana em tempo recente é capaz de desencadear mudanças nos sistemas de comunicação em aves suboscines. Neste estudo, investiguei a variabilidade em propriedades espectrais e temporais dos sinais acústicos de duas espécies (Lipaugus vociferans e Tyranneutes virescens) em ilhas de um lago artificial criado pelo represamento do rio Uatumã, Estado do Amazonas, Brasil. Especificamente, testei se esta variabilidade relacionava-se à variação em área e isolamento, como proxies da comunidade acústica, e em estrutura da vegetação presente nas ilhas. Obtive gravações de 67 indivíduos de L. vociferans e 69 indivíduos de T. virescens em 12 ilhas do lago, totalizando 322 e 345 cantos de cada espécie, respectivamente. Variações nas médias da largura de banda do canto de L. vociferans relacionaram-se com área e isolamento das ilhas enquanto para T. virescens não houve relação. As médias da frequência mais baixa e de pico das duas espécies relacionaram-se com variações na estrutura da vegetação, onde frequências mais altas foram encontradas em ilhas com maiores valores de área basal. As propriedades temporais dos cantos das duas espécies não apresentaram relação com variações em área, isolamento e estrutura da vegetação. Nossos resultados demonstram que mesmo em espécies suboscines, onde os cantos são inatos, mudanças sutis no ambiente e em um curto espaço de tempo, podem levar a variações nas propriedades acústicas espectrais dos cantos. Estudos futuros deverão avaliar o potencial evolutivo que estas variações nos sinais acústicos podem ter, analisando a variação genética entre as populações das espécies estudadas.Environmental change may impose significant shifts to natural communication systems. In birds, such changes may trigger variations in acoustic signals used for communication over long distances. In tropical forests there is a high proportion of species that are vocally active, which, among other strategies, avoid overlap of signals in the acoustic space by calling in narrow frequency bands. On the other hand, islands have fewer species and less saturated acoustic space, allowing for acoustic signals to vary in spectral and temporal properties. At the same time, these properties are adapted in a way that optimizes the propagation distance in the predominant habitat. Despite acoustic signals being relatively well studied in natural systems, it is unclear whether insularization promoted by human activity on natural landscapes in recent time is able to trigger changes in communication systems in suboscines birds. This study investigated the variability in spectral and temporal properties of acoustic signals of two suboscines birds (Lipaugus vociferans and Tyranneutes virescens) on islands of an artificial lake created by damming the Uatumã River in the state of Amazonas, Brazil. Specifically, I tested whether this variability was related to variation in the islands area and isolation, as proxies of the acoustic community, while considering the vegetation structure present on the islands. I obtained recordings from 67 L. vociferans individuals and 69 T. virescens on 12 islands across the lake, totaling 322 and 345 songs recordings for each species, respectively. Variations in bandwidth of L. vociferans songs were related to the area and isolation of the islands, whereas such relationships were not observed for songs of T. virescens. In both species, average lower and peak frequencies of songs were related to variation in vegetation structure, where higher frequencies were found in islands with greater basal area. The temporal properties of the songs of the two species were not associated with variations in area, isolation and structure of vegetation. Our results show that even in suboscines species, where the songs are innate, subtle changes in the environment in a short time, can lead to changes in spectral acoustic properties. Future studies should evaluate the potential evolutionary impacts that these changes in acoustic signals may have, by assessing genetic variation among birds inhabiting islands in this system.porInstituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPAEcologiaAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessAdaptação acústicaavesCharacter releaseEfeitos da insularização sobre a comunicação acústica em aves do reservatório da UHE de Balbina, Amazonasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional do INPAinstname:Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)instacron:INPAORIGINALDissertação_ INPA.pdfDissertação_ INPA.pdfapplication/pdf3019013https://repositorio.inpa.gov.br/bitstream/1/11933/1/Disserta%c3%a7%c3%a3o_%20INPA.pdf897e0e509e15901e3e71618ee57fbee6MD511/119332020-03-16 16:36:17.553oai:repositorio:1/11933Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.inpa.gov.br/oai/requestopendoar:2020-03-16T20:36:17Repositório Institucional do INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)false
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