A “REVOLTA DA INEFICIÊNCIA”: OS ACONTECIMENTOS DE JUNHO DE 2013 NO BRASIL E SUAS DESTITUIÇÕES POLÍTICO-TEOLÓGICAS

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: SOUZA, Daniel Santos
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Metodista
Texto Completo: http://tede.metodista.br/jspui/handle/tede/1895
Resumo: O interesse dessa tese de doutorado é ensaiar uma leitura teológica atravessada e provocada pelas potências destituintes nos acontecimentos de junho de 2013 no Brasil. Nessa perspectiva, “junho” estaria afastado de um “poder constituinte”, na busca de uma nova ordem institucional e novamente enquadrado em um “paradigma securitário” do estado e em suas relações com o capitalismo neoliberal. Desse modo, entendo que aqueles acontecimentos podem ser interpretados para além da pergunta pela consequência político-estratégica e vistos como uma revolta capaz de expor a anarquia e a anomia capturadas nas tecnologias da “máquina governamental”. Como percurso metodológico, interessei-me em “catar” as imagens deixadas para trás nesses acontecimentos. A partir de mensagens levadas às ruas por meio de pichações, faixas, cartazes e bandeiras, desejei encontrar rastros destituintes e ineficientes, em alianças dos corpos que criam novas habitações da cidade. Com esse olhar, assumi “junho” como uma dobradiça político-teológica. De um lado, desvela a assinatura teológica do estado e possui um potencial profanatório e destituinte do fazer-político moderno. Do outro, ao indicar outros modos de viver a política e (re)imaginar o “sagrado” do estado, “dividindo a divisão” entre sagrado e profano, junho favorece os processos de revisão dos projetos de teologias, como a latino-americana da libertação (TdL). Para o exercício de imaginar rastros teológicos em junho de 2013, tomei como referencial teórico o filósofo italiano Giorgio Agamben (1942-), especialmente o seu projeto Homo sacer. Junto a isso, busquei construir tensões criativas entre uma “teologia inoperosa” e o paradigma teológico do êxodo, central nas TdL, focado na identidade (sujeito oprimido), no soberano (Deus libertador), no povo/nação, na posse da terra e na operatividade da luta. A escolha da TdL se deve à vinculação de uma espiritualidade desde e com as lutas populares e pelos seus interesses de se refletir e construir projetos políticos. Essas interações, desde junho, podem abrir possibilidades para novos usos da política e para se “pensar o impensado” como uma teologia ineficiente, orientada, por exemplo, a partir da concepção hebraica do sábado. A leitura ensaiada nessa tese é diagramática e cria algum sentido para expressões teológicas, com ênfase no espirito e no tempo messiânico, na libertação e imanência de deus e na graça de uma “comunidade que vem”. Por fim, em uma dimensão inoperosa da escrita, a tese se encerra com uma intervenção artística nas ruas da cidade de São Paulo, nomeada como: “rastros de deus nos rastros de junho”.
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Desse modo, entendo que aqueles acontecimentos podem ser interpretados para além da pergunta pela consequência político-estratégica e vistos como uma revolta capaz de expor a anarquia e a anomia capturadas nas tecnologias da “máquina governamental”. Como percurso metodológico, interessei-me em “catar” as imagens deixadas para trás nesses acontecimentos. A partir de mensagens levadas às ruas por meio de pichações, faixas, cartazes e bandeiras, desejei encontrar rastros destituintes e ineficientes, em alianças dos corpos que criam novas habitações da cidade. Com esse olhar, assumi “junho” como uma dobradiça político-teológica. De um lado, desvela a assinatura teológica do estado e possui um potencial profanatório e destituinte do fazer-político moderno. Do outro, ao indicar outros modos de viver a política e (re)imaginar o “sagrado” do estado, “dividindo a divisão” entre sagrado e profano, junho favorece os processos de revisão dos projetos de teologias, como a latino-americana da libertação (TdL). Para o exercício de imaginar rastros teológicos em junho de 2013, tomei como referencial teórico o filósofo italiano Giorgio Agamben (1942-), especialmente o seu projeto Homo sacer. Junto a isso, busquei construir tensões criativas entre uma “teologia inoperosa” e o paradigma teológico do êxodo, central nas TdL, focado na identidade (sujeito oprimido), no soberano (Deus libertador), no povo/nação, na posse da terra e na operatividade da luta. A escolha da TdL se deve à vinculação de uma espiritualidade desde e com as lutas populares e pelos seus interesses de se