[en] BLACK QUOTA EX-STUDENTS AT UERJ (STATE UNIVERSITY OF RIO DE JANEIRO): THE DISCREDITED AND ACADEMIC SUCCESS
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Data de Publicação: | 2012 |
Tipo de documento: | Outros |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell) |
Texto Completo: | https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=19501@1 https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=19501@2 http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.19501 |
Resumo: | [pt] O objetivo da pesquisa realizada foi conhecer e analisar a compreensão pessoal da trajetória universitária de ex-alunos autodeclarados negros que acessaram vagas universitárias na UERJ na condição de alunos beneficiados pelas ações afirmativas, modalidade cotas, e que chegaram à formatura. Optando por uma abordagem do tipo qualitativa, foram realizadas 16 entrevistas individuais semi-estruturadas a graduados nos seguintes cursos: Direito, Pedagogia, Serviço Social, Odontologia, Ciências Sociais, Ciências Biológicas, História, Letras, Psicologia e Matemática. Articulou um estudo de caráter reflexivo-analítico da literatura pertinente: às políticas de ação afirmativa e seu debate teórico, inseridas num contexto de políticas de o reconhecimento cultural protagonizadas pelos movimentos negros à constituição da experiência de ação afirmativa (Fraser, 2007, 2001; Frankenberger, 1993, 2004); ao atual estágio das políticas de ação afirmativa no Brasil (Guimarães, 2002, 2011; Gomes, 2003); à temática da desigualdade racial existente no país, evidenciada especialmente pela pouca presença de negros no ensino superior (Munanga, 1986, 2010; Carvalho, 2002, 2005); à presença de sujeitos pobres e negros no ensino superior, especialmente os que tiveram acesso à universidade através de ações afirmativas e os caminhos que traçaram até suas formaturas (Teixeira, 2003; Zago, 2006) e, simultaneamente, a realização de uma pesquisa de campo (Candau, 2005, 2003; Valentim, 2005; Lopes & Braga, 2007). Com Goffman (2008), percebeu-se que os alunos cotistas não são reconhecidos como pertencentes à categoria social alunos universitários normais, suas identidades são estragadas e diminuídas, sendo desacreditados ao longo de todo caminho universitário, padecendo de um estigma. Faltaria a eles o atributo indispensável à identidade de aluno normal: o mérito, pensado como uma categoria neutra, objetiva, universal ou natural, destituído dos jogos de poder e das disputas sociais. Aqueles que podem ocultar essa marca são os desacreditáveis. Entretanto, a condição de cotista pode vir à luz, situação que altera a posição de desacreditável para desacreditado. Aqueles que não podem ou não querem ocultar a marca de cotistas são os desacreditados. Os negros cotistas são por excelência os desacreditados. O racismo institucional vigente na universidade responde pela associação aluno negro igual a aluno cotista, de tal forma que, após o implemento da ação afirmativa, que alcança diferentes sujeitos, os alunos negros têm sido imediatamente identificados como alunos cotistas, o que não ocorre com os alunos brancos, que não padecem imediatamente, das conseqüências desse estigma. Devido à natureza flexível e ambígua dos esquemas classificatórios baseados na cor e na mestiçagem que operam na sociedade brasileira, os alunos que têm menores marcas que denunciem sua pertença racial de matriz africana podem gozar do benefício da dúvida deslizando da condição de desacreditado para a de desacreditável. O estudo afirma que os sujeitos pesquisados vivenciaram a experiência universitária tendo enfrentado vicissitudes materiais e simbólicas oriundas das desigualdades socioeconômicas e raciais somadas ao estigma de cotista. Alcançaram suas formaturas com o apoio institucional da universidade através das bolsas a que fizeram jus e de duas importantes estratégias: a condição de estudante trabalhador e o pertencimento a diferentes redes de solidariedade. |
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[en] BLACK QUOTA EX-STUDENTS AT UERJ (STATE UNIVERSITY OF RIO DE JANEIRO): THE DISCREDITED AND ACADEMIC SUCCESS[pt] EX-ALUNOS NEGROS COTISTAS DA UERJ: OS DESACREDITADOS E O SUCESSO ACADÊMICO[pt] ENSINO SUPERIOR[pt] AFRODESCENDENTE[pt] ACOES AFIRMATIVAS[pt] COTA[pt] NEGRO[pt] DIVERSIDADE CULTURAL[en] HIGHER EDUCATION[en] AFRICAN-DESCENDENTS[en] AFFIRMATIVE ACTIONS[en] QUOTA [en] BLACK[en] CULTURAL DIVERSITY[pt] O objetivo da pesquisa realizada foi conhecer e analisar a compreensão pessoal da trajetória universitária de ex-alunos autodeclarados negros que acessaram vagas universitárias na UERJ na condição de alunos beneficiados pelas ações afirmativas, modalidade cotas, e que chegaram à formatura. Optando por uma abordagem do tipo qualitativa, foram realizadas 16 entrevistas individuais semi-estruturadas a graduados nos seguintes cursos: Direito, Pedagogia, Serviço Social, Odontologia, Ciências Sociais, Ciências Biológicas, História, Letras, Psicologia e Matemática. Articulou um estudo de caráter reflexivo-analítico da literatura pertinente: às políticas de ação afirmativa e seu debate teórico, inseridas