[pt] PROFESSORES POETAS: A AUTORIA DOCENTE COMO ATO ÉTICO-ESTÉTICO

• Autor(a) principal: LILIANE BALONECKER DALUZ NASCIMENTO
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Outros
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)
• Texto Completo: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=58992@1; https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=58992@2; http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.58992
• topic: [pt] SENSIBILIDADE; [pt] ATO ETICO-ESTETICO; [pt] PROFESSORES POETAS; [pt] POESIA; [pt] AUTORIA; [en] SENSITIVITY; [en] ETHICAL-AESTHETIC ACT; [en] TEACHERS POETS; [en] POETRY; [en] AUTHORSHIP

[pt] O tema da autoria docente permanece atrelado a um viés instrumental, relacionado à educação a distância ou à atuação do professor para o uso das tecnologias ou elaboração de material didático. O foco da presente pesquisa recai então sobre a autoria enquanto ato ético-estético, sobretudo a autoria de textos poéticos enquanto produção artística e literária. Este trabalho tem como objetivo investigar o que revelam as narrativas de um grupo de professores a respeito de sua constituição enquanto professores poetas e que elementos de reflexão seus textos e narrativas podem fornecer para se pensar sobre a autoria e a poesia na escola. Busca-se verificar que concepções de poesia os professores poetas pesquisados trazem consigo e conhecer como a poesia se faz presente na prática docente desses professores, bem como identificar experiências com a poesia que afetaram os sujeitos pesquisados e que podem servir de reflexão para se pensar sobre a autoria e a poesia na escola. Mikhail Bakhtin constitui o principal referencial teórico-metodológico deste estudo. As reflexões desenvolvidas pelo filósofo da linguagem, especialmente os temas voltados a uma filosofia da alteridade, compõem o fundamento basilar e orientam o percurso teóricometodológico adotado na investigação. Outros autores cujas reflexões amparam este estudo são Paul Celan, Cristóvão Tezza, Roland Barthes, Michel Foucault, Roger Chartier, Sir Ken Robinson. A pesquisa, de cunho qualitativo, ancora-se em uma metodologia marcada pelo viés narrativo, em que sujeito pesquisado e pesquisadora narram suas experiências a fim de construir sentidos em uma teia de significados que, coletivamente, vai se (entre) tecendo por meio das narrativas e poemas dos sujeitos constituintes do estudo, como uma rede. Os dados da pesquisa foram coletados a partir de dois principais procedimentos metodológicos: questionários online e narrativas autobiográficas, em uma costura que visa assumir a forma dialógica de vozes poéticas que, juntas, compõem um colar de poesia, arte e resistência, que traz à tona vozes e gritos silenciados, fiosmissangas das memórias dos professores poetas sujeitos da pesquisa, vozes que se colocam em diálogo e, unidas, costuram sentidos. As informações apreendidas nos enunciados dos professores oferecem elementos que conduzem a relevantes caminhos de reflexão, tais como o processo de formação do leitor-autor, as relações humanas que perpassam as práticas de formação, bem como o lugar da afetividade e da sensibilidade na constituição de uma aprendizagem significativa. Percebe-se, a partir dos relatos dos professores e das análises empreendidas, a importância do desenvolvimento de uma educação para a sensibilidade, em que se potencializem a multiplicidade de leituras, a metaforização, a imaginação, a criatividade, o pensamento divergente, componentes indispensáveis para um agir ético e estético que interrogue a realidade de forma crítica e criativa. A pesquisa aponta que o trabalho com a poesia na escola torna-se fundamental na medida em que é capaz de aguçar a sensibilidade, a criatividade, a vertente ética e estética, a ampliação do pensamento crítico-reflexivo e a aquisição de novas formas de empoderamento através do poder libertador da palavra. A investigação conduziu à conclusão de que a autoria é uma forma de resistir e a poesia é uma manifestação de resistência contra a reificação do homem e uma forma de in(ter)venção no mundo, propiciando o não anestesiamento dos sentidos.