Investigação magnetotelúrica da litosfera na província Ígnea do Alto Paranaíba

• Autor(a) principal: Mauricio de Souza Bologna
• Data de Publicação: 2001
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do INPE
• Texto Completo: http://urlib.net/sid.inpe.br/iris@1905/2005/08.02.22.01.38

Sondagens magnetotelúricas (MT)são apresentadas para a região da Província Ígnea do Alto Paranaíba (APIP), uma importante província diamantífera Cretácea no oeste de Minas Gerais. Além de sondagens convencionais de banda larga, apropriadas para investigações em escala crustal, sistemas MT de longo período foram utilizados para investigações do manto litosférico. Este estudo objetiva avaliar o potencial da técnica MT em estudos tectônicos nas condições do território brasileiro, particularmente numa área bem caracterizada por estudos petrológicos e geoquímicos mas praticamente desconhecida em seus aspectos geofísicos. O uso conjunto de dados de banda larga e de longo período resultou uma ampla faixa espectral, de centésimos de segundos a cerca de 14000 s, a qual permitiu conseguir importantes informações da crosta e do manto litosférico. A análise de dados indicou uma região bastante complexa, compreendida de várias anomalias de resistividade, efeitos indutivos 3D e distorções galvânicas em dados na faixa de banda larga devido a estruturas rasas, anisotropia na crosta média, variações azimutais das anisotropias, variações da direção geoelétrica ao longo do perfil e com a profundidade, e distorções galvânicas em dados de longo período em decorrência da anisotropia crustal. Com a aplicação de algoritmos esses problemas foram minimizados anteriormente à inversão de dados e, em consequência, a precisão dos resultados foi melhorada. A inversão dos dados de períodos curtos (até 53 s), de um perfil NNE com extensão de 100 km na metade sudoeste da APIP, identifica uma zona condutora uniforme de condutância de 25 S e limitada entre 3 e 5 quilômetros de profundidade. O mecanismo de condução nesse caso poderia ser proveniente de fluídos salinos, filmes de grafita interconectados ou uma combinação de ambos. Por causa de sua profundidade, essa anomalia foi interpretada como sendo uma zona fraturada possivelmente associada à base das dobras e empurrões brasilianos que recobrem o embasamento cristalino e ofuscam os limites em superfície da porção sudoeste do Cráton do São Francisco. Em torno de 10-15 km uma camada com condutância de 200 S apresenta uma anisotropia que poderia estar relacionada à macro estruturas (enxames crustais de diques)ou à micro propriedades (fases condutoras ao longo de direções preferenciais). O comportamento complexo da anisotropia requer maiores estudos. A inversão dos dados de períodos acima de 53 s incluiu sítios de sondagem ao longo de toda região da APIP, compondo um perfil NE de extensão aproximada de 180 km. Os resultados mostram que o manto sob a APIP é heterogêneo, sendo mais condutivo sob as bordas das bacias do Paraná e Alto Sanfranciscana. Estas variações nas propriedades elétricas são compatíveis com a evolução tectônica da APIP, desenvolvida entre duas sub-bacias (Uberaba e Abaeté), com soerguimento na parte central e subsidência nas sub-bacias. A concordância com dados petroquímicos sugerindo que as rochas máfica e ultramáficas foram originadas em profundidades distintas do manto heterogêneo, sustenta a hipótese de que as variações de condutividade representem assinaturas do evento termal Cretáceo.