Que significa crer em Jesus Cristo hoje? Preâmbulos para uma fé sensata e responsável

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Palácio, Carlos
Data de Publicação: 1997
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Horizonte - Revista de Estudos de Teologia e Ciências da Religião
Texto Completo: http://periodicos.pucminas.br/index.php/horizonte/article/view/405
Resumo: A nossa situação atual, em termos de fé cristã, é muito semelhante à do cego de nascença de que nos fala o evangelho (Jo 9,1-41). A experiência de vinte séculos de cristianismo não impede que Jesus mesmo nos dirija também esta pergunta: “Crês no Filho do Homem?” (Jo 9,35). A questão é saber se teríamos a simplicidade do cego para responder: “Quem é ele, Senhor, para que eu creia?” (Jo 9,36). Porque equivaleria a reconhecer que o conhecemos sem conhecê-lo. E só quando aceitamos isso, pode recomeçar o processo de crer.  A situação atual do cristianismo repercute no modo de crer e o condiciona.  Não podemos continuar a crer por inércia. Aderir à pessoa de Jesus Cristo deixou de ser algo “evidente”. Não só para as novas gerações ou para os que julgam a fé cristã incompatível com o mundo moderno. Também para nós. Queiramos ou não, somos afetados por essa situação de desamparo.  E o problema não é só de linguagem. Trata-se de uma experiência, a experiência de uma vida desconcertante mas fascinante, humana como a nossa mas “diferente”. Podem ainda as mesmas e velhas palavras da fé desencadear em nós a experiência que aqueles primeiros seguidores – homens e mulheres – fizeram diante da existência concreta de Jesus de Nazaré?  Aderir a essa vida com a mesma significação que tinha para os primeiros cristãos: isso seria crer em Jesus Cristo hoje. Mas para isso teríamos que sentir o mesmo desamparo do cego de nascença:  “Quem é ele, Senhor, para que eu possa crer”? O nosso perigo é sabermos demais. Por isso, para podermos recuperar a “diferença” cristã no que ela tem de verdadeiramente original é necessário aceitar que sejam questionadas as nossas “evidências” e reconhecer que a nossa figura de Jesus foi muitas vezes deformada.
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