Vivências de pessoas com transtorno bipolar: um estudo fenomenológico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Tostes, Guilherme Wykrota
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional PUC-Campinas
Texto Completo: http://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/16507
Resumo: Esta pesquisa objetivou compreender sob uma perspectiva psicológica a experiência vivida por pessoas com transtorno bipolar. Justifica-se na medida em que diz respeito a um tipo de transtorno que implica oscilações emocionais graves que afetam os relacionamentos interpessoais e podem incluir tentativas de suicídio. Trata-se de um sofrimento que enseja preocupação aos profissionais da área de saúde mental por apresentar o maior índice de mortes por suicídio em relação a todos os outros quadros psiquiátricos. O estudo foi desenvolvido como pesquisa qualitativa, orientada metodologicamente pelos pressupostos da fenomenologia de Edmund Husserl e Edith Stein, assim como pela teoria e prática da Abordagem Centrada na Pessoa, desenvolvida pelo psicólogo Carl Rogers e por Eugene Gendlin. Foram selecionados como participantes três pessoas adultas com diagnóstico de transtorno bipolar. O pesquisador apreendeu a experiência subjetiva dos participantes a partir de encontros dialógicos individuais que foram iniciados com um convite ao participante para relatar sua experiência de “como é viver com o transtorno bipolar?”. Após cada encontro, foi redigida uma narrativa compreensiva contendo os elementos significativos das vivências do participante a partir das impressões do pesquisador. A fase seguinte consistiu na elaboração de uma narrativa síntese contendo os elementos estruturantes do fenômeno em foco. O processo de análise fenomenológica revelou que as pessoas com transtorno bipolar: a) não se reconhecem como donas da própria vida e têm pouca clareza dos próprios limites na relação com os outros, pois sentem-se capturadas por eles, como único meio para desenvolver a própria constituição b) o passado lhes provoca sofrimento e se impõe sobre o vazio do presente, que de tão insuportável lançam-nas em direção a um futuro que não conseguem esperar; c) lutam herculeamente para sobreviver psicologicamente, lidar com suas reações e com seus próprios corpos e temem o futuro. Esses resultados possibilitaram aprofundar e ampliar a compreensão psicológica sobre o fenômeno estudado, contribuindo para novas provocações e reflexões em relação a uma atenção psicológica clínica condizente com as demandas emocionais de pacientes com transtorno bipolar.
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spelling Vivências de pessoas com transtorno bipolar: um estudo fenomenológicoLived experiences of people with bipolar disorder: a phenomenological studyVivencias de personas con trastorno bipolar: un estudio fenomenológicoPesquisa Fenomenológica DialógicaTranstorno BipolarAbordagem Centrada na PessoaTerapia Orientada pela FocalizaçãoPsicopatologia FenomenológicaPhenomenological Dialogical ResearchBipolar DisorderPerson-Centered ApproachFocusing-Oriented TherapyPhenomenological PsychopathologyInvestigación dialógica fenomenológicaTrastorno bipolarEnfoque centrado en la personaTerapia orientada por el focusingPsicopatología fenomenológicaEsta pesquisa objetivou compreender sob uma perspectiva psicológica a experiência vivida por pessoas com transtorno bipolar. Justifica-se na medida em que diz respeito a um tipo de transtorno que implica oscilações emocionais graves que afetam os relacionamentos interpessoais e podem incluir tentativas de suicídio. Trata-se de um sofrimento que enseja preocupação aos profissionais da área de saúde mental por apresentar o maior índice de mortes por suicídio em relação a todos os outros quadros psiquiátricos. O estudo foi desenvolvido como pesquisa qualitativa, orientada metodologicamente pelos pressupostos da fenomenologia de Edmund Husserl e Edith Stein, assim como pela teoria e prática da Abordagem Centrada na Pessoa, desenvolvida pelo psicólogo Carl Rogers e por Eugene Gendlin. Foram selecionados como participantes três pessoas adultas com diagnóstico de transtorno bipolar. O pesquisador apreendeu a experiência subjetiva dos participantes a partir de encontros dialógicos individuais que foram iniciados com um convite ao participante para relatar sua experiência de “como é viver com o transtorno bipolar?”. Após cada encontro, foi redigida uma narrativa compreensiva contendo os elementos significativos das vivências do participante a partir das impressões do pesquisador. A fase seguinte consistiu na elaboração de uma narrativa síntese contendo os elementos estruturantes do fenômeno em foco. O processo de análise fenomenológica revelou que as pessoas com transtorno bipolar: a) não se reconhecem como donas da própria vida e têm pouca clareza dos próprios limites na relação com os outros, pois sentem-se capturadas por eles, como único meio para desenvolver a própria constituição b) o passado lhes provoca sofrimento e se impõe sobre o vazio do presente, que de tão insuportável lançam-nas em direção a um futuro que não conseguem esperar; c) lutam herculeamente para sobreviver psicologicamente, lidar com suas reações e com seus próprios corpos e temem o futuro. Esses resultados possibilitaram aprofundar e ampliar a compreensão psicológica sobre o fenômeno estudado, contribuindo para novas provocações e reflexões em relação a uma atenção psicológica clínica condizente