O processo de luto, e a humanização da morte

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: ARAÚJO, Geovane Guedes de Santana
Data de Publicação: 2022
Outros Autores: EDUARDO, Gustavo Alves
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Scientia – Repositório Institucional
Texto Completo: https://repositorio.pgsskroton.com//handle/123456789/47636
Resumo: Começaremos a discussão, buscando compreender melhor sobre o processo do luto. Em seu texto luto e melancolia (1917), Freud discute um pouco sobre a distinção entre o luto e a melancolia. De acordo com o autor, o luto de um modo geral, pode ser entendido como uma reação a perda de um objeto amado. Sendo assim, esse objeto amado não precisa necessariamente se tratar de uma pessoa, podendo também se tratar de qualquer coisa que ocupou esse lugar de amor na vida do sujeito, como por exemplo um país, um animal, ou até mesmo a própria liberdade. As características do processo de luto são as mesmas da melancolia: desânimo profundamente penoso, a perda de interesse pelo mundo externo, a perda da capacidade de amar, a inibição de toda e qualquer atividade. No entanto, existe um aspecto importante na distinção entre o luto e a melancolia, que diz respeito a perda da autoestima. No luto não há perda da autoestima, enquanto na melancolia, há. Outra distinção, é que na melancolia, o objeto amado não precisa ter deixado de existir de fato, basta que se tenha perdido o seu amor. Sobre o processo de luto, pode-se dizer que ele consiste na retirada gradual do interesse daquele aquele objeto amado que já não existe mais, assim como também de todas as ligações que remetem a ele. Em termos econômicos, quando todo investimento libidinal no objeto perdido for retirado e transferido pelo Ego para outros objetos externos, e fantasias, o processo de luto se dá por concluído, ficando o Ego livre e desinibido. No entanto, isso não ocorre na melancolia. A quantidade de energia libidinal retirada da realidade dolorosa fica retida no próprio Ego, que agora passa a ocupar o lugar daquele objeto de amor perdido, e a partir daí o sujeito recai sobre uma Psicose carregada de desejo. A perda da autoestima se explica devido a esse fato. As críticas que seriam lançadas ao objeto de amor perdido passam a ser lançadas ao próprio Ego, que agora ocupa exatamente o lugar daquilo que se perdeu. Já com relação a ideia de humanização da morte, ela diz respeito a compreensão de que a morte faz parte da natureza humana, e que enquanto seres viventes, devemos tomar consciência disso. Nós, seres humanos, em grande maioria não costumamos ser conscientes o tempo todo de nossa finitude. O contato com a perda de um objeto de amor, talvez seja ainda mais doloroso para nós, porque ele nos permite por algum instante tomar consciência de nossa própria finitude. No mundo, existem muitas culturas que celebram a morte com rituais alegres, com músicas e danças, e isso demonstra como a experiência do processo de luto pode estar relacionada também a uma questão cultural, e que por isso pode se manifestar de diferentes formas em meios as mais diversas culturas existentes.
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No entanto, existe um aspecto importante na distinção entre o luto e a melancolia, que diz respeito a perda da autoestima. No luto não há perda da autoestima, enquanto na melancolia, há. Outra distinção, é que na melancolia, o objeto amado não precisa ter deixado de existir de fato, basta que se tenha perdido o seu amor. Sobre o processo de luto, pode-se dizer que ele consiste na retirada gradual do interesse daquele aquele objeto amado que já não existe mais, assim como também de todas as ligações que remetem a ele. Em termos econômicos, quando todo investimento libidinal no objeto perdido for retirado e transferido pelo Ego para outros objetos externos, e fantasias, o processo de luto se dá por concluído, ficando o Ego livre e desinibido. No entanto, isso não ocorre na melancolia. A quantidade de energia libidinal retirada da realidade dolorosa fica retida no próprio Ego, que agora passa a ocupar o lugar daquele objeto de amor perdido, e a partir daí o sujeito recai sobre uma Psicose carregada de desejo. A perda da autoestima se explica devido a esse fato. As críticas que seriam lançadas ao objeto de amor perdido passam a ser lançadas ao próprio Ego, que agora ocupa exatamente o lugar daquilo que se perdeu. Já com relação a ideia de humanização da morte, ela diz respeito a compreensão de que a morte faz parte da natureza humana, e que enquanto seres viventes, devemos tomar consciência disso. Nós, seres humanos, em grande maioria não costumamos ser conscientes o tempo todo de nossa finitude. O contato com a perda de um objeto de amor, talvez seja ainda mais doloroso para nós, porque ele nos permite por algum instante tomar consciência de nossa própria finitude. 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