num contexto de políticas de o reconhecimento cultural protagonizadas pelos movimentos negros à constituição da experiência de ação afirmativa (Fraser, 2007, 2001; Frankenberger, 1993, 2004); ao atual estágio das políticas de ação afirmativa no Brasil (Guimarães, 2002, 2011; Gomes, 2003); à temática da desigualdade racial existente no país, evidenciada especialmente pela pouca presença de negros no ensino superior (Munanga, 1986, 2010; Carvalho, 2002, 2005); à presença de sujeitos pobres e negros no ensino superior, especialmente os que tiveram acesso à universidade através de ações afirmativas e os caminhos que traçaram até suas formaturas (Teixeira, 2003; Zago, 2006) e, simultaneamente, a realização de uma pesquisa de campo (Candau, 2005, 2003; Valentim, 2005; Lopes & Braga, 2007). Com Goffman (2008), percebeu-se que os alunos cotistas não são reconhecidos como pertencentes à categoria social alunos universitários normais, suas identidades são estragadas e diminuídas, sendo desacreditados ao longo de todo caminho universitário, padecendo de um estigma. Faltaria a eles o atributo indispensável à identidade de aluno normal: o mérito, pensado como uma categoria neutra, objetiva, universal ou natural, destituído dos jogos de poder e das disputas sociais. Aqueles que podem ocultar essa marca são os desacreditáveis. Entretanto, a condição de cotista pode vir à luz, situação que altera a posição de desacreditável para desacreditado. Aqueles que não podem ou não querem ocultar a marca de cotistas são os desacreditados. Os negros cotistas são por excelência os desacreditados. O racismo institucional vigente na universidade responde pela associação aluno negro igual a aluno cotista, de tal forma que, após o implemento da ação afirmativa, que alcança diferentes sujeitos, os alunos negros têm sido imediatamente identificados como alunos cotistas, o que não ocorre com os alunos brancos, que não padecem imediatamente, das conseqüências desse estigma. Devido à natureza flexível e ambígua dos esquemas classificatórios baseados na cor e na mestiçagem que operam na sociedade brasileira, os alunos que têm menores marcas que denunciem sua pertença racial de matriz africana podem gozar do benefício da dúvida deslizando da condição de desacreditado para a de desacreditável. O estudo afirma que os sujeitos pesquisados vivenciaram a experiência universitária tendo enfrentado vicissitudes materiais e simbólicas oriundas das desigualdades socioeconômicas e raciais somadas ao estigma de cotista. Alcançaram suas formaturas com o apoio institucional da universidade através das bolsas a que fizeram jus e de duas importantes estratégias: a condição de estudante trabalhador e o pertencimento a diferentes redes de solidariedade.[en] The objective of this research was to understand and analyze the personal comprehension of the trajectory of university students who have accessed places in UERJ benefited from affirmative action, type quotas, and that get graduated. By choosing a qualitative approach, were applied 16 individual semi-structured interviews in the following graduate courses: Law, Education, Social Services, Dentistry, Social Sciences, Sciences, History, Literature, Psychology and Mathematics. It articulated a study of the reflexive-analytical literature: the affirmative action policies and their theoretical debate, set against a background of cultural recognition of the main characters of the movements of the formation of black experience of affirmative action (Fraser, 2007, 2001; Frankenberger , 1993, 2004), the current state of affirmative action policies in Brazil (Guimarães, 2002, 2011; Gomes, 2003), the issue of racial inequality in the country, evidenced especially by the low presence of blacks in higher education (Munanga, 1986 , 2010; Carvalho, 2002, 2005), the presence of poor and black subjects in higher education, especially those who had accessed the university through affirmative action and the ways that drew up their graduations (Teixeira, 2003; Zago, 2006) and simultaneously conducting a field survey (Candau, 2005, 2003, Valentine, 2005, Lopes & Braga, 2007). As Goffman (2008), it was noted that the quota students are not recognized as belonging to the same social category as the normal students, their identities are spoiled and diminished, being discredited along the way at the college, suffering from a stigma. The attribute that they would miss, essential to common student identity: the merit, thought of as a neutral category, objective, universal or natural, devoid of power games and social disputes. Those who can hide this brand are discreditable. However, the condition of quota holder may come to light, a situation that changes the position of discreditable to discredited. Those who can not or do not want to hide the mark of quota holders are discredited. Blacks are discredited. The existing institutional racism in the university student association is responsible for black students equal to quota holder, so that after the implement affirmative action, which reaches different subjects, black students have been immediately identified as quota