com as demandas emocionais de pacientes com transtorno bipolar.This research aimed to understand from a psychological perspective the lived experience of people with bipolar disorder. It is justified as it concerns a type of disorder that involves severe emotional oscillations that affect interpersonal relationships and may include suicide attempts. Their suffering causes concern to mental health professionals because it has the highest rate of death by suicide among all other psychiatric conditions. The present study was developed as qualitative research, methodologically guided by Edmund Husserl and Edith Stein’s phenomenological assumptions of, as well as by the theory and practice of the Person-Centered Approach, developed by psychologists Carl Rogers and Eugene Gendlin. Three adult individuals diagnosed with bipolar disorder were selected as participants. The researcher apprehended the subjective experience of the participants based on individual dialogical meetings initiated with an invitation to each participant relate his or her experience of "what is it like to live with bipolar disorder?" After each encounter, a comprehensive narrative was written containing the significant elements of the participants’ experiences based on the researcher's impressions. The next phase consisted of the elaboration of a synthetic narrative containing the structuring elements of the phenomenon in focus. The process of phenomenological analysis revealed that people with bipolar disorder: a) do not recognize themselves as the owners of their own lives and have little clarity of their own limits in relation to others, because they feel captured by them, as the only means to develop their own constitution; b) the past causes them suffering and imposes itself over the emptiness of the present, which is so unbearable that it throws them towards a future they cannot wait for; c) they struggle hard to survive psychologically, to deal with their reactions and with their own bodies, fearing the future. These results allowed us to deepen and broaden the psychological understanding about the studied phenomenon, contributing to new provocations and reflections regarding a clinical psychological attention consistent with the emotional demands of patients with bipolar disorder.Esta investigación pretendía comprender desde una perspectiva psicológica la experiencia vivida por las personas con trastorno bipolar. Se justifica porque se trata de un tipo de trastorno que implica graves oscilaciones emocionales que afectan a las relaciones interpersonales y pueden incluir intentos de suicidio. Es un padecimiento que preocupa a los profesionales de la salud mental por presentar la mayor tasa de muerte por suicidio en relación con todas las demás afecciones psiquiátricas. El estudio se desarrolló como una investigación cualitativa, orientada metodológicamente por los supuestos de la fenomenología de Edmund Husserl y Edith Stein, así como por la teoría y la práctica del Enfoque Centrado en la Persona, desarrollado por el psicólogo Carl Rogers y por Eugene Gendlin. Se seleccionaron como participantes tres personas adultas diagnosticadas de trastorno bipolar. El investigador aprehendió la experiencia subjetiva de los participantes a partir de encuentros dialógicos individuales que se iniciaron con una invitación al participante para que relatara su experiencia de "¿cómo es vivir con el trastorno bipolar?". Después de cada reunión, se redactó un relato exhaustivo que contenía elementos significativos de las experiencias del participante a partir de las impresiones del investigador. La siguiente fase consistió en la elaboración de una síntesis narrativa con los elementos estructurantes del fenómeno en cuestión. El proceso de análisis fenomenológico reveló que las personas con trastorno bipolar: a) no se reconocen como dueños de su propia vida y tienen poca claridad de sus propios límites en relación con los demás, porque se sienten capturados por ellos, como único medio para desarrollar su propia constitución; b) el pasado les causa sufrimiento y se impone al vacío del presente, que es tan insoportable que los lanza hacia un futuro que no pueden esperar; c) luchan duramente para sobrevivir psicológicamente, para lidiar con sus reacciones y con su propio cuerpo y temen el futuro. Estos resultados nos permitieron profundizar y ampliar la comprensión psicológica sobre el fenómeno estudiado, contribuyendo a nuevas provocaciones y reflexiones en relación a una atención psicológica clínica coherente con las demandas emocionales de los pacientes con trastorno bipolar.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)Cury, Vera EnglerPontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)Tostes, Guilherme Wykrota2022-04-05T14:53:20Z2022-04-05T14:53:20Z2022-02-09info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/xmlui/handle/123456789/165072517412016980433porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional PUC-Campinasinstname:Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-CAMPINAS)instacron:PUC_CAMP2022-10-17T18:51:35Zoai:repositorio.sis.puc-campinas.edu.br:123456789/16507Repositório InstitucionalPRIhttps://repositorio.sis.puc-campinas.edu.br/oai/requestsbi.bibliotecadigital@puc-campinas.edu.bropendoar:2022-10-17T18:51:35Repositório Institucional PUC-Campinas - Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-CAMPINAS)false
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