CONTRATRANSFERÊNCIA E SEGREDOS DE FAMÍLIA: O TERAPEUTA ENTRE O MANIFESTO E O LATENTE

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: CIDIANE VAZ MELO
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)
Texto Completo: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=29089@1
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Resumo: Na clínica com famílias, constata-se que os segredos familiares possuem funções de preservação da privacidade e da autonomia. Na psicoterapia familiar, determinados segredos assumem uma função central, enredando os membros em alianças inconscientes e pactos denegativos. Tal situação favorece o surgimento, na família, de angústias primitivas e fantasias relacionadas aos seus efeitos, à sua manutenção e à sua possível descoberta. Essas questões tornam-se particularmente pertinentes nos atendimentos, não só pela psicodinâmica envolvida, mas também por haver ressonâncias dos segredos de família no terapeuta e no processo terapêutico de modo geral. Em termos contratransferenciais, o terapeuta pode ficar às voltas com as mais variadas sensações, como dor de cabeça, entorpecimento, ansiedade e confusão. Pode também sentir medo, constrangimento e vergonha ao abordar determinados assuntos, às vezes chegando a perder sua capacidade de pensar e de fazer ligações entre os conteúdos mentais. Contrastada com tais vivências, observa-se também uma curiosidade detetivesca despertada no terapeuta quando em contato com essas famílias, o que pode comprometer a relação terapêutica e os atendimentos propriamente ditos. Diante das dificuldades envolvidas nessas situações, cabe interrogar: como pode o terapeuta compreender os fenômenos contratransferenciais mobilizados nas situações que envolvem segredos de família e utilizá-los a favor do tratamento? No presente estudo, reflete-se sobre tal questão. O conceito de contratransferência é abordado, desde as primeiras teorizações sobre o fenômeno clínico, assim como as noções de contratransferência familiar e de contratransferência mítica. Posteriormente, aborda-se a literatura psicanalítica sobre os segredos familiares diferenciando os tipos de segredos que são constitutivos do psiquismo e da capacidade de pensar autonomamente, daqueles que são vivenciados com angústia, vergonha e/ou humilhação. Por último, busca-se realizar uma articulação entre contratransferência e segredos familiares, tecendo considerações sobre a técnica envolvida no tratamento dessas situações clínicas.
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Tal situação favorece o surgimento, na família, de angústias primitivas e fantasias relacionadas aos seus efeitos, à sua manutenção e à sua possível descoberta. Essas questões tornam-se particularmente pertinentes nos atendimentos, não só pela psicodinâmica envolvida, mas também por haver ressonâncias dos segredos de família no terapeuta e no processo terapêutico de modo geral. Em termos contratransferenciais, o terapeuta pode ficar às voltas com as mais variadas sensações, como dor de cabeça, entorpecimento, ansiedade e confusão. Pode também sentir medo, constrangimento e vergonha ao abordar determinados assuntos, às vezes chegando a perder sua capacidade de pensar e de fazer ligações entre os conteúdos mentais. Contrastada com tais vivências, observa-se também uma curiosidade detetivesca despertada no terapeuta quando em contato com essas famílias, o que pode comprometer a relação terapêutica e os atendimentos propriamente ditos. Diante das dificuldades envolvidas nessas situações, cabe interrogar: como pode o terapeuta compreender os fenômenos contratransferenciais mobilizados nas situações que envolvem segredos de família e utilizá-los a favor do tratamento? No presente estudo, reflete-se sobre tal questão. O conceito de contratransferência é abordado, desde as primeiras teorizações sobre o fenômeno clínico, assim como as noções de contratransferência familiar e de contratransferência mítica. Posteriormente, aborda-se a literatura psicanalítica sobre os segredos familiares diferenciando os tipos de segredos que são constitutivos do psiquismo e da capacidade de pensar autonomamente, daqueles que são vivenciados com angústia, vergonha e/ou humilhação. Por último, busca-se realizar uma articulação entre contratransferência e segredos familiares, tecendo considerações sobre a técnica envolvida no tratamento dessas situações clínicas.Based on the clinical practice with families, it was observed that certain secrets assume a fundamental function, entangling the family members in unconscious alliances and denegative pacts. Such a situation favors the emergence, within the family, of primitive angsts and fantasies related to their effects, their maintenance and possible discovery. These questions become particularly pertinent in clinical encounters, not only because of the psychodynamic involved, but also because family secrets resonate in the therapist, as well as in the therapeutic process overall. In regards to the countertransference, the therapist can be faced with diverse sensations, such as headache, numbing, anxiety, and confusion. He might also experience embarrassment when dealing with certain themes, as if he had lost his ability to think and establish connections among mental contents. He might be disturbed by these contents, and sometimes forced to establish agreements with some family members in detriment to other members. In contrast to these experiences, we also observe a detective-like curiosity emerging in the therapist when in contact with these families, which may compromise both the therapeutic relationship and the treatment itself. Given the difficulties involved in these situations, one may ask: how can the therapist understand these counter-transferencial phenomena mobilized in situations that involve family secrets, and how can he use them in the benefit of treatment? Aiming at answering these questions, a literature review on the counter-transference concept was conducted, from the first conceptualizations of this clinical phenomenon established by Freud (1910), Melaine Klein (1946), Paula Heimann (1950; 1969) and Racker (1948) to the notions of family counter-transference (Eiguer, 1995) and mythical counter-transference (Losso, 2001). Later, it was approached the psychoanalytical literature regarding family secrets, differentiating the types of secrets that are fundamental, those that constitute the psyche and the capacity to think autonomously from those that are experienced as angst, shame and/or humiliation. Finally, we attempted to articulate counter-transference and family secrets to the considerations regarding the techniques involved in treating these clinical situations.PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIROCONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICOhttps://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=29089@1https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=29089@2porreponame:Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)instname:Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)instacron:PUC_RIOinfo:eu-repo/semantics/openAccess2022-11-01T13:32:52Zoai:MAXWELL.puc-rio.br:29089Repositório InstitucionalPRIhttps://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/ibict.phpopendoar:5342018-07-04T00:00Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)false
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