students, which does not occur with white students, who do not suffer immediately, the consequences of this stigma. Due to the flexible and ambiguous nature of classificatory schemes based on color mixing and operating in the Brazilian society, students who have smaller brands who report their racial belonging of African can enjoy the benefit of the doubt by sliding the discredited condition for of discreditable. The study asserts that the study subjects faced the college experience with material and symbolic coming of socioeconomic and racial inequalities added to the stigma of shareholder. They reached their graduation with institutional support from the university through grants to that they did justice and with two major strategies: the condition of student workers and belonging to different networks of solidarity.MAXWELLVERA MARIA FERRAO CANDAUDANIELA FRIDA DRELICH VALENTIM2012-05-03info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/otherhttps://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=19501@1https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=19501@2http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.19501porreponame:Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)instname:Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)instacron:PUC_RIOinfo:eu-repo/semantics/openAccess2019-04-03T00:00:00Zoai:MAXWELL.puc-rio.br:19501Repositório InstitucionalPRIhttps://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/ibict.phpopendoar:5342019-04-03T00:00Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)false |
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[pt] O objetivo da pesquisa realizada foi conhecer e analisar a compreensão pessoal da trajetória universitária de ex-alunos autodeclarados negros que acessaram vagas universitárias na UERJ na condição de alunos beneficiados pelas ações afirmativas, modalidade cotas, e que chegaram à formatura. Optando por uma abordagem do tipo qualitativa, foram realizadas 16 entrevistas individuais semi-estruturadas a graduados nos seguintes cursos: Direito, Pedagogia, Serviço Social, Odontologia, Ciências Sociais, Ciências Biológicas, História, Letras, Psicologia e Matemática. Articulou um estudo de caráter reflexivo-analítico da literatura pertinente: às políticas de ação afirmativa e seu debate teórico, inseridas num contexto de políticas de o reconhecimento cultural protagonizadas pelos movimentos negros à constituição da experiência de ação afirmativa (Fraser, 2007, 2001; Frankenberger, 1993, 2004); ao atual estágio das políticas de ação afirmativa no Brasil (Guimarães, 2002, 2011; Gomes, 2003); à temática da desigualdade racial existente no país, evidenciada especialmente pela pouca presença de negros no ensino superior (Munanga, 1986, 2010; Carvalho, 2002, 2005); à presença de sujeitos pobres e negros no ensino superior, especialmente os que tiveram acesso à universidade através de ações afirmativas e os caminhos que traçaram até suas formaturas (Teixeira, 2003; Zago, 2006) e, simultaneamente, a realização de uma pesquisa de campo (Candau, 2005, 2003; Valentim, 2005; Lopes & Braga, 2007). Com Goffman (2008), percebeu-se que os alunos cotistas não são reconhecidos como pertencentes à categoria social alunos universitários normais, suas identidades são estragadas e diminuídas, sendo desacreditados ao longo de todo caminho universitário, padecendo de um estigma. Faltaria a eles o atributo indispensável à identidade de aluno normal: o mérito, pensado como uma categoria neutra, objetiva, universal ou natural, destituído dos jogos de poder e das disputas sociais. Aqueles que podem ocultar essa marca são os desacreditáveis. Entretanto, a condição de cotista pode vir à luz, situação que altera a posição de desacreditável para desacreditado. Aqueles que não podem ou não querem ocultar a marca de cotistas são os desacreditados. Os negros cotistas são por excelência os desacreditados. O racismo institucional vigente na universidade responde pela associação aluno negro igual a aluno cotista, de tal forma que, após o implemento da ação afirmativa, que alcança diferentes sujeitos, os alunos negros têm sido imediatamente identificados como alunos cotistas, o que não ocorre com os alunos brancos, que não padecem imediatamente, das conseqüências desse estigma. Devido à natureza flexível e ambígua dos esquemas classificatórios baseados na cor e na mestiçagem que operam na sociedade brasileira, os alunos que têm menores marcas que denunciem sua pertença racial de matriz africana podem gozar do benefício da dúvida deslizando da condição de desacreditado para a de desacreditável. O estudo afirma que os sujeitos pesquisados vivenciaram a experiência universitária tendo enfrentado vicissitudes materiais e simbólicas oriundas das desigualdades socioeconômicas e raciais somadas ao estigma de cotista. Alcançaram suas formaturas com o apoio institucional da universidade através das bolsas a que fizeram jus e de duas importantes estratégias: a condição de estudante trabalhador e o pertencimento a diferentes redes de solidariedade. |
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