A CRISE DO REFÚGIO E O REFUGIADO COMO CRISE

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: FABRICIO TOLEDO DE SOUZA
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)
Texto Completo: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=29858@1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=29858@2
Resumo: A crise dos refugiados é apreendida em duas principais dimensões. De um lado, é a evidência de que a guerra tornou-se a condição generalizada de nosso tempo. Mais do que um evento extraordinário, a crise dos refugiados é signo da violência e da desigualdade como normalidade. Neste sentido, nomear como crise o aumento incessante dos deslocamentos é apenas uma forma de legitimar a violência constante em que vivem parcelas enormes da população mundial, especialmente as mais pobres. O fundamento humanitário do instituto do refúgio é indissociável da gestão global da iniquidade. Nesta primeira dimensão, qualificada como negativa, o instituto de refúgio, fundado em uma concepção de vida sempre diminuída, é apreendido como um dispositivo de controle e docilização. Por meio da distinção e classificação entre refugiados e migrantes, a vida, o direito e a cidadania surgem como bens escassos. De outro lado, sem recusar a tragédia, a crise surge em sua dimensão afirmativa. Nesta perspectiva, as classificações instituídas pelos estados cedem lugar às subjetividades produzidas pelos sujeitos que fogem. Os sujeitos em fuga afirmam o caráter constituinte e ontológico da fuga: atravessam a sobrevivência para afirmar a resistência como fundamento da vida, atribuindo, por meio de sua luta, o valor e a dignidade da própria vida. Simultaneamente à dor, à negatividade e à violência, na fuga existe o desejo positivo por liberdade e democracia. Os sujeitos decidem fugir porque querem viver. Não se trata de recusar a tragédia, mas sim recuperá-la do vazio e da impotência.
id PUC_RIO-1_93be5d6bfc4951dcf7e36cf5d2fb43c6
oai_identifier_str oai:MAXWELL.puc-rio.br:29858
network_acronym_str PUC_RIO-1
network_name_str Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)
repository_id_str 534
spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisA CRISE DO REFÚGIO E O REFUGIADO COMO CRISE THE REFUGEE CRISIS AND THE REFUGEE AS A CRISIS 2016-09-12FRANCISCO DE GUIMARAENS08192771776lattes.cnpq.br/5705400403846459FRANCISCO DE GUIMARAENS08192771776lattes.cnpq.br/5705400403846459ADRIANO PILATTI46545980904lattes.cnpq.br/0786723301440797ADRIANO PILATTIALEXANDRE FABIANO MENDESROBERTO VILCHEZ YAMATOROBERTO VILCHEZ YAMATOBETHANIA DE ALBUQUERQUE ASSY11804034878lattes.cnpq.br/9786867497844830FABRICIO TOLEDO DE SOUZAPONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIROPPG EM DIREITOPUC-RioBRA crise dos refugiados é apreendida em duas principais dimensões. De um lado, é a evidência de que a guerra tornou-se a condição generalizada de nosso tempo. Mais do que um evento extraordinário, a crise dos refugiados é signo da violência e da desigualdade como normalidade. Neste sentido, nomear como crise o aumento incessante dos deslocamentos é apenas uma forma de legitimar a violência constante em que vivem parcelas enormes da população mundial, especialmente as mais pobres. O fundamento humanitário do instituto do refúgio é indissociável da gestão global da iniquidade. Nesta primeira dimensão, qualificada como negativa, o instituto de refúgio, fundado em uma concepção de vida sempre diminuída, é apreendido como um dispositivo de controle e docilização. Por meio da distinção e classificação entre refugiados e migrantes, a vida, o direito e a cidadania surgem como bens escassos. De outro lado, sem recusar a tragédia, a crise surge em sua dimensão afirmativa. Nesta perspectiva, as classificações instituídas pelos estados cedem lugar às subjetividades produzidas pelos sujeitos que fogem. Os sujeitos em fuga afirmam o caráter constituinte e ontológico da fuga: atravessam a sobrevivência para afirmar a resistência como fundamento da vida, atribuindo, por meio de sua luta, o valor e a dignidade da própria vida. Simultaneamente à dor, à negatividade e à violência, na fuga existe o desejo positivo por liberdade e democracia. Os sujeitos decidem fugir porque querem viver. Não se trata de recusar a tragédia, mas sim recuperá-la do vazio e da impotência.The refugee crisis is considered in two main dimensions. On the