Diferentes Perspectivas dos Impedimentos de Casamento Tridentino: no Catecismo Tupi de Araújo (1618) e na Vida do índio Lopo de Souza Copaúba

• Autor(a) principal: Barros, Maria Cândida D. Mendes
• Data de Publicação: 2006
• Outros Autores: Mata, Jaqueline Ferreira da
• Tipo de documento: Artigo de conferência
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional do MPEG
• Texto Completo: https://repositorio.museu-goeldi.br/handle/mgoeldi/2305
• topic: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::ANTROPOLOGIA::ETNOLOGIA INDIGENA; Casamento Tridentino; Catecismo Tupi; Lopo de Souza Copaúba; Cultura indígena

A pesquisa inicialmente teve como premissa que as relações entre índios e missionários na Amazônia colonial constituíram-se em um choque de culturas, na qual a evangelização jesuítica destruía os casamentos preferenciais tupinambá, tais como a forma poligâmica na qual os índios organizavam suas famílias. A pesquisa orientava-se pelo catecismo de Antônio de Araújo de 1618, no qual estão as regras de casamento cristão decididas no Concílio de Trento (1563). Uma sessão do catecismo que enfatizamos no início de pesquisa foi a lista de 24 impedimentos de casamento, dos quais mais de dez impediam relações conjugais tradicionais dos grupos tupis (poligamia, sororato, levirato, casamento do tio materno com a sobrinha etc.). Mas outra perspectiva dos impedimentos de casamento tridentinos na evangelização surgiu quando tomamos como objeto de estudo a vida dos índios. Um exemplo é a biografia do Principal da Aldeia de Maracanã, Lopo de Souza Copaúba, que preso por Antônio Vieira em 1661 por desposar a irmã de sua ex-mulher e, ainda assim, viver com ela por mais de 20 anos, evidencia que os impedimentos contidos no catecismo não foram aplicados em sua totalidade e tiveram de ser adaptadas à realidade da evangelização na Amazônia. O objetivo do trabalho é mostrar estas diferentes perspectivas dos impedimentos de casamento tridentino, tanto nas fontes oficiais como o catecismo tupi, como nos relatos de missionários que contaram casos de índios desviantes das regras cristãs. Os referenciais teóricos da pesquisa são os trabalhos de Karen Spalding (1972) e James Lockhart (2003). Spalding contribui com a ideia do índio como não-passivo nas relações com o missionário, e Lockhart com sua metodologia de utilizar as fontes institucionais com cuidado, buscando complementá-Ias com outros documentos que relatem o cotidiano dos índios. Este autor é um convite para tomar o catecismo de Araújo como um texto de caráter institucional e, portanto, não refletindo os resultados da evangelização entre os Índios.