O papel do fenótipo e do ambiente sobre a diversidade e composição do nicho polínico de abelhas sem ferrão (Apidae: Meliponini) da Amazônia
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional do INPA |
Texto Completo: | https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12030 http://lattes.cnpq.br/4548751472185667 |
Resumo: | A amplitude de nicho é um traço ecológico fundamental pois esta relacionado com os principais padrões macroecológicos e com as respostas das espécies frente a mudanças no ambiente. Apesar disso, os determinantes da variação na amplitude de nicho, bem como a magnitude com que o clima tem afetado esse atributo são pouco conhecidos em larga escala. Sistemas polinizador-planta são oportunos para responder essas questões em vista da grande variação no grau de especialização ecológica inter e intraespecífica. Nesse sentido, as abelhas sem ferrão (Meliponini) compreendem um grupo especialmente interessante, uma vez que dominam as assembleias de polinizadores na região neotropical e exercem papéis chave no funcionamento e na provisão de serviços ecossistêmicos. Na Amazônia, a coleta de pólen por abelhas sem ferrão tem sido estudada desde o final da década de 1970, representando vários habitats encontrados na região e em larga escala. Diante disso, sintetizamos esses estudos para investigar os efeitos do fenótipo (massa corporal), do ambiente (diversidade e composição de árvores, precipitação) e de fatores antropogênicos (urbanização, mudanças climáticas) sobre o nicho polínico realizado de colônias de abelhas sem ferrão. Foram compilados dados de coleta de pólen para 89 colônias de 36 espécies abelhas sem ferrão, distribuídas ao longo de 48 pontos geográficos, com uma distância de cerca de 1.400 km entre os mais extremos. Modelos de mínimos quadrados generalizados (GLS) incorporando autocorrelação filogenética foram usados para testar as respostas da diversidade taxonômica de pólen (uma medida de amplitude de nicho) e a composição taxonômica de pólen (uma medida relacionada a sobreposição de nicho). Após descontar diferenças metodológicas entre os estudos, nós encontramos que a variação no nicho polínico realizado está relacionada principalmente com a urbanização e a massa corporal das espécies. Em média, colônias urbanas coletam cinco vezes mais tipos polínicos do que as silvestres, bem como apresentam composição típica para cada ambiente. A diversidade polínica coletada tende a decrescer com o aumento do tamanho corporal e, da mesma forma, abelhas tendem a coletar tipos polínicos diferentes em função do tamanho corporal. Além disso, encontramos que desde o final dos anos 1970, a diversidade polínica coletada tem diminuído e a composição coletada tem mudado, provavelmente, por mudanças relacionadas à fenologia das plantas ou à composição florística local. Em síntese, nossos resultados sugerem que o nicho polínico realizado das abelhas sem ferrão da Amazônia tem sido consideravelmente restringido por fatores diretos (urbanização) e indiretos (alterações climáticas) durante o Antropoceno. |
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Pimenta, Daniel BastosPequeno, Pedro Aurélio Costa LimaRech, André RodrigoAbsy, Maria Lúcia2020-02-17T18:04:04Z2020-02-17T18:04:04Z2019-07-31https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12030http://lattes.cnpq.br/4548751472185667A amplitude de nicho é um traço ecológico fundamental pois esta relacionado com os principais padrões macroecológicos e com as respostas das espécies frente a mudanças no ambiente. Apesar disso, os determinantes da variação na amplitude de nicho, bem como a magnitude com que o clima tem afetado esse atributo são pouco conhecidos em larga escala. Sistemas polinizador-planta são oportunos para responder essas questões em vista da grande variação no grau de especialização ecológica inter e intraespecífica. Nesse sentido, as abelhas sem ferrão (Meliponini) compreendem um grupo especialmente interessante, uma vez que dominam as assembleias de polinizadores na região neotropical e exercem papéis chave no funcionamento e na provisão de serviços ecossistêmicos. Na Amazônia, a coleta de pólen por abelhas sem ferrão tem sido estudada desde o final da década de 1970, representando vários habitats encontrados na região e em larga escala. Diante disso, sintetizamos esses estudos para investigar os efeitos do fenótipo (massa corporal), do ambiente (diversidade e composição de árvores, precipitação) e de fatores antropogênicos (urbanização, mudanças climáticas) sobre o nicho polínico realizado de colônias de abelhas sem ferrão. Foram compilados dados de coleta de pólen para 89 colônias de 36 espécies abelhas sem ferrão, distribuídas ao longo de 48 pontos geográficos, com uma distância de cerca de 1.400 km entre os mais extremos. Modelos de mínimos quadrados generalizados (GLS) incorporando autocorrelação filogenética foram usados para testar as respostas da diversidade taxonômica de pólen (uma medida de amplitude de nicho) e a composição taxonômica de pólen (uma medida relacionada a sobreposição de nicho). Após descontar diferenças metodológicas entre os estudos, nós encontramos que a variação no nicho polínico realizado está relacionada principalmente com a urbanização e a massa corporal das espécies. Em média, colônias urbanas coletam cinco vezes mais tipos polínicos do que as silvestres, bem como apresentam composição típica para cada ambiente. A diversidade polínica coletada tende a decrescer com o aumento do tamanho corporal e, da mesma forma, abelhas tendem a coletar tipos polínicos diferentes em função do tamanho corporal. Além disso, encontramos que desde o final dos anos 1970, a diversidade polínica coletada tem diminuído e a composição coletada tem mudado, provavelmente, por mudanças relacionadas à fenologia das plantas ou à composição florística local. Em síntese, nossos resultados sugerem que o nicho polínico realizado das abelhas sem ferrão da Amazônia tem sido consideravelmente restringido por fatores diretos (urbanização) e indiretos (alterações climáticas) durante o Antropoceno.Niche breadth is a fundamental ecological trait, underlying major macroecological patterns as well as species responses to environmental change. Yet, the drivers of variation in niche breadth across geographic extents are poorly understood. Moreover, the extent to which climate change has affected niche breadth is uncertain. Plant-pollinator systems provide an opportunity to address these questions, given the wide variation in the degree of ecological specialization between and within species. Stingless bees (Meliponini) dominate pollinator assemblages in the Neotropics, and thus play key roles in ecosystem functioning and ecosystem service provision. In Amazonia, pollen gathering by stingless bee colonies has been assessed since the late 1970s over a vast geographic area. Here, we synthesized such studies to investigate the effects of phenotypic (body size), environmental (tree diversity and composition, rainfall), and anthropogenic factors (urbanization, climate change) on the realized pollen niche of stingless bee colonies. We compiled pollen data for 89 colonies of 36 stingless bees species, distributed across 48 sites over 1400 km of the Amazon Basin. Generalized Least Squares models (GLS) incorporating phylogenetic autocorrelation were used to test for responses of pollen taxonomic diversity (a measure of niche breadth) and pollen taxonomic composition (a measure related to niche overlap). After accounting for methodological differences among studies, we found that geographic variation in realized pollen niche was mainly related to urbanization and body mass. On average, urban colonies collected five times more pollen types than wild ones, and of different composition. In parallel, pollen diversity tended to decrease with body size, while bees with different sizes collected different pollen compositions. Furthermore, we found that, since the 1970s, pollen diversity used by colonies has decreased, while pollen composition has changed, possibly due to phenological mismatch with and/or shifts in species composition of flower resources. Overall, our results suggest that the realized pollen niche of Amazonian stingless bees has been significantly restricted by direct (urbanization) and indirect human impacts (climate change) during the Anthropocene.porInstituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPAEcologiaAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessClima para abelhasAbelhas sem ferrãoPolinização de abelhas sem ferrãoO papel do fenótipo e do ambiente sobre a diversidade e composição do nicho polínico de abelhas sem ferrão (Apidae: Meliponini) da Amazôniainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional do INPAinstname:Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)instacron:INPAORIGINALDaniel.pdfDaniel.pdfapplication/pdf13188598https://repositorio.inpa.gov.br/bitstream/1/12030/1/Daniel.pdf6b24a4693fd037906fced191291dea42MD511/120302020-03-17 16:16:12.758oai:repositorio:1/12030Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.inpa.gov.br/oai/requestopendoar:2020-03-17T20:16:12Repositório Institucional do INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)false |
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A amplitude de nicho é um traço ecológico fundamental pois esta relacionado com os principais padrões macroecológicos e com as respostas das espécies frente a mudanças no ambiente. Apesar disso, os determinantes da variação na amplitude de nicho, bem como a magnitude com que o clima tem afetado esse atributo são pouco conhecidos em larga escala. Sistemas polinizador-planta são oportunos para responder essas questões em vista da grande variação no grau de especialização ecológica inter e intraespecífica. Nesse sentido, as abelhas sem ferrão (Meliponini) compreendem um grupo especialmente interessante, uma vez que dominam as assembleias de polinizadores na região neotropical e exercem papéis chave no funcionamento e na provisão de serviços ecossistêmicos. Na Amazônia, a coleta de pólen por abelhas sem ferrão tem sido estudada desde o final da década de 1970, representando vários habitats encontrados na região e em larga escala. Diante disso, sintetizamos esses estudos para investigar os efeitos do fenótipo (massa corporal), do ambiente (diversidade e composição de árvores, precipitação) e de fatores antropogênicos (urbanização, mudanças climáticas) sobre o nicho polínico realizado de colônias de abelhas sem ferrão. Foram compilados dados de coleta de pólen para 89 colônias de 36 espécies abelhas sem ferrão, distribuídas ao longo de 48 pontos geográficos, com uma distância de cerca de 1.400 km entre os mais extremos. Modelos de mínimos quadrados generalizados (GLS) incorporando autocorrelação filogenética foram usados para testar as respostas da diversidade taxonômica de pólen (uma medida de amplitude de nicho) e a composição taxonômica de pólen (uma medida relacionada a sobreposição de nicho). Após descontar diferenças metodológicas entre os estudos, nós encontramos que a variação no nicho polínico realizado está relacionada principalmente com a urbanização e a massa corporal das espécies. Em média, colônias urbanas coletam cinco vezes mais tipos polínicos do que as silvestres, bem como apresentam composição típica para cada ambiente. A diversidade polínica coletada tende a decrescer com o aumento do tamanho corporal e, da mesma forma, abelhas tendem a coletar tipos polínicos diferentes em função do tamanho corporal. Além disso, encontramos que desde o final dos anos 1970, a diversidade polínica coletada tem diminuído e a composição coletada tem mudado, provavelmente, por mudanças relacionadas à fenologia das plantas ou à composição florística local. Em síntese, nossos resultados sugerem que o nicho polínico realizado das abelhas sem ferrão da Amazônia tem sido consideravelmente restringido por fatores diretos (urbanização) e indiretos (alterações climáticas) durante o Antropoceno. |
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