A criança e a morte : a expressão das perdas e conflitos por meio dos contos de fadas

• Autor(a) principal: Klinger, Ellen Fernanda
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_GOAIS (TEDE-PUC Goiás)
• Texto Completo: http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/handle/tede/4892
• topic: Contos de fadas; Morte; Luto; Criança; Psicoterapia grupal; Fairy tales; Death; Grief; Child; Group psychotherapy; Ciências Humanas; Psicologia

O ser humano ao longo de sua vida se depara com situações que o levam a certeza da sua própria morte. Apesar disso, o sentimento de finitude provoca medo, sobretudo nos povos ocidentais. Dificilmente a morte é um assunto abordado nas famílias com/entre/para pessoas jovens e, quase nunca, com/entre/para crianças. Esta pesquisa teve por objetivo abordar a expressão das perdas e conflitos em crianças diante da experiência da morte de um parente ou figura com relacionamento próximo e o desenvolvimento de recursos que permitissem que ao seu tempo pudessem elaborar suas perdas. Enquanto pesquisa, ela aborda a expressão das perdas e conflitos das crianças diante da morte, mediante a utilização dos contos de fadas como recurso intermediário em psicoterapia grupal. Estruturada em cinco (5) artigos, os dois iniciais (1 e 2) buscaram levantar dados sobre os enfoques mais explorados da temática luto e morte, os impactos da não elaboração pelas crianças e as estratégias de intervenção propostas. Isto por meio de uma revisão sistemática das publicações científicas dos últimos dez (10) anos, constituídas por artigos, teses e dissertações - indexados nas bases de dados CAPES, Scielo, BVS Saúde, Web of Science e SCOPUS - acerca dos estudos empíricos e científicos sobre o uso dos contos de fadas pela Psicologia, além do luto na infância. Os artigos três (3), quatro (4) e cinco (5) visam apresentar e discutir os resultados da pesquisa qualitativa, longitudinal, com múltiplos casos, realizada em uma Clínica Escola de Psicologia. Participaram nove crianças, entre sete e nove anos, com históricos de perda por morte de pessoa com a qual tinham vínculo afetivo próximo. Foram feitas entrevistas, aplicada a Escala Baptista de Depressão - versão Infanto-Juvenil (EBADEP-IJ) e HTP (House, Tree, Person) e formado um grupo psicoterapêutico, para a realização de dez encontros. A construção das informações foi analisada sob o viés da psicanálise de influência winnicottiana. Desta tese resultaram as constatações de que as publicações sobre o tema estão voltadas para a abordagem dos sintomas e desdobramentos do luto durante a infância; a importância das redes de apoio; a relevância do trabalho preventivo (Artigo 1) e, ainda, que os contos de fadas carecem de pesquisas empíricas sobre a sua efetividade, em especial quanto às intervenções terapêuticas (Artigo 2). Da pesquisa de campo foi possível concluir que: os conflitos expressos pelas crianças demonstram a compreensão infantil com atravessamento dos sentimentos de pesar, medo, insegurança com as mudanças na estrutura e dinâmica familiar, o que reforça a necessidade de medidas de apoio à criança e a família (Artigo 3); o uso dos contos de fadas possibilita abordar conteúdos envolvendo a morte e conflitos gerados pela perda, bem como auxiliar na elaboração do luto, mesmo com o número limitado de dez sessões (Artigo 4). A experiência com o grupo para o atendimento de crianças enlutadas mediante a utilização dos contos de fadas como recurso, trouxe novos dados sobre a psicoterapia de grupo, assegurando o ineditismo, visto que não há registro de estudos envolvendo grupos com o uso dos contos de fadas no luto durante a infância (Artigo 5). A pesquisa demonstrou que, conforme a melhora apresentada pela criança, mudam as suas fantasias e a forma de se relacionar nas histórias passa por alterações. Como contribuição, a tese trouxe a possibilidade de instrumentalizar os profissionais que são procurados para trabalhar com crianças enlutadas