Religião e homossexualidade na esfera pública: o ativismo digital e conservador evangélico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Buttignol, Fernando Cesar
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional PUC-Campinas
Texto Completo: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/16916
Resumo: Os debates contemporâneos sobre a diversidade sexual e os direitos das minorias sexuais nunca foram tão controversos quanto na atual conjuntura política brasileira, especialmente na sua relação com certos segmentos cristãos conservadores protestantes – mas não restritos a eles - tanto do ramo pentecostal quanto do ramo histórico, alinhados ao governo federal do ex-presidente Jair Bolsonaro. Favorecidos pela “onda conservadora” que o país atravessa, pela condição estrutural da relação entre religião e esfera pública no Brasil e pelas mídias digitais, suas ideias e ações abrem espaço para a atuação de inúmeros grupos cristãos conservadores, dentre eles, a organização Exodus Brasil, objeto desta pesquisa. Por meio de um mapeamento das redes digitais Facebook, Instagram e Youtube, bem como de websites e procedendo à análise do conteúdo discursivo ali publicado, buscou-se responder à pergunta: de que forma o conjunto de ministérios e líderes religiosos da Exodus Brasil responde à homossexualidade diante dos avanços da cidadania LGBTQIA+? Metodologicamente, empregamos a netnografia de Robert Kosinetz e a análise de discurso sugerida pela linguista Eni Orlandi. O objetivo principal da pesquisa é estimular a reflexão sobre as formas de regulação do religioso alinhadas à ampliação dos Direitos Humanos e de colaborar para o enfraquecimento das investidas discriminatórias de segmentos religiosos fundamentalistas homofóbicos, além de reforçar a importância da sexualidade e da religião na produção de identidades e subjetividades na contemporaneidade e, dessa forma, estimular a contribuição da área das Ciências da Religião e Teologia para o tema em toda a sua complexidade, uma vez que os estudos ainda são escassos e concentrados nos PPGs de Ciências da Religião, existindo um silenciamento nos programas de Teologia. O resultado da pesquisa mostrou que a Exodus Brasil tem pouco engajamento nas redes digitais, nas quais têm destaque somente a presidenta e o vice-presidente da organização. Não obstante, o impacto de suas posturas e opiniões não deve ser menosprezado, sobretudo em razão de se afinarem com as ideias ultraconservadoras do ex-presidente Jair Bolsonaro, claramente contrário aos investimentos em políticas públicas para a população LGBTQIA+ e promotor de uma imagem negativa das pessoas homossexuais. A negação e a renúncia da identidade homossexual proposta pelos ministérios e líderes da Exodus Brasil nos levaram a concluir que estamos diante de um caso de “masoquismo religioso” bergeriano, que não se apresenta somente na cordialidade com o sofrimento e na submissão à 7 “condenação divina”, mas que também obstrui o direito de escolha das pessoas homossexuais e lhes nega a felicidade. Deparamo-nos também com expressões de homofobia religiosa, que se revelaram tanto no bloqueio do avanço dos direitos LGBTQIA+ como na criação de cartilhas normativas moralizantes que regulam as relações sociais entre pastores e fiéis, atravessadas por relações de poder que favorecem assimetrias, hierarquias e mistificações.
