Há riscos na utilização de diferentes formulações de drogas antiepilépticas? Relato da ABE através de entrevista de pessoas com epilepsia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Guilhoto,Laura Maria de Figueiredo Ferreira
Data de Publicação: 2009
Outros Autores: Alexandre,Veriano, Martins,Heloise Helena, Santos,Cristiane Maciel dos, Lin,Katia, Silva,Arthur Raymundo Chaves Oliveira da, Mesquita,Sueli, Castro,Alzira, Masuko,Alice, Yacubian,Elza Márcia Targas
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Journal of epilepsy and clinical neurophysiology (Online)
Texto Completo: http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-26492009000100009
Resumo: INTRODUÇÃO: Há controvérsias se drogas antiepilépticas (DAEs) genéricas são intercambiáveis com as de referência, assim como com as similares com respeito a eficácia e efeitos adversos. Este fato é de fundamental importância e ainda mais relevante em países em desenvolvimento com limitações orçamentárias na área de saúde. MÉTODOS: Após aprovação de Comitê de Ética a Associação Brasileira de Epilepsia aplicou um questionário a pessoas com epilepsia (PCE) com 18 questões de múltipla escolha: quatro relacionadas a dados sócio-demográficos e 14 sobre o conhecimento das formulações de DAEs (de referência, genéricas e similares) e da evidência de mudanças clínicas durante a troca (Teste exato de Fisher, significância 05%). RESULTADOS: 731 PCE de seis Hospitais do Sistema Público participaram, sendo que 91% eram de classes sócio-econômicas média e baixas; das PCE maiores de 18 anos, 24,4% tinha menos de 4 anos de escolaridade, 24,4% entre 5 a 8, 45,6 % tinha pelo menos 9 anos de estudo; 63% recebia mais de uma DAE (53,3% carbamazepina, 26,3% valproato de sódio); 58,1% obtinha as DAEs de órgãos públicos e 21,2% somente em farmácias privadas. Das 731 PCE consultadas, 60,6% não conhecia as diferentes formulações de DAEs (PCE com maior escolarização responderam mais corretamente, p<0.001); somente 36% sabia que a primeira DAE é a referência (maior escolarização, p<0.001); e 10% considerou genéricos "medicações oficiais do governo". Após serem instruídos sobre as formulações de DAEs, 24,7% não sabia que genéricos são mais baratos do que as medicações de referência, 32,5% considerou sua qualidade pior e somente 30% sabia os detalhes de sua embalagem (classes de maior renda, p=0.004). Durante o último ano, 25,6% receberam diferentes formulações de DAEs (especialmente carbamazepina e valproato de sódio) e 14,5% (especialmente com menor escolarização, p<0.001) referiram crises adicionais após a troca (carbamazepina, valproato de sódio e lamotrigina) e 12,2%, aumento de eventos adversos (carbamazepina, valproato de sódio e topiramato). CONCLUSÕES: O conhecimento de diferentes formulações foi pequena entre as PCE entrevistadas, e o recebimento de diferentes formulações de DAEs foi freqüente. Foi referido aparecimento de crises por 14,5% dos pacientes, principalmente naqueles de menor escolaridade, e ainda, aumento de efeitos adversos por ocasião das trocas (por 12,2%). Este fato deve alertar especialistas, sobretudo em países em desenvolvimento que DAEs devem ser consideradas um grupo especial em relação a políticas públicas de medicações genéricas e similares.
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