RECONHECENDO-SE SEM-RELIGIÃO NAS PERIFERIAS DA CIDADE: LIBERDADE COMPARTILHADA COMO RESISTÊNCIA

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nicolini, Marcos Henrique de Oliveira
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Metodista
Texto Completo: http://tede.metodista.br/jspui/handle/tede/1561
Resumo: Reconhecendo, a partir da constatação empírica, a multiplicidade de escolhas de crenças no Mundo e em particular na periferia urbana paulistana, reconhecemos, também, a emergência criativa de novas possibilidades de crer e não crer. Tal amplitude não apenas aponta para o crer (segundo as ofertas de um sem número de religiões) e o não crer (ateu e agnóstico), mas para uma escolha que poderia vir a ser silenciada e esquecida, neste binômio arcaico e obsoleto, quando alguém se dá à liberdade crer sem ter religião. Reconhecer interessadamente os sem-religião nas periferias urbanas paulistanas é dar-se conta das violências a que estes indivíduos estão submetidos: violência econômica, violência da cidadania (vulnerabilidade) e proveniente da armas (grupos x Estado). Tanto quanto a violência do esquecimento e silenciamento. A concomitância espaço-temporal dos sem-religião nas periferias, levou-nos buscar referências em teorias de secularização e de laicidade, e, a partir destas, traçar uma história do poder violento, cuja pretensão é a inelutabilidade, enquanto suas fissuras são abertas em espaços de resistências. A história da legitimação do poder que se quer único, soberano, de caráter universal, enquanto fragmenta a sociedade em indivíduos atomizados, fragilizando vínculos horizontais, e a dos surgimentos de resistências não violentas questionadoras da totalidade trágica, ao reconhecer a liberdade de ser com autonomia, enquanto se volta para a produção de partilha de bens comuns. Propomos reconhecer a igual liberdade de ser (expressa na crença da filiação divina) e de partilhar o bem comum em reconhecimentos mútuos (expressa pela ação social), uma expressão de resistência não violenta ao poder que requer a igual abdicação da liberdade pela via da fragmentação individualizante e submissão inquestionável à ordem totalizante. Os sem-religião nas periferias urbanas, nossos contemporâneos, partilhariam uma tal resistência, ao longo da história, com as melissas gregas, os profetas messiânicos hebreus, os hereges cristãos e os ateus modernos, cuja pretensão não é o poder, mas a partilha igual da liberdade e dos bens comuns. Estes laicos, de fato, seriam agentes de resistências de reconhecimento mútuos, em espaços de multiplicidade crescente, ao poder violento real na história.
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Reconhecer interessadamente os sem-religião nas periferias urbanas paulistanas é dar-se conta das violências a que estes indivíduos estão submetidos: violência econômica, violência da cidadania (vulnerabilidade) e proveniente da armas (grupos x Estado). Tanto quanto a violência do esquecimento e silenciamento. A concomitância espaço-temporal dos sem-religião nas periferias, levou-nos buscar referências em teorias de secularização e de laicidade, e, a partir destas, traçar uma história do poder violento, cuja pretensão é a inelutabilidade, enquanto suas fissuras são abertas em espaços de resistências. A história da legitimação do poder que se quer único, soberano, de caráter universal, enquanto fragmenta a sociedade em indivíduos atomizados, fragilizando vínculos horizontais, e a dos surgimentos de resistências não violentas questionadoras da totalidade trágica, ao reconhecer a liberdade de ser com autonomia, enquanto se volta para a produção de partilha de bens comuns. Propomos reconhecer a igual liberdade de ser (expressa na crença da filiação divina) e de partilhar o bem comum em reconhecimentos mútuos (expressa pela ação social), uma expressão de resistência não violenta ao poder que requer a igual abdicação da liberdade pela via da fragmentação individualizante e submissão inquestionável à ordem totalizante. Os sem-religião nas periferias urbanas, nossos contemporâneos, partilhariam uma tal resistência, ao longo da história, com as melissas gregas, os profetas messiânicos hebreus, os hereges cristãos e os ateus modernos, cuja pretensão não é o poder, mas a partilha igual da liberdade e dos bens comuns. Estes laicos, de fato, seriam agentes de resistências de reconhecimento mútuos, em espaços de multiplicidade crescente, ao poder violento real na história.Recognizing, trough the empirical observation, the multiplicity of beliefs choices in the world and particularly in São Paulo's urban periphery, we also recognize the creative emergence of new possibilities of believing and not believing. Such a scale not only points to believing (according to the offers from a number of religions) and not believing (atheist and agnostic choice), but for a choice, that could be silenced and forgotten in this archaic and obsolete binomial, when someone gives himself the freedom to believe without religion. To recognize interestedly the without-religion in the São Paulo urban peripheries is to realize the violence of which these individuals are subject: economic violence, violence of citizenship (social vulnerability) and violence from firearm (group x State). As well the violence of forgetting and silencing. The space-temporal concurrence of non-religion in the suburbs, led us to seek references on theories of secularization and laicism, and, from these, drawing a history of violent power, which claim is the inevitability, while their breaches are opened in space of resistances. The story of power of legitimacy that arises single, sovereign, universal character, while fragments society into atomized individuals, weakening horizontal linkages, and the appearances of non-violent resistance questioning the tragic totality, by recognizing the freedom of autonomously being while turns to the production division of joint property. We propose to recognized the equal freedom of being (expressed by the belief in the divine filiation) and share the common good in mutual recognition (expressed by the social action), a non-violent resistance expression to the power that requires the equal abdication of freedom via individualizing fragmentation and unquestioning submission to the totalitarian order. Those non-religion in urban peripheries, our contemporaries, would share such a resistance, throughout history, with the Greek melissas, the Messianic Hebrew prophets, Christian heretics and modern atheists, whose claim is not power, but the equal sharing of freedom and common goods. These secular, in fact, would be resistance agents of mutual recognition, in areas of increasing multiplicity, to the actual violent power in history.Universidade Metodista de Sao PauloCiencias da Religiao:Programa de Pos Graduacao em Ciencias da ReligiaoBrasilIMSCiencias da ReligiaoBarrera Rivera , Dario PauloRenders , HelmutAbumanssur , Edin SuedBitun, RicardoNicolini, Marcos Henrique de Oliveira2016-09-14T17:52:26Z2015-07-30info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfNicolini, Marcos Henrique de Oliveira. RECONHECENDO-SE SEM-RELIGIÃO NAS PERIFERIAS DA CIDADE: LIBERDADE COMPARTILHADA COMO RESISTÊNCIA. 2015. [542f]. 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