DIREITO E TECNOLOGIA EM PESPECTIVA AMEFRICANA: AUTONOMIA, ALGORITMOS E VIESES RACIAIS

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: BIANCA KREMER NOGUEIRA CORREA
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)
Texto Completo: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=58993@1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=58993@2
Resumo: O trabalho consiste em uma análise sobre os efeitos do que se convencionou denominar novas tecnologias sobre corpos e experiências não brancas no exercício de sua autonomia, mais precisamente os vieses algorítmicos oriundos de sistemas de inteligência artificial (IA) aplicados a produtos e serviços digitais. Dentro de um cenário global de intensa conectividade, associado a técnicas sofisticadas de IA e uso predatório de dados pessoais, tem-se reproduzido, reforçado e ocultado dinâmicas de discriminação racial em plataformas e ferramentas de busca, políticas de vigilância e acesso a produtos e serviços. Há uma crença eficiente na neutralidade do direito e da tecnologia. No contexto brasileiro, essa crença ainda se apresenta aliada ao compartilhamento do mito da democracia racial, dos pactos narcísicos e do racismo por denegação, de modo que o enfrentamento das desigualdades raciais por tecno-regulação, governança algorítmica, ou mesmo à luz de desafios ético-jurídicos, se mantém esvaziado. Para explorar o fenômeno dos vieses raciais algorítmicos, propõe-se uma reflexão sobre os efeitos da colonialidade na interseção entre direito e tecnologia a partir da categoria políticocultural da amefricanidade, desenvolvida por Lélia Gonzalez. Parte-se da premissa de que, tanto o direito, quanto as novas tecnologias, seguem lidos e construídos sob o signo da branquitude por trás de uma suposta neutralidade e igualdade formal: um lugar de privilégio de racialidade não nomeada. Sob o manto da desigualdade formal mantida pelo direito, a suposta indiferença de algoritmos e autômatos face à identidade racial dos indivíduos reproduz a perversa utilização de características étnico-raciais como mecanismo de exclusão. A construção normativa do direito e os valores éticos que permeiam a construção de uma governança tecnológica, por sua vez, se produzem a partir da experiência da zona do ser. A partir da perspectiva amefricana radicada na experiência brasileira, pretende-se oferecer uma narrativa que reposicione o papel do direito e os desafios ético-jurídicos sobre os processos de violência da zona do não-ser no ambiente digital.
id PUC_RIO-1_2ded26707ffd327139566e484e6fd18b
oai_identifier_str oai:MAXWELL.puc-rio.br:58993
network_acronym_str PUC_RIO-1
network_name_str Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)
repository_id_str 534
spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisDIREITO E TECNOLOGIA EM PESPECTIVA AMEFRICANA: AUTONOMIA, ALGORITMOS E VIESES RACIAISLAW AND TECHNOLOGY IN AMEFRICAN PERSPECTIVE: AUTONOMY, ALGORITHMIC BIAS AND RACIALITY2021-03-31MARIA CELINA BODIN DE MORAES72526459753lattes.cnpq.br/9091412403985108CAITLIN SAMPAIO MULHOLLAND07005358708lattes.cnpq.br/5010668019661821CAITLIN SAMPAIO MULHOLLAND07005358708lattes.cnpq.br/5010668019661821MARIA CELINA BODIN DE MORAESTHAMIS ÁVILA DALSENTER VIVEIROS DE CASTROTHAMIS ÁVILA DALSENTER VIVEIROS DE CASTROTHULA RAFAELA DE OLIVEIRA PIRESTHULA RAFAELA DE OLIVEIRA PIRES12162984750lattes.cnpq.br/0507931924473473BIANCA KREMER NOGUEIRA CORREAPONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIROPPG EM DIREITOPUC-RioBRO trabalho consiste em uma análise sobre os efeitos do que se convencionou denominar novas tecnologias sobre corpos e experiências não brancas no exercício de sua autonomia, mais precisamente os vieses algorítmicos oriundos de sistemas de inteligência artificial (IA) aplicados a produtos e serviços digitais. Dentro de um cenário global de intensa conectividade, associado a técnicas sofisticadas de IA e uso predatório de dados pessoais, tem-se reproduzido, reforçado e ocultado dinâmicas de discriminação racial em plataformas e ferramentas de busca, políticas de vigilância e acesso a produtos e serviços. Há uma crença eficiente na neutralidade do direito e da tecnologia. No contexto brasileiro, essa crença ainda se apresenta aliada ao compartilhamento do mito da democracia racial, dos pactos narcísicos e do racismo por denegação, de modo que o enfrentamento das desigualdades raciais por tecno-regulação, governança algorítmica, ou mesmo à luz de desafios ético-jurídicos, se mantém esvaziado. Para explorar o fenômeno dos vieses raciais algorítmicos, propõe-se uma reflexão sobre os efeitos da colonialidade na interseção entre direito e tecnologia a partir