A LOUCURA COMO FORMA-DE-VIDA: RESSONÂNCIAS PROFANAS EM GIORGIO AGAMBEN E GILLES DELEUZE

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: CATENACI, Giovanni Felipe
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Metodista
Texto Completo: http://tede.metodista.br/jspui/handle/tede/2077
Resumo: Este texto visa apresentar a plausibilidade da seguinte tese: É possível concebermos a esquizofrenia, tal como a definiu Gilles Deleuze, em ressonância com a ideia de forma-de-vida postulada por Giorgio Agamben. Conceitualmente, tais afirmações remontam ao fato da secularização inserir no mundo insuspeitos ares de sacralidade e violência, o que a nosso ver torna pertinente o esforço aproximativo das teses destes dois autores; que apesar de suas divergências teóricas, parecem dialogar como veremos, em relação aos diagnósticos e, saídas para os problemas do contemporâneo. Nossa hipótese pode ser traduzida como uma tentativa de pensar o “que vem” messiânico de Agamben, em ressonância com a obra filosófica deleuzeana. Metodologicamente, partimos do texto A imanência absoluta, no qual Agamben faz um comentário à Imanência: uma vida... que por sinal, é o último texto escrito por Deleuze, mas em sintonia com os volumes de Homo Sacer e outros escritos de Agamben, para traçar uma zona de vizinhança entre os dois autores, por intermédio da qual daremos seguimento a nossa análise. Temos por objetivo demonstrar que a loucura em Deleuze, pode ser lida pela perspectiva de Agamben, como forma-de-vida, e não como doença, mas como resistência criativa e produtiva capaz por sua vez de curto-circuitar os dispositivos de governo e axiomatização, em voga nas sociedades de controle hodiernas. É a vida que se encontra como critério último em ambos os pensamentos; liberá-la é o que lhes importa. Não a vida como inclinação natural para verdade, tampouco como projeção consciencial, tal como poderíamos pensar fenomenologicamente, mas, como processo produtivo de singularização, como movimento da própria potência imanente ao vivente, como forma-de-vida. A loucura pode ser vista como uma vida que na medida em que é vivida na imanência de sua forma é capaz de profanar, ou seja, tornar inoperosos os dispositivos religiosos da sociedade de controle, liberando com isso, a potência vital que se encontra aprisionada biopoliticamente pelo Estado de Exceção permanente em que vivemos.
id METODISTA_5808adb589d808cc43c83ae087549564
oai_identifier_str oai:tahbit.umesp.edu.dti:tede/2077
network_acronym_str METODISTA
network_name_str Repositório Institucional da Metodista
repository_id_str
spelling A LOUCURA COMO FORMA-DE-VIDA: RESSONÂNCIAS PROFANAS EM GIORGIO AGAMBEN E GILLES DELEUZEMadness as a way of life: profane resonances in Giorgio Agamben and Gilles Deleuzeesquizofrenia; profanação; imanência; forma-de-vida; potência; Estado de exceção.schizophrenia; desecration; immanence; life form; potency; State of exception.CIENCIAS HUMANASEste texto visa apresentar a plausibilidade da seguinte tese: É possível concebermos a esquizofrenia, tal como a definiu Gilles Deleuze, em ressonância com a ideia de forma-de-vida postulada por Giorgio Agamben. Conceitualmente, tais afirmações remontam ao fato da secularização inserir no mundo insuspeitos ares de sacralidade e violência, o que a nosso ver torna pertinente o esforço aproximativo das teses destes dois autores; que apesar de suas divergências teóricas, parecem dialogar como veremos, em relação aos diagnósticos e, saídas para os problemas do contemporâneo. Nossa hipótese pode ser traduzida como uma tentativa de pensar o “que vem” messiânico de Agamben, em ressonância com a obra filosófica deleuzeana. Metodologicamente, partimos do texto A imanência absoluta, no qual Agamben faz um comentário à Imanência: uma vida... que por sinal, é o último texto escrito por Deleuze, mas em sintonia com os volumes de Homo Sacer e outros escritos de Agamben, para traçar uma zona de vizinhança entre os dois autores, por intermédio da qual daremos seguimento a nossa análise. Temos por objetivo demonstrar que a loucura em Deleuze, pode ser lida pela perspectiva de Agamben, como forma-de-vida, e não como doença, mas como resistência criativa e produtiva capaz por sua vez de curto-circuitar os dispositivos de governo e axiomatização, em voga nas sociedades de controle hodiernas. É a vida que se encontra como critério último em ambos os pensamentos; liberá-la é o que lhes importa. Não a vida