refletir e construir projetos políticos. Essas interações, desde junho, podem abrir possibilidades para novos usos da política e para se “pensar o impensado” como uma teologia ineficiente, orientada, por exemplo, a partir da concepção hebraica do sábado. A leitura ensaiada nessa tese é diagramática e cria algum sentido para expressões teológicas, com ênfase no espirito e no tempo messiânico, na libertação e imanência de deus e na graça de uma “comunidade que vem”. Por fim, em uma dimensão inoperosa da escrita, a tese se encerra com uma intervenção artística nas ruas da cidade de São Paulo, nomeada como: “rastros de deus nos rastros de junho”.This doctoral dissertation seeks to rehearse a theological reading cut through and provoked by the destituting potencies in the events of June 2013 in Brazil. In this perspective, “June” is uncoupled to the “constituting power” that pursues a new institutional order and framed in the “security state paradigm” and its relations to neoliberal capitalism. In this way, I understand that these events can be interpreted beyond matters of political-strategic consequences and rather seen as a revolt capable of exposing the anarchy and lawlessness present in the technologies of the “government machine.” For my methodological trajectory, I was interested in “collecting” the images left behind in these events. Through street massages such as graffiti, banners, signs, and flags, I wished to find destituting and inefficient traces in an alliance of bodies that create new habitats in the city. With this outlook, I come to “June” as a political-theological hinge. On the one hand, it reveals the theological signature of the state and presents a profanatory and destituting potential of modern politics. On the other hand, by indicating other modes of political living and by (re)imagining the “sacred” in the State and by “dividing the division” between sacred and profane, June favors processes of revising theological projects, such as Latin American liberation theology. In order to imagines the theological traces of June 2013, I employed as my theoretical reference the work of Italian philosopher Giorgio Agamben (1942-), especially in his project Homo sacer. Together with this, I sought to construct creative tensions between an “inoperant theology” and the theological paradigm of the Exodus, central to liberation theologies that focus on identity (the oppressed subject), sovereignty (the liberating God), the nation/people, the possession of the land, and on the effectiveness of the struggle. My choice for liberation theologies is due to its ties to a spirituality that assumes and is connected to popular struggles and for its interest in reflecting and constructing political projects. These interactions, under the guise of June, can open up possibilities for new uses of politics and in “thinking the unthinkable” as an inefficient theology, oriented, for example, toward the Hebrew conception of sabbath. The reading offered by this dissertation is diagrammatical and it creates certain space for theological expressions with an emphasis on the spirit and the messianic time, in liberation, god’s immanence, and on the grace of the “community to come.” Finally, exploring an inefficient dimension of writing, the dissertation concludes with an artistic intervention in the streets of the city of São Paulo, entitled: “traces of god in the traces of June.”Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPESUniversidade Metodista de Sao PauloCiencias da Religiao:Programa de Pos Graduacao em Ciencias da ReligiaoBrasilIMSCiencias da ReligiaoRibeiro , ClaudioRenders, HelmutBarsalini, GlaucoSouza , Vitor Chaves deOrozco, YuryCarvalhaes , CláudioTible , JeanSOUZA, Daniel Santos2019-08-23T19:50:30Z2019-05-21info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfSOUZA, Daniel Santos. A “REVOLTA DA INEFICIÊNCIA”: OS ACONTECIMENTOS DE JUNHO DE 2013 NO BRASIL E SUAS DESTITUIÇÕES POLÍTICO-TEOLÓGICAS. 2019. 349 folhas. Tese( Ciencias da Religiao) - Universidade Metodista de Sao Paulo, São Bernardo do Campo.http://tede.metodista.br/jspui/handle/tede/1895porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da Metodistainstname:Universidade Metodista de São Paulo (METODISTA)instacron:METODISTA2019-08-23T19:50:30Zoai:tahbit.umesp.edu.dti:tede/1895Repositório InstitucionalPRIhttp://tede.metodista.br/oai/requestbiblioteca@metodista.bropendoar:2019-08-23T19:50:30Repositório Institucional da Metodista - Universidade Metodista de São Paulo (METODISTA)false
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