UMA ECOLOGIA REFÉM DO PODER ECONÔMICO: Leitura exegética sócio-econômica de Deuteronômio 5,12-15

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Almeida, Fabio Py Murta de
Data de Publicação: 2007
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Metodista
Texto Completo: http://tede.metodista.br/jspui/handle/tede/484
Resumo: Com esse trabalho, visamos discutir a tentativa de estabelecer um equilíbrio entre o ser humano e natureza na área rural de Judá, pouco antes do reinado de Josias (640-609 a.C.). Nesse caso, pode-se perguntar: seria o mandamento de Deuteronômio 5,12-15 um discurso ecológico? A partir dos estudos de Frank Crüsemann e Haroldo Reimer se admite que partes das leis veterotestamentárias eram destinadas ao assim chamado grupo povo da terra de Judá, visando à manutenção de seu poder. O grupo teria assumido a liderança em Judá mediante um golpe político e, articulando-se, desde então, numa política de aliança para se conservar no poder, mesmo não o assumindo diretamente. Nesse contexto de política de alianças deve-se procurar a implementação do mandamento de Deuteronômio 5,12-15. Ele teria sido escrito por anciãos, um grupo junto ao qual o povo da terra teria se aliado para que ordenassem sentenças jurídicas para a acomodação social. Nesse caso, inicialmente o portão da cidade, espaço oficial para discussões, reclamações e propostas de intermediações, deve ter sido o lugar de elaboração de sentenças jurídicas sobre a utilização de técnicas na agricultura. Sendo elas posteriormente levadas ao tribunal do templo para passar pelas mãos dos sacerdotes, outro braço da coalizão. O uso dos animais de porte, cujo peso prejudicava as pequenas propriedades de terra de Judá, deve ter sido um motivo de incessantes conflitos entre pequenos e grandes proprietários de terra. Ressaltamos assim que apenas os homens mais abastados de Judá tinham acesso a esses animais. Esta solução, segundo se entende, liga o rodízio de culturas ao descanso do campo pertencente ao povo da terra de Judá. Liga-se o termo sábado com a vida da elite rural judaíta do período do reinado de Josias. Uma saída encontrada pelas elites de Judá, a qual nos leva a ponderar uma situação similar que ocorre na América Latina, diante da globalização. Se o texto Deuteronômio 5,12-15 é uma ponderação das elites hegemônicas de Judá que buscam o equilíbrio entre ser o humano e a natureza (ecologia), o discurso ecológico contemporâneo poderá ter neste texto um importante interlocutor. Esse discurso pode ocultar interesses econômicos, completamente diferentes, pois se trata de uma estratégia dominadora e não libertadora, objetivando-se, sobretudo, a reprodução social. O Brasil e os demais países da América Latina vêm sofrendo, há algum tempo, com essa distância entre a elite e o resto da sociedade. Nossas elites utilizam-se, há tempos, do discurso ecológico para se manterem no poder dessas sociedades. Por exemplo, vemos nos noticiários uma quantidade de programas e manchetes ligadas à destruição da natureza. Isso é interessante porque, após terem eles mesmo destruído a natureza, passam agora a defendê-la; controlando as reservas naturais, garantindo sua produtividade e seu status quo no sistema econômico atual.(AU)
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Ele teria sido escrito por anciãos, um grupo junto ao qual o povo da terra teria se aliado para que ordenassem sentenças jurídicas para a acomodação social. Nesse caso, inicialmente o portão da cidade, espaço oficial para discussões, reclamações e propostas de intermediações, deve ter sido o lugar de elaboração de sentenças jurídicas sobre a utilização de técnicas na agricultura. Sendo elas posteriormente levadas ao tribunal do templo para passar pelas mãos dos sacerdotes, outro braço da coalizão. O uso dos animais de porte, cujo peso prejudicava as pequenas propriedades de terra de Judá, deve ter sido um motivo de incessantes conflitos entre pequenos e grandes proprietários de terra. Ressaltamos assim que apenas os homens mais abastados de Judá tinham acesso a esses animais. Esta solução, segundo se entende, liga o rodízio de culturas ao descanso do campo pertencente ao povo da terra de Judá. Liga-se o termo sábado com a vida da elite rural judaíta do período do reinado de Josias. Uma saída encontrada pelas elites de Judá, a qual nos leva a ponderar uma situação similar que ocorre na América Latina, diante da globalização. Se o texto Deuteronômio 5,12-15 é uma ponderação das elites hegemônicas de Judá que buscam o equilíbrio entre ser o humano e a natureza (ecologia), o discurso ecológico contemporâneo poderá ter neste texto um importante interlocutor. Esse discurso pode ocultar interesses econômicos, completamente diferentes, pois se trata de uma estratégia dominadora e não libertadora, objetivando-se, sobretudo, a reprodução social. O Brasil e os demais países da América Latina vêm sofrendo, há algum tempo, com essa distância entre a elite e o resto da sociedade. Nossas elites utilizam-se, há tempos, do discurso ecológico para se manterem no poder dessas sociedades. Por exemplo, vemos nos noticiários uma quantidade de programas e manchetes ligadas à destruição da natureza. Isso é interessante porque, após terem eles mesmo destruído a natureza, passam agora a defendê-la; controlando as reservas naturais, garantindo sua produtividade e seu status quo no sistema econômico atual.