Samaritanos e Judaítas, entre compartilhamentos e rivalidades durante os períodos persa e helenístico: uma herança negada

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Omar João da
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Metodista
Texto Completo: http://tede.metodista.br/jspui/handle/tede/2293
Resumo: O delineamento desta pesquisa e, por conseguinte, sua delimitação, dá-se a partir do tema “a relação entre samaritanos e judaítas entre os séculos VI-II a.C”. A este exame se agrupa e se explora os estudos de evidências literárias bíblicas e extrabíblicas, arqueológicas, régias, iconográficas, numismáticas, epigráficas, paleográficas, entre outras. Refletindo os apuramentos destas análises é possível questionar algumas posições largamente difundidas e norteadoras de boa parte das pesquisas acadêmicas sobre a origem e a história dos samaritanos e sua relação com os judaítas. Conclui-se, portanto, que o termo samaritano possui estreita relação com a história de Samaria, a capital do antigo reino de Israel Norte, e que é uma designação atribuída pelos assírios a toda população norte-israelita quando estes conquistaram o antigo reino de Israel Norte, em 722/20 a.C. Também conclui-se que o fim do antigo reino de Israel Norte não é o fim de sua população. As evidências confirmam que a maioria da população norte-israelita permaneceu na terra e que Samaria não foi destruída. Com isso, a tese reafirma a continuidade populacional do Norte e a preservação de sua cultura material e religosa. Outra conclusão é que houve uma intensa relação de partilha e compartilhamentos mútuos, em diversos níveis, entre yahwistas nortistas e yahwistas sulistas até o fim do século II a.C., quando ocorreram os primeiros, incisivos e profundos estranhamentos entre ambas as comunidades. O processo de estranhamentos e posterior segregação entre judaítas e samaritanos teve início quando os hasmoneus, um dos grupos de resistência contrários à cultura helênica e sua forma de organizar e pensar a sociedade, assume o governo em Judá e tem como política ideológica as reformas de Ezequias e Josias. Os hasmoneus não possuíam linhagem real nem sacerdotal e, para se estabelecer no poder, implantam uma cultura de exclusão, negação e diferenciação. Para tal, se valem de narrativas literárias e discursivas, a fim de consolidar uma “cultura de rivalidades e ressentimentos”, legitimadas por produções, inserções, adequações e ressignificações textuais como Esd/Ne, 1 e 2Cr, 2Rs 17.24, Gn 34, 37-38, entre outros. O resultado, portanto, é a criação de um ciclo de violências, alienações, separações, exclusões, estereótipos, cisões e negações, com o intuito de estabelecer identidades. Realizamos esta pesquisa, principalmente por meio de um levantamento bibliográfico de obras publicadas no exterior, as quais informam o estágio atual das pesquisas acerca dos samaritanos e sua relação com os judaítas, tanto do ponto de vista da literatura bíblica quanto das evidências arqueológicas. Assim, conclui-se que a narrativa sobre uma cisão e ruptura entre samaritanos e judaítas datadas para o século VIII a.C., serve aos interesses de negar a herança samaritana na reconstrução e na reorganização social, cultural e religiosa de Judá, após seu colapso para os babilônios.(AU)
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Refletindo os apuramentos destas análises é possível questionar algumas posições largamente difundidas e norteadoras de boa parte das pesquisas acadêmicas sobre a origem e a história dos samaritanos e sua relação com os judaítas. Conclui-se, portanto, que o termo samaritano possui estreita relação com a história de Samaria, a capital do antigo reino de Israel Norte, e que é uma designação atribuída pelos assírios a toda população norte-israelita quando estes conquistaram o antigo reino de Israel Norte, em 722/20 a.C. Também conclui-se que o fim do antigo reino de Israel Norte não é o fim de sua população. As evidências confirmam que a maioria da população norte-israelita permaneceu na terra e que Samaria não foi destruída. Com isso, a tese reafirma a continuidade populacional do Norte e a preservação de sua cultura material e religosa. Outra conclusão é que houve uma intensa relação de partilha e compartilhamentos mútuos, em diversos níveis, entre yahwistas nortistas e yahwistas sulistas até o fim do século II a.C., quando ocorreram os primeiros, incisivos e profundos estranhamentos entre ambas as comunidades. O processo de estranhamentos e posterior segregação entre judaítas e samaritanos teve início quando os hasmoneus, um dos grupos de resistência contrários à cultura helênica e sua forma de organizar e pensar a sociedade, assume o governo em Judá e tem como política ideológica as reformas de Ezequias e Josias. Os hasmoneus não possuíam linhagem real nem sacerdotal e, para se estabelecer