A episiotomia e o "ponto do papai": uma forma de violência de gênero através da mutilação genital feminia
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Artigo de conferência |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional PUC-Campinas |
Texto Completo: | http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/16963 |
Resumo: | O presente trabalho busca suscitar o início da discussão e da pesquisa, através do método científico indutivo, para a construção posterior de dissertação de mestrado, acerca da prática da mutilação genital feminina (MGF) e, também, trazê-la para a realidade brasileira. Antes de mais nada, a MGF é uma violação aos direitos das mulheres, uma vez que é intrínseco a ela a violência de gênero, o que reforçar ainda mais a assimetria do poder nas sociedades patriarcais. Consequentemente, a perpetuação da prática implica em violação direta aos direitos consagrados na Convenção de Belém do Pará, que assegura o direito a integridade física e psicológica da mulher e o direito a uma vida sem discriminação, bem como, não ser submetida à práticas sociais baseadas em conceitos de inferioridade ou subordinação. Quando se aborda a referida temática, a associação automática que se faz - ou quando se faz - nos remete à clitoridectomia - isto é, a remoção parcial ou total do clitóris-; Excisão, que engloba a primeira junto com a remoção parcial ou total dos pequenos lábios; E infibulação- que consiste em um estreitamento do orifício vaginal. Caracterizado na forma mencionada, pouco se discute sobre essa questão no Brasil, pois ela fica relegada, muitas vezes, aos países não desenvolvidos. Assim, ela é colocada em uma posição de marginalização, e, consequentemente, de ocultamento, quando praticada em outras zonas globais. Dessa forma, trazendo a presente discussão para a realidade brasileira é possível associar a violência obstétrica e a mutilação genital feminina, principalmente quando tratamos da episiotomia e do popularmente conhecido como “ponto do papai”. A primeira forma de violência consiste em uma incisão realizada no períneo da parturiente com a finalidade de alargamento do canal vaginal para facilitar a fase expulsiva do trabalho de parto. Já a segunda forma já mencionada, o “ponto do papai”, nada mais é que uma infibulação com a finalidade de aumentar o prazer masculino nas relações sexuais pós-parto. Com esta pequena introdução se percebe como a prática da mutilação genital feminina é presente na sociedade brasileira, porém, pouco se discute sobre ela. Tal cenário se concretizou no Brasil devido, em muito, pela forma como são conduzidas as gestações. Isso porque, é possível notar que muitos profissionais da saúde “procedem a sucessivas identificações e qualificações de modo a produzir para si a imagem de detentores do conhecimento” (NIY-2012, p. 103). Nesse sentido, pouca voz é dada às mulheres, que pouco podem optar em relação a como o próprio corpo será tratado durante o parto. Trazendo para a sociedade brasileira uma releitura das práticas de MGF, não necessariamente fundamentadas em aspectos religiosos, mas sim intrinsecamente relacionadas à sociedade patriarcal, que enxerga a mulher como incapaz de se autodeterminar, mantendo assim a assimetria nas relações de poder. Por conseguinte, se propõe com o presente trabalho, trazer para o ambiente acadêmico a presente discussão, para que ela seja retirada do ocultamento no Brasil, levando o conhecimento acerca de um parto humanizado evidenciando os impactos da MGF para a vida de meninas e mulheres. |
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A episiotomia e o "ponto do papai": uma forma de violência de gênero através da mutilação genital feminiaEpisiotomy and the "daddy stitch": a form of gender violence through female genital mutilationViolência de gêneroMutilação genital femininaViolência obstétricaConvenção de Belém do ParáO presente trabalho busca suscitar o início da discussão e da pesquisa, através do método científico indutivo, para a construção posterior de dissertação de mestrado, acerca da prática da mutilação genital feminina (MGF) e, também, trazê-la para a realidade brasileira. Antes de mais nada, a MGF é uma violação aos direitos das mulheres, uma vez que é intrínseco a ela a violência de gênero, o que reforçar ainda mais a assimetria do poder nas sociedades patriarcais. Consequentemente, a perpetuação da prática implica em violação direta aos direitos consagrados na Convenção de Belém do Pará, que assegura o direito a integridade física e psicológica da mulher e o direito a uma vida sem discriminação, bem como, não ser submetida à práticas sociais baseadas em conceitos de inferioridade ou subordinação. Quando se aborda a referida temática, a associação automática que se faz - ou quando se faz - nos remete à clitoridectomia - isto é, a remoção parcial ou total do clitóris-; Excisão, que engloba a primeira junto com a remoção parcial ou total dos pequenos lábios; E infibulação- que consiste em um estreitamento do orifício vaginal. Caracterizado na forma mencionada, pouco se discute sobre essa questão no Brasil, pois ela fica relegada, muitas vezes, aos países não desenvolvidos. Assim, ela é colocada em uma posição de marginalização, e, consequentemente, de ocultamento, quando praticada em outras zonas globais. Dessa forma, trazendo a presente discussão para a realidade brasileira é possível associar a violência obstétrica e a mutilação genital feminina, principalmente quando tratamos da episiotomia e do popularmente conhecido como “ponto do papai”. A primeira forma de violência consiste em uma incisão realizada no períneo da parturiente com a finalidade de alargamento do canal vaginal para facilitar a fase expulsiva do trabalho de parto. Já a segunda forma já mencionada, o “ponto do papai”, nada mais é que uma infibulação com a finalidade de aumentar o prazer masculino nas relações sexuais pós-parto. Com esta pequena introdução se percebe como a prática da mutilação genital feminina é presente na sociedade brasileira, porém, pouco se discute sobre ela. Tal cenário se concretizou no Brasil devido, em muito, pela forma como são conduzidas as gestações. Isso porque, é possível notar que muitos profissionais da saúde “procedem a sucessivas identificações e qualificações de modo a produzir para si a imagem de detentores do conhecimento” (NIY-2012, p. 103). Nesse sentido, pouca voz é dada às mulheres, que pouco podem optar em relação a como o próprio corpo será tratado durante o parto. Trazendo para a sociedade brasileira uma releitura das práticas de MGF, não necessariamente fundamentadas em aspectos religiosos, mas sim intrinsecamente relacionadas à sociedade patriarcal, que enxerga a mulher como incapaz de se autodeterminar, mantendo assim a assimetria nas relações de poder. Por conseguinte, se propõe com o presente trabalho, trazer para o ambiente acadêmico a presente discussão, para que ela seja retirada do ocultamento no Brasil, levando o conhecimento acerca de um parto humanizado evidenciando os impactos da MGF para a vida de meninas e mulheres.Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)Peruzzo, Pedro PulzattoPontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)Ferreira, Laura Lombas2023-06-16T18:46:29Z2023-06-16T18:46:29Z2023-03-14info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/conferenceObjecthttp://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/169639779783307859200porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional PUC-Campinasinstname:Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-CAMPINAS)instacron:PUC_CAMP2023-06-27T13:45:36Zoai:repositorio.sis.puc-campinas.edu.br:123456789/16963Repositório InstitucionalPRIhttps://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/oai/requestsbi.bibliotecadigital@puc-campinas.edu.bropendoar:2023-06-27T13:45:36Repositório Institucional PUC-Campinas - Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-CAMPINAS)false |
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