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Favorecidos pela “onda conservadora” que o país atravessa, pela condição estrutural da relação entre religião e esfera pública no Brasil e pelas mídias digitais, suas ideias e ações abrem espaço para a atuação de inúmeros grupos cristãos conservadores, dentre eles, a organização Exodus Brasil, objeto desta pesquisa. Por meio de um mapeamento das redes digitais Facebook, Instagram e Youtube, bem como de websites e procedendo à análise do conteúdo discursivo ali publicado, buscou-se responder à pergunta: de que forma o conjunto de ministérios e líderes religiosos da Exodus Brasil responde à homossexualidade diante dos avanços da cidadania LGBTQIA+? Metodologicamente, empregamos a netnografia de Robert Kosinetz e a análise de discurso sugerida pela linguista Eni Orlandi. O objetivo principal da pesquisa é estimular a reflexão sobre as formas de regulação do religioso alinhadas à ampliação dos Direitos Humanos e de colaborar para o enfraquecimento das investidas discriminatórias de segmentos religiosos fundamentalistas homofóbicos, além de reforçar a importância da sexualidade e da religião na produção de identidades e subjetividades na contemporaneidade e, dessa forma, estimular a contribuição da área das Ciências da Religião e Teologia para o tema em toda a sua complexidade, uma vez que os estudos ainda são escassos e concentrados nos PPGs de Ciências da Religião, existindo um silenciamento nos programas de Teologia. O resultado da pesquisa mostrou que a Exodus Brasil tem pouco engajamento nas redes digitais, nas quais têm destaque somente a presidenta e o vice-presidente da organização. Não obstante, o impacto de suas posturas e opiniões não deve ser menosprezado, sobretudo em razão de se afinarem com as ideias ultraconservadoras do ex-presidente Jair Bolsonaro, claramente contrário aos investimentos em políticas públicas para a população LGBTQIA+ e promotor de uma imagem negativa das pessoas homossexuais. A negação e a renúncia da identidade homossexual proposta pelos ministérios e líderes da Exodus Brasil nos levaram a concluir que estamos diante de um caso de “masoquismo religioso” bergeriano, que não se apresenta somente na cordialidade com o sofrimento e na submissão à 7 “condenação divina”, mas que também obstrui o direito de escolha das pessoas homossexuais e lhes nega a felicidade. Deparamo-nos também com expressões de homofobia religiosa, que se revelaram tanto no bloqueio do avanço dos direitos LGBTQIA+ como na criação de cartilhas normativas moralizantes que regulam as relações sociais entre pastores e fiéis, atravessadas por relações de poder que favorecem assimetrias, hierarquias e mistificações.Contemporary debates on sexual diversity and the rights of sexual minorities have never been as controversial as in the current Brazilian political situation, especially in their relationship with certain conservative Christian Protestant segments, both from the Pentecostal and the Historical branches – but not restricted to them - aligned with the federal government of ex-former president Jair Bolsonaro. Favored by the “conservative wave” that the country is going through, by the structural condition of the relationship between religion and the public sphere in Brazil and by digital media, their ideas and actions open space for the action of numerous conservative Christian groups, among them, the organization Exodus Brasil, object of this research. Through a mapping of the digital networks Facebook, Instagram and Youtube, as well as websites and the analysis of the discursive content published there, we sought to answer the question: how does the set of ministries and religious leaders of Exodus Brasil respond to homosexuality in the face of advances in LGBTQIA+ citizenship? Methodologically, we employed Robert Kosinetz's netnography and discourse analysis suggested by linguist Eni Orlandi. The main objective of the research is to stimulate reflection on the ways of regulating religion aligned with the expansion of Human Rights and to collaborate in weakening the discriminatory attacks of homophobic fundamentalist religious segments, in addition to reinforcing the importance of sexuality and religion in the production of identities and subjectivities in contemporaneity and, in this way, stimulate the contribution of the area of Sciences of Religion and Theology to the theme in all its complexity, since studies on the subject are still scarce and concentrated in PPGs of Sciences of Religion and there is a silence in Theology programs. The result of the research showed that Exodus Brasil has little engagement in digital networks, in which only the president and vice president of the organization are highlighted. However, the impact of their postures and opinions should not be overlooked, especially since they are in tune with the ultraconservative ideas of ex-former President Jair Bolsonaro, who is clearly opposed to investments in public policies for the LGBTQIA+ population and promotes a negative image of homosexual people. The denial and renunciation of the homosexual identity proposed by the ministries and leaders of Exodus Brasil led us to conclude that we are facing a case of Bergerian “religious masochism”, which does not present itself only in cordiality with suffering and submission to “divine condemnation”, but which also obstructs the right of choice of homosexual people 9 and denies them happiness. We are also faced with expressions of religious homophobia, which were revealed both in blocking the advancement of LGBTQIA+ rights and in the creation of moralizing normative booklets that regulate social relations between pastors and believers, crossed by power relations that favor asymmetries, hierarchies and mystifications.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)88887.602516/2021-00Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)Silva, Ana Rosa Cloclet daPontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)Buttignol, Fernando Cesar2023-05-10T11:36:10Z2023-05-10T11:36:10Z2023-02-15info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/16916NDporinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional PUC-Campinasinstname:Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-CAMPINAS)instacron:PUC_CAMP2023-05-10T11:36:11Zoai:repositorio.sis.puc-campinas.edu.br:123456789/16916Repositório InstitucionalPRIhttps://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/oai/requestsbi.bibliotecadigital@puc-campinas.edu.bropendoar:2023-05-10T11:36:11Repositório Institucional PUC-Campinas - Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-CAMPINAS)false
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