no poder, implantam uma cultura de exclusão, negação e diferenciação. Para tal, se valem de narrativas literárias e discursivas, a fim de consolidar uma “cultura de rivalidades e ressentimentos”, legitimadas por produções, inserções, adequações e ressignificações textuais como Esd/Ne, 1 e 2Cr, 2Rs 17.24, Gn 34, 37-38, entre outros. O resultado, portanto, é a criação de um ciclo de violências, alienações, separações, exclusões, estereótipos, cisões e negações, com o intuito de estabelecer identidades. Realizamos esta pesquisa, principalmente por meio de um levantamento bibliográfico de obras publicadas no exterior, as quais informam o estágio atual das pesquisas acerca dos samaritanos e sua relação com os judaítas, tanto do ponto de vista da literatura bíblica quanto das evidências arqueológicas. Assim, conclui-se que a narrativa sobre uma cisão e ruptura entre samaritanos e judaítas datadas para o século VIII a.C., serve aos interesses de negar a herança samaritana na reconstrução e na reorganização social, cultural e religiosa de Judá, após seu colapso para os babilônios.(AU)The outline of this research and, therefore, its delimitation, takes place from the theme "the relationship between samaritans and judaites between the VI-II centuries BC". To this examination is grouped and explored by studies of biblical and extra-biblical literary, archaeological, royal, iconographic, numismatic, epigraphic, paleographical evidence, among others. Reflecting the findings of these analyses, it is possible to question some widely disseminated positions that guide much of the academic research on the origin and history of the samaritans and their relationship with the Judaites. It is concluded, therefore, that the term samaritan has a close relationship with the history of Samaria, the capital of the ancient kingdom of Northern Israel, and that it is a designation attributed by the Assyrians to the entire northern Israelite population when they conquered the ancient kingdom of Israel. North, in 722/20 BC. It also follows that the end of the ancient kingdom of Northern Israel is not the end of its population. Evidence confirms that most of the North Israelite population remained in the land and that Samaria was not destroyed. With this, the thesis reaffirms the population continuity of the North and the preservation of its material and religious culture. Another conclusion is that there was an intense relationship of sharing and mutual sharing, at different levels, between northern yahwists and southern yahwists until the end of the second century BC, when the first, incisive and profound estrangement between both communities occurred. The process of estrangement and subsequent segregation between judaites and samaritans began when the Hasmoneans, one of the resistance groups opposed to Hellenic culture and its way of organizing and thinking about society, takes over the government in Judah and has as ideological policy the reforms of Hezekiah and Josiah. The Hasmoneans had no royal or priestly lineage and, in order to establish themselves in power, they implanted a culture of exclusion, denial and differentiation. To this end, they make use of literary and discursive narratives, in order to consolidate a “culture of rivalries and resentments”, legitimized by textual productions, insertions, adjustments and resignifications such as Esd/Ne, 1 and 2Cr, 2Ks 17.24, Gn 34, 37 -38, among others. The result, therefore, is the creation of a cycle of violence, alienation, separations, exclusions, stereotypes, divisions and denials, with the aim of establishing identities. We carried out this research, mainly through a bibliographic survey of works published abroad, which inform the current stage of research on the Samaritans and their relationship with the Judaites, both from the point of view of biblical literature and archaeological evidence. Thus, it is concluded that the narrative about a split and rupture between samaritans and judaites dated to the eighth century BC, serves the interests of denying the samaritan heritage in the reconstruction and social, cultural and religious reorganization of Judah, after its collapse to the Babylonians.(AU)Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPESUniversidade Metodista de Sao PauloCiencias da Religiao:Programa de Pos Graduacao em Ciencias da ReligiaoBrasilIMSCiencias da ReligiaoKaefer, José AdemarSantos, Suely Xavier dosGarcia, Paulo RobertoChevitarese, André LeonardoSilva, Valmor daMendonça, Élcio Valmiro Sales deSilva, Omar João da2023-06-13T16:24:07Z2023-04-04info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfSilva, Omar João da. Samaritanos e Judaítas, entre compartilhamentos e rivalidades durante os períodos persa e helenístico: uma herança negada. 2023. 240 folhas. 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