da categoria políticocultural da amefricanidade, desenvolvida por Lélia Gonzalez. Parte-se da premissa de que, tanto o direito, quanto as novas tecnologias, seguem lidos e construídos sob o signo da branquitude por trás de uma suposta neutralidade e igualdade formal: um lugar de privilégio de racialidade não nomeada. Sob o manto da desigualdade formal mantida pelo direito, a suposta indiferença de algoritmos e autômatos face à identidade racial dos indivíduos reproduz a perversa utilização de características étnico-raciais como mecanismo de exclusão. A construção normativa do direito e os valores éticos que permeiam a construção de uma governança tecnológica, por sua vez, se produzem a partir da experiência da zona do ser. A partir da perspectiva amefricana radicada na experiência brasileira, pretende-se oferecer uma narrativa que reposicione o papel do direito e os desafios ético-jurídicos sobre os processos de violência da zona do não-ser no ambiente digital.This paper consists of analysis about the effects of what may be called new technologies on not-white bodies and experiences when exercising their autonomy, more precisely algorithmic biases derived from Artificial Intelligence (AI) systems applied to digital products and services. In a global scenario of intense connectivity, associated with sophisticated AI techniques and predatory use of personal data, racial discrimination dynamics is being reproduced, reinforced, and hidden in search platforms and engines, monitoring politics, and products and services access. There is an efficient belief in law and technology neutrality. In the Brazilian scenario, this belief still shows allied to sharing the myth of racial democracy, narcissistic pacts, and racism denial, in a way that confronting racial inequalities by techno-regulation, algorithmic governance, or even to the light of ethical-legal challenges is still devoided. To explore the algorithmic racial bias phenomenon, it is proposed a reflection about coloniality effects in the intersection between law and technology from the Amefricanity politician-cultural category, developed by Lélia Gonzalez. Starting from the premise that law and new technologies keep being read and built on whiteness sign behind supposed neutrality and formal equality: a place of privilege related to not-identified raciality. Under a formal inequality mantle kept by law, the supposed indifference of algorithms and automatons in face of racial identity of individuals reproduces a devilish use of ethnic-racial characteristics as an exclusion mechanism. Right normative construction and ethical values that surface the construction of technological governance, in turn, are produced from the experience included in the being zone. From the Amefrican perspective ingrained in Brazilian experience, it is intended to offer a narrative that re-establish the role law performs and ethical-legal challenges on violence processes found on the not-being zone in digital environment. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIROCOORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DO PESSOAL DE ENSINO SUPERIORPROGRAMA DE SUPORTE À PÓS-GRADUAÇÃO DE INSTS. DE ENSINOPROGRAMA DE SUPORTE À PÓS-GRADUAÇÃO DE INSTITUIÇÕES COMUNITÁRIAS DE ENSINO PARTICULAREShttps://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=58993@1https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=58993@2porreponame:Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)instname:Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)instacron:PUC_RIOinfo:eu-repo/semantics/openAccess2022-11-01T14:07:25Zoai:MAXWELL.puc-rio.br:58993Repositório InstitucionalPRIhttps://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/ibict.phpopendoar:5342022-08-21T00:00Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)false
dc.title.pt.fl_str_mv DIREITO E TECNOLOGIA EM PESPECTIVA AMEFRICANA: AUTONOMIA, ALGORITMOS E VIESES RACIAIS
dc.title.alternative.en.fl_str_mv LAW AND TECHNOLOGY IN AMEFRICAN PERSPECTIVE: AUTONOMY, ALGORITHMIC BIAS AND RACIALITY
title DIREITO E TECNOLOGIA EM PESPECTIVA AMEFRICANA: AUTONOMIA, ALGORITMOS E VIESES RACIAIS
spellingShingle DIREITO E TECNOLOGIA EM PESPECTIVA AMEFRICANA: AUTONOMIA, ALGORITMOS E VIESES RACIAIS
BIANCA KREMER NOGUEIRA CORREA
title_short DIREITO E TECNOLOGIA EM PESPECTIVA AMEFRICANA: AUTONOMIA, ALGORITMOS E VIESES RACIAIS
title_full DIREITO E TECNOLOGIA EM PESPECTIVA AMEFRICANA: AUTONOMIA, ALGORITMOS E VIESES RACIAIS
title_fullStr DIREITO E TECNOLOGIA EM PESPECTIVA AMEFRICANA: AUTONOMIA, ALGORITMOS E VIESES RACIAIS
title_full_unstemmed DIREITO E TECNOLOGIA EM PESPECTIVA AMEFRICANA: AUTONOMIA, ALGORITMOS E VIESES RACIAIS