como inclinação natural para verdade, tampouco como projeção consciencial, tal como poderíamos pensar fenomenologicamente, mas, como processo produtivo de singularização, como movimento da própria potência imanente ao vivente, como forma-de-vida. A loucura pode ser vista como uma vida que na medida em que é vivida na imanência de sua forma é capaz de profanar, ou seja, tornar inoperosos os dispositivos religiosos da sociedade de controle, liberando com isso, a potência vital que se encontra aprisionada biopoliticamente pelo Estado de Exceção permanente em que vivemos.This text aims to present the plausibility of the following thesis: It is possible to conceive schizophrenia, as defined by Gilles Deleuze, in resonance with the idea of life form postulated by Giorgio Agamben. Conceptually, such statements go back to the fact of secularization, inserting into the world unsuspected airs of sacredness and violence, which in our view makes pertinent the approximate effort of the theses of these two authors; that despite their theoretical divergences, seem to dialogue as we will see, in relation to the diagnoses and exits to the problems of the contemporary. From the text Absolute Immanence, in which Agamben makes a comment to Immanence: a life... which, by the way, is the last text written by Deleuze, we will seek to draw a neighborhood zone between them, through which we will continue our analysis. Finally, we aim to demonstrate that the madness in Deleuze can be read from Agamben's perspective as a life-form, that is, as a life which, as it is lived in the immanence of its form, is capable of profaning, that is, render the religious devices of the control society inoperable, thereby liberating the vital power that is biopolitically imprisoned by the permanent State of Exception in which we live.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPESUniversidade Metodista de Sao PauloCiencias da Religiao:Programa de Pos Graduacao em Ciencias da ReligiaoBrasilIMSCiencias da ReligiaoSouza, Vitor Chaves deRibeiro, Claudio de OliveiraQuinália Filho, RineuBarsalini , GlaucoCATENACI, Giovanni Felipe2021-04-12T20:28:18Z2020-03-27info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfCATENACI, Giovanni Felipe. A LOUCURA COMO FORMA-DE-VIDA: RESSONÂNCIAS PROFANAS EM GIORGIO AGAMBEN E GILLES DELEUZE. 2020. 250 folhas. Tese( Ciencias da Religiao) - Universidade Metodista de Sao Paulo, Sao Bernardo do Campo.http://tede.metodista.br/jspui/handle/tede/2077porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da Metodistainstname:Universidade Metodista de São Paulo (METODISTA)instacron:METODISTA2021-04-12T20:28:18Zoai:tahbit.umesp.edu.dti:tede/2077Repositório InstitucionalPRIhttp://tede.metodista.br/oai/requestbiblioteca@metodista.bropendoar:2021-04-12T20:28:18Repositório Institucional da Metodista - Universidade Metodista de São Paulo (METODISTA)false
dc.title.none.fl_str_mv A LOUCURA COMO FORMA-DE-VIDA: RESSONÂNCIAS PROFANAS EM GIORGIO AGAMBEN E GILLES DELEUZE
Madness as a way of life: profane resonances in Giorgio Agamben and Gilles Deleuze
title A LOUCURA COMO FORMA-DE-VIDA: RESSONÂNCIAS PROFANAS EM GIORGIO AGAMBEN E GILLES DELEUZE
spellingShingle A LOUCURA COMO FORMA-DE-VIDA: RESSONÂNCIAS PROFANAS EM GIORGIO AGAMBEN E GILLES DELEUZE
CATENACI, Giovanni Felipe
esquizofrenia; profanação; imanência; forma-de-vida; potência; Estado de exceção.
schizophrenia; desecration; immanence; life form; potency; State of exception.
CIENCIAS HUMANAS
title_short A LOUCURA COMO FORMA-DE-VIDA: RESSONÂNCIAS PROFANAS EM GIORGIO AGAMBEN E GILLES DELEUZE
title_full A LOUCURA COMO FORMA-DE-VIDA: RESSONÂNCIAS PROFANAS EM GIORGIO AGAMBEN E GILLES DELEUZE
title_fullStr A LOUCURA COMO FORMA-DE-VIDA: RESSONÂNCIAS PROFANAS EM GIORGIO AGAMBEN E GILLES DELEUZE
title_full_unstemmed A LOUCURA COMO FORMA-DE-VIDA: RESSONÂNCIAS PROFANAS EM GIORGIO AGAMBEN E GILLES DELEUZE
title_sort A LOUCURA COMO FORMA-DE-VIDA: RESSONÂNCIAS PROFANAS EM GIORGIO AGAMBEN E GILLES DELEUZE
author CATENACI, Giovanni Felipe
author_facet CATENACI, Giovanni Felipe
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Souza, Vitor Chaves de
Ribeiro, Claudio de Oliveira
Quinália Filho, Rineu
Barsalini , Glauco
dc.contributor.author.fl_str_mv CATENACI, Giovanni Felipe
dc.subject.por.fl_str_mv esquizofrenia; profanação; imanência; forma-de-vida; potência; Estado de exceção.
schizophrenia; desecration; immanence; life form; potency; State of exception.
