As sagradas de Asherah e YHWH: narrativa e memória do sacerdócio feminino no templo de Jerusalém

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Matos, Sue’Hellen Monteiro de
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Metodista
Texto Completo: http://tede.metodista.br/jspui/handle/tede/2247
Resumo: Esta pesquisa analisa o sacerdócio feminino no templo de Jerusalém a serviço do casal divino, Asherah e YHWH, tendo como principal objeto a narrativa de 2Rs 23,4-14. A este objeto foram agregadas análises das evidências arqueológicas acerca do culto à Asherah e ao casal divino, bem como o exame das fontes textuais e iconográficas que asseveram as diversas categorias sacerdotais de mulheres no Antigo Oriente Próximo. Considerando os resultados destas análises conclui-se que “as mulheres que teciam vestes à Asherah”, mencionadas no texto bíblico (v.7), seriam, não apenas sacerdotisas de Asherah, mas também de YHWH. Com isto, a tese argumenta acerca da legitimidade do espaço cúltico das mulheres no principal templo de Judá, Jerusalém. Elas participam, não apenas no ambiente doméstico da religião privada, mas também no espaço de culto da religião pública, atuando também nos espaços de poder. No entanto, embora as “mulheres que teciam vestes à Asherah” sejam sacerdotisas, elas não são nomeadas como tal. Isto porque há uma política de memória de gênero por parte dos redatores bíblicos que selecionam o que narrar, como narrar, e o que esquecer. Por isso, analisou-se a construção narrativa e a política de memória de gênero do discurso ‘vitorioso’ de Josias que constrói um repúdio às mulheres, à Deusa e aos outros Deuses e seus sacerdotes expulsos em sua reestruturação religiosa exclusivamente javista. Esta pesquisa foi realizada a partir de levantamento bibliográfico de obras publicadas no Brasil e no exterior, as quais informam sobre estágio atual das pesquisas acerca de Asherah e suas sacerdotisas, tanto do ponto de vista da literatura bíblica quanto das evidências arqueológicas. O texto de 2Rs 23,4-14 foi analisado através da exegese em perspectiva feminista. Esta metodologia inclui os passos do método histórico-crítico e crítica das formas, com a discussão das relações de poder entre os sexos dentro de uma cultura kyriarcal. Por fim, discutiu-se sobre o processo de silenciamento, ocultamento e desqualificação das mulheres que serviam à Deusa Asherah, e também a YHWH, bem como a própria linguagem violenta contra a Deusa. Esta discussão foi realizada a partir dos pressupostos teóricos de Paul Ricoeur sobre política de memória e de Elisabeth Schüssler Fiorenza acerca da hermenêutica da suspeita e da relembrança. Conclui-se que há uma política de memória de gênero utilizada pelos redatores bíblicos, a qual apaga a memória da Deusa Asherah e a desassocia de YHWH, assim como invisibiliza o sacerdócio feminino no templo de Jerusalém, negando às mulheres o espaço sagrado e de poder que outrora tinha sido ocupado por elas. Por conseguinte, elaborou-se uma nova política de memória: havia um culto oficial ao casal divino em Jerusalém, no qual mulheres e homens exerciam o sacerdócio (AU)
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Considerando os resultados destas análises conclui-se que “as mulheres que teciam vestes à Asherah”, mencionadas no texto bíblico (v.7), seriam, não apenas sacerdotisas de Asherah, mas também de YHWH. Com isto, a tese argumenta acerca da legitimidade do espaço cúltico das mulheres no principal templo de Judá, Jerusalém. Elas participam, não apenas no ambiente doméstico da religião privada, mas também no espaço de culto da religião pública, atuando também nos espaços de poder. No entanto, embora as “mulheres que teciam vestes à Asherah” sejam sacerdotisas, elas não são nomeadas como tal. Isto porque há uma política de memória de gênero por parte dos redatores bíblicos que selecionam o que narrar, como narrar, e o que esquecer. Por isso, analisou-se a construção narrativa e a política de memória de gênero do discurso ‘vitorioso’ de Josias que constrói um repúdio às mulheres, à Deusa e aos outros Deuses e seus sacerdotes expulsos em sua reestruturação religiosa exclusivamente javista. Esta pesquisa foi realizada a partir de levantamento bibliográfico de obras publicadas no Brasil e no exterior, as quais informam sobre estágio atual das pesquisas acerca de Asherah e suas sacerdotisas, tanto do ponto de vista da literatura bíblica quanto das evidências arqueológicas. O texto de 2Rs 23,4-14 foi analisado através da exegese em perspectiva