Investigação da hipótese de transição florestal no Vale do Ribeira (SP/PR) usando imagens de sensoriamento remoto e dados agrícolas/demográficos

• Autor(a) principal: Amanda Lopes Maciel
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do INPE
• Texto Completo: http://urlib.net/sid.inpe.br/mtc-m21c/2020/06.30.21.06

A expansão da atividade agrícola tem sido majoritariamente responsável pela perda de mais de 90% da cobertura florestal original do bioma Mata Atlântica. Evidências sugerem a recuperação da vegetação em regiões do bioma em reversão às tendências do desmatamento. Em reconhecimento à importância de relacionar os processos responsáveis pelas mudanças do uso da terra, estudos têm utilizado técnicas de sensoriamento remoto em conjunto às estatísticas agrícolas e demográficas, no intuito de investigar a associação de mudanças à cobertura florestal. Considere-se regeneração como sendo a reconstituição espontânea e natural de um ambiente após degradação ambiental e o reflorestamento, o plantio de florestas para fins comerciais, como pinus e eucalipto. Este trabalho teve como objetivo identificar e mapear as áreas de regeneração, reflorestamento e remanescentes da região do Vale do Ribeira (SP/PR) em uma série temporal de 1985 a 2017, a fim de investigar a hipótese de transição florestal na região. Foram utilizados o algoritmo de classificação Compound Maximum Likelihood, desenvolvido para minimizar erros comuns advindos de classificações de imagens de uma série temporal, e dados dos censos e estatísticas agrícolas/demográficas. Os resultados apontaram que entre 1985 e 2017 a área total dos fragmentos de remanescentes de Mata Atlântica na região decresceu 31%, enquanto a área total de reflorestamento e de regeneração aumentou 104% (65,5 mil ha) e 284% (410 mil ha), respectivamente. A análise da distribuição espacial dos fragmentos revelou que a maior taxa de desmatamento, cerca de 60%, ocorreu em áreas de menor declividade (<8%), e que as áreas reflorestadas concentraram-se em regiões de maiores declividades (8-20%). Aproximadamente 93% dos fragmentos regenerados estavam situados em áreas de até 20% de declividade, sugerindo que a preservação e recuperação foi devido ao cumprimento do Código Florestal (Lei n° 12.651/2012). Considerando-se a distribuição das coberturas florestais dentro das Unidades de Conservação, a regeneração florestal representou 30% do ganho líquido florestal total no Vale do Ribeira. Ao que se refere à distribuição dos fragmentos florestais em relação à distância das principais rodovias, cerca de 18% da regeneração centralizaram-se em até 1000 m de distância em 1985, enquanto em 2017, esse valor ultrapassa 22%, sugerindo um padrão de difusão ao longo das estradas nas últimas décadas. A análise dos censos e estatísticas agrícolas/demográficas sugere que a área de estudo inclui diferentes associações entre processos de mudanças de cobertura florestal, demográficos e de atividades econômicas, entre os quais: i) municípios com processos de industrialização e urbanização incipientes, o reflorestamento é um processo importante para a transição florestal; ii) municípios com diminuição das áreas cultivadas, diminuição da população rural, aumento do rendimento médio agrícola e aumento da renda associada à agricultura, a regeneração se estabelece como um processo importante para a transição florestal. Conclui-se que o aumento líquido de aproximadamente 6% na cobertura florestal total entre o período 1985-2017 sugere a ocorrência de transição florestal no Vale do Ribeira, explicada em decorrência das concepções do ajuste agrícola e de crescimento econômico.