CIENCIAS HUMANAS
topic esquizofrenia; profanação; imanência; forma-de-vida; potência; Estado de exceção.
schizophrenia; desecration; immanence; life form; potency; State of exception.
CIENCIAS HUMANAS
description Este texto visa apresentar a plausibilidade da seguinte tese: É possível concebermos a esquizofrenia, tal como a definiu Gilles Deleuze, em ressonância com a ideia de forma-de-vida postulada por Giorgio Agamben. Conceitualmente, tais afirmações remontam ao fato da secularização inserir no mundo insuspeitos ares de sacralidade e violência, o que a nosso ver torna pertinente o esforço aproximativo das teses destes dois autores; que apesar de suas divergências teóricas, parecem dialogar como veremos, em relação aos diagnósticos e, saídas para os problemas do contemporâneo. Nossa hipótese pode ser traduzida como uma tentativa de pensar o “que vem” messiânico de Agamben, em ressonância com a obra filosófica deleuzeana. Metodologicamente, partimos do texto A imanência absoluta, no qual Agamben faz um comentário à Imanência: uma vida... que por sinal, é o último texto escrito por Deleuze, mas em sintonia com os volumes de Homo Sacer e outros escritos de Agamben, para traçar uma zona de vizinhança entre os dois autores, por intermédio da qual daremos seguimento a nossa análise. Temos por objetivo demonstrar que a loucura em Deleuze, pode ser lida pela perspectiva de Agamben, como forma-de-vida, e não como doença, mas como resistência criativa e produtiva capaz por sua vez de curto-circuitar os dispositivos de governo e axiomatização, em voga nas sociedades de controle hodiernas. É a vida que se encontra como critério último em ambos os pensamentos; liberá-la é o que lhes importa. Não a vida como inclinação natural para verdade, tampouco como projeção consciencial, tal como poderíamos pensar fenomenologicamente, mas, como processo produtivo de singularização, como movimento da própria potência imanente ao vivente, como forma-de-vida. A loucura pode ser vista como uma vida que na medida em que é vivida na imanência de sua forma é capaz de profanar, ou seja, tornar inoperosos os dispositivos religiosos da sociedade de controle, liberando com isso, a potência vital que se encontra aprisionada biopoliticamente pelo Estado de Exceção permanente em que vivemos.
publishDate 2020
dc.date.none.fl_str_mv 2020-03-27
2021-04-12T20:28:18Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv CATENACI, Giovanni Felipe. A LOUCURA COMO FORMA-DE-VIDA: RESSONÂNCIAS PROFANAS EM GIORGIO AGAMBEN E GILLES DELEUZE. 2020. 250 folhas. Tese( Ciencias da Religiao) - Universidade Metodista de Sao Paulo, Sao Bernardo do Campo.
http://tede.metodista.br/jspui/handle/tede/2077
identifier_str_mv CATENACI, Giovanni Felipe. A LOUCURA COMO FORMA-DE-VIDA: RESSONÂNCIAS PROFANAS EM GIORGIO AGAMBEN E GILLES DELEUZE. 2020. 250 folhas. Tese( Ciencias da Religiao) - Universidade Metodista de Sao Paulo, Sao Bernardo do Campo.
url http://tede.metodista.br/jspui/handle/tede/2077
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Metodista de Sao Paulo
Ciencias da Religiao:Programa de Pos Graduacao em Ciencias da Religiao
Brasil
IMS
Ciencias da Religiao
publisher.none.fl_str_mv Universidade Metodista de Sao Paulo
Ciencias da Religiao:Programa de Pos Graduacao em Ciencias da Religiao
Brasil
IMS
Ciencias da Religiao
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da Metodista
instname:Universidade Metodista de São Paulo (METODISTA)
instacron:METODISTA
instname_str Universidade Metodista de São Paulo (METODISTA)
instacron_str METODISTA
institution METODISTA
reponame_str Repositório Institucional da Metodista
collection Repositório Institucional da Metodista
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da Metodista - Universidade Metodista de São Paulo (METODISTA)
repository.mail.fl_str_mv biblioteca@metodista.br
_version_ 1792602005937586176