(AU)There is an intention to establish a balance between human being and nature in the agricultural area of Judah, before the reign of Josiah (640-609 B.C.). In this in case that, the question could be if the sentence of Deuteronomy 5,12-15 would be an ecological speech? Frank Crüsemann and Haroldo Reimer admit part of the Old Testament laws had a destination in the group called people of the land of Judah that wanted the maintenance in the power. This group that would have assumed the leadership in Judah by means of a politician coup, since then, the people of the land had probably articulated a politic of alliance to conserve itself in the power even not assuming directly the power. They used a politic of alliances and implemented the sentence of Deuteronomy 5,12-15. It was written, by elders, group which the people of the land would have had an alliance so that they could command legal sentences for its social accommodation. In this case, in the gate of the city, way the quarrels, claims and proposals of intermediacies, it must have sentenced the use of techniques in the agriculture. The transport using big animals, whose weight harmed the small properties of Judah, must have been the reason of incessant small conflicts between e small and great land proprietors. Only few men of Judah could have access to these animals. This solution, as we understand, binds the caster of cultures to the rest of the pertaining field of the people in the land of Judah. Saturday, typical of the Babylonian empire is leagued to the term, with the life of the agricultural Jewish elite of the final period daily pre-exile. An exit found for the elites of Judah in which it takes us to ponder in a similar situation among Latin American, ahead of the challenges of the globalization. Therefore, if the text Deuteronomy 5, 12-15 is a balance of the hegemonic elites of Judah that searches the balance between human being and nature (ecology), the ecological speech contemporary will be able to have in this text an important interlocutor. This speech can occult economic interests, completely different; because it is about a dominator and not liberating strategy. The objective, over all, is for the social maintenance. In this in case that, Brazil and the other countries of Latin America have been suffering, for some time, because of this distance between the elite and the remaining portion of the society. Our elites uses the ecological speech to remain itself in the power of these societies. For example, we see in the reporters an amount of programs and news about the destruction of the nature. This is interesting, because, after having exactly destroyed the nature, they now pass to defend it; controlling the natural reserves, they guarantee its productivity and its status in the current economic system.(AU)Universidade Metodista de São Paulo1. Ciências Sociais e Religião 2. Literatura e Religião no Mundo Bíblico 3. Práxis Religiosa e SocieBRUMESPPÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃOSchwantes, MiltonCPF:56565656565http://lattes.cnpq.br/0005966445256837Porath, RenatusCPF:23132132123http://lattes.cnpq.br/9421896935205502Reimer, HaroldoCPF:21637456102http://lattes.cnpq.br/4174125300857603Almeida, Fabio Py Murta de2016-08-03T12:20:46Z2008-12-022007-12-11info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfALMEIDA, Fabio Py Murta de. UMA ECOLOGIA REFÉM DO PODER ECONÔMICO: Leitura exegética sócio-econômica de Deuteronômio 5,12-15. 2007. 146 f. Dissertação (Mestrado em 1. Ciências Sociais e Religião 2. Literatura e Religião no Mundo Bíblico 3. Práxis Religiosa e Socie) - Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2007.http://tede.metodista.br/jspui/handle/tede/484porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da Metodistainstname:Universidade Metodista de São Paulo (METODISTA)instacron:METODISTA2016-08-09T18:16:04Zoai:tahbit.umesp.edu.dti:tede/484Repositório InstitucionalPRIhttp://tede.metodista.br/oai/requestbiblioteca@metodista.bropendoar:2016-08-09T18:16:04Repositório Institucional da Metodista - Universidade Metodista de São Paulo (METODISTA)false
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