Taxonomia e filogeografia de myrmotherula iheringi (aves: thamnophilidae)

• Autor(a) principal: Miranda, Leonardo de Sousa
• Data de Publicação: 2008
• Outros Autores: Aleixo, Alexandre
• Tipo de documento: Artigo de conferência
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional do MPEG
• Texto Completo: https://repositorio.museu-goeldi.br/handle/mgoeldi/2522
• topic: CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS::ZOOLOGIA::TAXONOMIA DOS GRUPOS RECENTES; Diversidade críptica; Filogeografia; Sistemática

A espécie Myrmotherula iheringi (Thamnophilidae) é composta por duas subespécies que ocorrem na Amazônia centro-ocidental: M. i. iheringi e M. i. heteroptera. Morfologicamente, estes táxons são diferenciados apenas por caracteres sutis de plumagem das fêmeas. No entanto, estudos de campo recentes revelaram que M. i. iheringi e M. i. heteroptera também possuem vocalizações distintas, o que levou a suspeita de se tratarem de unidades evolutivas independentes. Para isso, avaliamos o nível de independência evolutiva destes táxons com base em 1701 pb dos genes mitocondriais ND2 e citb, sequenciados para um espécime de M. i. iheringie 10 espécimes de heteroptera. Além disso, foram analisadas 39 peles depositadas nas coleções do Museu Paraense Emilio Goeldi, Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo e do Carnegie Museum of Natural History, correspondendo a 10 localidades, que englobam toda a distribuição de M. iheringi. Foram utilizados os caracteres: Comprimento da asa, Comproda cauda, Comprodo tarso, Comprodo bico, Altura do bico e Largura do bico; e analisados através de um testt para detectar diferenças entre os táxons e análises multivariadas (ACP e AFD) para demonstrar a segregação entre os mesmos. As análises filogenéticas foram realizadas no software PAUP 4.0b usando os métodos de Máxima Parcimônia (MP) e Máxima Verossimilhança (MV).As árvores de MP e MV foram congruentes (0=0.69; RI=O,90)em mostrar a existência de três dados principais com forte apoio estatístico: o dado A, induindo os espécimes de M. i. iheringido centro de endemismo Rondônia; o dado B,contendo os espécimes na porção sul do centro de endemismo Inambari; e o dado C, contendo os espécimes da porção norte do centro de endemismo Inambari. De acordo com o teste t, poucos caracteres morfológicos são diagnósticos entre os táxons do dado A e B; apenas os caracteres Comproda cauda e Altura do bico apresentaram diferenças significativas. Entretanto, quando comparados ao dado C, todos os caracteres apresentaram diferença. AACP também corroborou essa segregação, demonstrando que o Compro da cauda e as medidas de bico são responsáveis por aproximadamente 67% da variação. A análise de função discriminante demonstrou que 89% dos espécimes considerados dentro do dado A estavam agrupados corretamente; da mesma forma que 75% dos espécimes considerados como pertencentes ao dado B e 89% dos espécimes considerados do dado C, também estavam agrupados corretamente (Wilks' lambda = 0.213; F= 4.280; P = 0,000). Além destas diferenças, os dados A B e C correspondem aos dois tipos vocais distintos de M. iheringi, reforçando seu status como espécies independentes. Os dados também revelaram que as populações atribuídas à M. i. heteropterado leste do Acre são mais próximas de M. i. iheringi, o que também é corroborado por caracteres vocais.