feminista. Esta metodologia inclui os passos do método histórico-crítico e crítica das formas, com a discussão das relações de poder entre os sexos dentro de uma cultura kyriarcal. Por fim, discutiu-se sobre o processo de silenciamento, ocultamento e desqualificação das mulheres que serviam à Deusa Asherah, e também a YHWH, bem como a própria linguagem violenta contra a Deusa. Esta discussão foi realizada a partir dos pressupostos teóricos de Paul Ricoeur sobre política de memória e de Elisabeth Schüssler Fiorenza acerca da hermenêutica da suspeita e da relembrança. Conclui-se que há uma política de memória de gênero utilizada pelos redatores bíblicos, a qual apaga a memória da Deusa Asherah e a desassocia de YHWH, assim como invisibiliza o sacerdócio feminino no templo de Jerusalém, negando às mulheres o espaço sagrado e de poder que outrora tinha sido ocupado por elas. Por conseguinte, elaborou-se uma nova política de memória: havia um culto oficial ao casal divino em Jerusalém, no qual mulheres e homens exerciam o sacerdócio (AU)This research analyzes the female priesthood in the temple of Jerusalem at the service of the divine couple, Asherah and YHWH. This service has as its main object the narrative of 2 Kings 23:4-14. To this object were added analyses of the archaeological evidence about the cult of Asherah and the divine couple, as well as the examination of textual and iconographic sources that ascertain the various priestly categories of women in the Ancient Near East. Considering the results of these analyses it is concluded that "the women who wove garments to Asherah" mentioned in the biblical text (v.7) would be, not only priestesses of Asherah, but also of YHWH. With this, the thesis argues for the legitimacy of the cultic space of women in the main temple of Judah, Jerusalem. They took part not only in the domestic setting of private religion, but also in the worship space of public religion, also acting in spaces of power. However, although the "women who wove robes to Asherah" are priestesses, they are not named as such. This is because there is a gendered memory politics carried out by the biblical writers who selected what to describe, how to describe them, and what has to be forgotten. Therefore, we have analyzed the narrative construction and gendered memory politics of Josiah's 'victorious' discourse that constructs a repudiation of women, the Goddess, other Gods, and their priests, all expelled in his exclusively Javish religious restructuring. This research was based on a bibliographical survey of works published in Brazil and abroad, which inform about the current stage of research on Asherah and her priestesses, both from the point of view of biblical literature and archaeological evidence. The text of 2 Kings 23:4-14 was analyzed through exegesis from a feminist perspective. This methodology includes the steps of the historical-critical method and form criticism, with a discussion of power relations between the sexes within a kyriarchal culture. Finally, the process of silencing, concealing, and disqualifying the women who served the Goddess Asherah, and also YHWH, was discussed, as well as the violent language against the Goddess itself. This discussion was based on the theoretical assumptions of Paul Ricoeur about the politics of memory and of Elisabeth Schüssler Fiorenza about the hermeneutics of suspicion and remembrance. It is concluded that there is a gender politics of memory used by the biblical redactors, which erases the memory of the Goddess Asherah and disassociates her from YHWH, as well as invisibilizes female priesthood in the Jerusalem temple, denying women the sacred space and power that had once been occupied by them. Consequently, a new politics of memory was elaborated: there was an official worship of the divine couple in Jerusalem, in which women and men were part of the priesthood. (AU)Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPESUniversidade Metodista de Sao PauloCiencias da Religiao:Programa de Pos Graduacao em Ciencias da ReligiaoBrasilIMSCiencias da ReligiaoKaefer, José AdemarLópes , Maricel MenaBachmann, Mercedes Laura GarciaCarneiro , Marcelo da SilvaSantos , Suely Xavier dosMatos, Sue’Hellen Monteiro de2022-11-25T19:16:47Z2022-09-19info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfMatos, Sue’Hellen Monteiro de. As sagradas de Asherah e YHWH: narrativa e memória do sacerdócio feminino no templo de Jerusalém. 2022. 228 folhas. 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