title_sort DIREITO E TECNOLOGIA EM PESPECTIVA AMEFRICANA: AUTONOMIA, ALGORITMOS E VIESES RACIAIS
author BIANCA KREMER NOGUEIRA CORREA
author_facet BIANCA KREMER NOGUEIRA CORREA
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv MARIA CELINA BODIN DE MORAES
dc.contributor.advisor1ID.fl_str_mv 72526459753
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv lattes.cnpq.br/9091412403985108
dc.contributor.advisor-co1.fl_str_mv CAITLIN SAMPAIO MULHOLLAND
dc.contributor.advisor-co1ID.fl_str_mv 07005358708
dc.contributor.advisor-co1Lattes.fl_str_mv lattes.cnpq.br/5010668019661821
dc.contributor.advisor-co2.fl_str_mv CAITLIN SAMPAIO MULHOLLAND
dc.contributor.advisor-co2ID.fl_str_mv 07005358708
dc.contributor.advisor-co2Lattes.fl_str_mv lattes.cnpq.br/5010668019661821
dc.contributor.referee1.fl_str_mv MARIA CELINA BODIN DE MORAES
dc.contributor.referee2.fl_str_mv THAMIS ÁVILA DALSENTER VIVEIROS DE CASTRO
dc.contributor.referee3.fl_str_mv THAMIS ÁVILA DALSENTER VIVEIROS DE CASTRO
dc.contributor.referee4.fl_str_mv THULA RAFAELA DE OLIVEIRA PIRES
dc.contributor.referee5.fl_str_mv THULA RAFAELA DE OLIVEIRA PIRES
dc.contributor.authorID.fl_str_mv 12162984750
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv lattes.cnpq.br/0507931924473473
dc.contributor.author.fl_str_mv BIANCA KREMER NOGUEIRA CORREA
contributor_str_mv MARIA CELINA BODIN DE MORAES
CAITLIN SAMPAIO MULHOLLAND
CAITLIN SAMPAIO MULHOLLAND
MARIA CELINA BODIN DE MORAES
THAMIS ÁVILA DALSENTER VIVEIROS DE CASTRO
THAMIS ÁVILA DALSENTER VIVEIROS DE CASTRO
THULA RAFAELA DE OLIVEIRA PIRES
THULA RAFAELA DE OLIVEIRA PIRES
description O trabalho consiste em uma análise sobre os efeitos do que se convencionou denominar novas tecnologias sobre corpos e experiências não brancas no exercício de sua autonomia, mais precisamente os vieses algorítmicos oriundos de sistemas de inteligência artificial (IA) aplicados a produtos e serviços digitais. Dentro de um cenário global de intensa conectividade, associado a técnicas sofisticadas de IA e uso predatório de dados pessoais, tem-se reproduzido, reforçado e ocultado dinâmicas de discriminação racial em plataformas e ferramentas de busca, políticas de vigilância e acesso a produtos e serviços. Há uma crença eficiente na neutralidade do direito e da tecnologia. No contexto brasileiro, essa crença ainda se apresenta aliada ao compartilhamento do mito da democracia racial, dos pactos narcísicos e do racismo por denegação, de modo que o enfrentamento das desigualdades raciais por tecno-regulação, governança algorítmica, ou mesmo à luz de desafios ético-jurídicos, se mantém esvaziado. Para explorar o fenômeno dos vieses raciais algorítmicos, propõe-se uma reflexão sobre os efeitos da colonialidade na interseção entre direito e tecnologia a partir da categoria políticocultural da amefricanidade, desenvolvida por Lélia Gonzalez. Parte-se da premissa de que, tanto o direito, quanto as novas tecnologias, seguem lidos e construídos sob o signo da branquitude por trás de uma suposta neutralidade e igualdade formal: um lugar de privilégio de racialidade não nomeada. Sob o manto da desigualdade formal mantida pelo direito, a suposta indiferença de algoritmos e autômatos face à identidade racial dos indivíduos reproduz a perversa utilização de características étnico-raciais como mecanismo de exclusão. A construção normativa do direito e os valores éticos que permeiam a construção de uma governança tecnológica, por sua vez, se produzem a partir da experiência da zona do ser. A partir da perspectiva amefricana radicada na experiência brasileira, pretende-se oferecer uma narrativa que reposicione o papel do direito e os desafios ético-jurídicos sobre os processos de violência da zona do não-ser no ambiente digital.
publishDate 2021
dc.date.issued.fl_str_mv 2021-03-31
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=58993@1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=58993@2
url https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=58993@1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=58993@2
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO
dc.publisher.program.fl_str_mv PPG EM DIREITO
dc.publisher.initials.fl_str_mv PUC-Rio
dc.publisher.country.fl_str_mv BR
publisher.none.fl_str_mv PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)
instname:Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)
instacron:PUC_RIO
instname_str Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)
instacron_str PUC_RIO
institution PUC_RIO
reponame_str Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)
collection Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1748324963622846464