Os pecados da castidade em dois gêneros de discurso de Anchieta: cartas e manual de confissão (século XVI)

• Autor(a) principal: Mota, Jaqueline Ferreira da
• Data de Publicação: 2007
• Outros Autores: Barros, Maria Cândida D. Mendes
• Tipo de documento: Artigo de conferência
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional do MPEG
• Texto Completo: https://repositorio.museu-goeldi.br/handle/mgoeldi/2391
• topic: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::ANTROPOLOGIA; Cartas jesuíticas; Confessionário anchietano; Luxúria

O manual de confissão anchietano em tupi (1992) apresenta as principais preocupações do jesuíta quanto à evangelização dos índios tupinambá do século XVI. O sexto mandamento "Eporopotarumé - Não desejes gente sensualmente" reúne o discurso tridentino sobre a moralização dos corpos e sobre o projeto de família cristã que os padres da Companhia de Jesus pretendiam instalar na colônia. A luxúria, um dos sete pecados capitais é subdividida em seis espécies - adultério, incesto, fornicação simples, estupro, rapto, pecado contra a natureza - e relacionada a pensamentos impuros, tocamentos, e palavras consideradas desonestas. O objetivo deste trabalho é comparar a forma de tratar os pecados contra a luxúria em dois discursos: o confessionário tupi e as cartas para o público europeu. As perguntas contidas no confessionário tupi de José de Anchieta trazem como tema principal os pecados contra a natureza (masturbação e sodomia). As cartas trocadas entre Anchieta e seus pares jesuítas, correspondência reunida por Serafim Leite no Monumenta Brasiliae (1956-1960), destaca a poligamia indígena e o amancebamento entre índias e brancos. Procuraremos delinear as razões para as diferenças entre as fontes na forma de tratamento da luxúria. Nossa hipótese atual é a de que a valorização dada ao pecado contra a natureza no confessionário e às práticas do adultério e da poligamia nas cartas, se devem à especificidade dos interlocutores em cada um dos discursos: o manual de confissão se dirige ao penitente indígena e as cartas são dirigidas aos religiosos da Europa com o objetivo de mostrar que a missão no Brasil estava dando certo. O trabalho utiliza como metodologia análise das fontes anchietanas e leitura de bibliografia básica referente ao tema da confissão como Jean Delumeau (1991) e Ângela Mendes de Almeida (1992).