one hand, it demonstrates that war has become the generalized condition of our time. More than an extraordinary event, the refugee crisis is a sign of the normalization of violence and inequality. In this regard, naming as a crisis the incessant increase of displacement is a way of legitimizing the constant violence in which large portions of the world population live, especially the poorest. The humanitarian foundation of the institution of refuge is inseparable from the global management of iniquity. In this first dimension, qualified as negative, the refuge regime, founded on a conception of always diminished life, is treated as a mechanism of control and docilization. Through the distinction and classification of refugees and migrants, life, rights and citizenship arise as scarce goods. On the other hand, without rejecting this tragedy, the affirmative dimension of the crisis is considered. In this perspective, the classifications established by states give way to the subjectivities produced by the fleeing subjects. They affirm the constitutive and ontological character of the escape: through survival, subjects in escape assert resistance as the foundation of life, giving, through their very struggle, value and dignity to life itself. Concomitant to the pain, negativity and violence, in escape there is a positive desire for freedom and democracy. Escaping subjects decide to flee because they want to live. This is not to deny the tragedy, but reclaim escape from emptiness and impotence.https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=29858@1https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=29858@2porreponame:Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)instname:Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)instacron:PUC_RIOinfo:eu-repo/semantics/openAccess2022-11-01T13:32:59Zoai:MAXWELL.puc-rio.br:29858Repositório InstitucionalPRIhttps://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/ibict.phpopendoar:5342017-09-14T00:00Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)false
dc.title.pt.fl_str_mv A CRISE DO REFÚGIO E O REFUGIADO COMO CRISE
dc.title.alternative.en.fl_str_mv THE REFUGEE CRISIS AND THE REFUGEE AS A CRISIS
title A CRISE DO REFÚGIO E O REFUGIADO COMO CRISE
spellingShingle A CRISE DO REFÚGIO E O REFUGIADO COMO CRISE
FABRICIO TOLEDO DE SOUZA
title_short A CRISE DO REFÚGIO E O REFUGIADO COMO CRISE
title_full A CRISE DO REFÚGIO E O REFUGIADO COMO CRISE
title_fullStr A CRISE DO REFÚGIO E O REFUGIADO COMO CRISE
title_full_unstemmed A CRISE DO REFÚGIO E O REFUGIADO COMO CRISE
title_sort A CRISE DO REFÚGIO E O REFUGIADO COMO CRISE
author FABRICIO TOLEDO DE SOUZA
author_facet FABRICIO TOLEDO DE SOUZA
author_role author
dc.contributor.advisor2ID.none.fl_str_mv 08192771776
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv FRANCISCO DE GUIMARAENS
dc.contributor.advisor1ID.fl_str_mv 08192771776
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv lattes.cnpq.br/5705400403846459
dc.contributor.advisor2.fl_str_mv FRANCISCO DE GUIMARAENS
dc.contributor.advisor2Lattes.fl_str_mv lattes.cnpq.br/5705400403846459
dc.contributor.advisor-co1.fl_str_mv ADRIANO PILATTI
dc.contributor.advisor-co1ID.fl_str_mv 46545980904
dc.contributor.advisor-co1Lattes.fl_str_mv lattes.cnpq.br/0786723301440797
dc.contributor.referee1.fl_str_mv ADRIANO PILATTI
dc.contributor.referee2.fl_str_mv ALEXANDRE FABIANO MENDES
dc.contributor.referee3.fl_str_mv ROBERTO VILCHEZ YAMATO
dc.contributor.referee4.fl_str_mv ROBERTO VILCHEZ YAMATO
dc.contributor.referee5.fl_str_mv BETHANIA DE ALBUQUERQUE ASSY
dc.contributor.authorID.fl_str_mv 11804034878
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv lattes.cnpq.br/9786867497844830
dc.contributor.author.fl_str_mv FABRICIO TOLEDO DE SOUZA
contributor_str_mv FRANCISCO DE GUIMARAENS
FRANCISCO DE GUIMARAENS
ADRIANO PILATTI
ADRIANO PILATTI
ALEXANDRE FABIANO MENDES
ROBERTO VILCHEZ YAMATO
ROBERTO VILCHEZ YAMATO
BETHANIA DE ALBUQUERQUE ASSY
description A crise dos refugiados é apreendida em duas principais dimensões. De um lado, é a evidência de que a guerra tornou-se a condição generalizada de nosso tempo. Mais do que um evento extraordinário, a crise dos refugiados é signo da violência e da desigualdade como normalidade. Neste sentido, nomear como crise o aumento incessante dos deslocamentos é apenas uma forma de legitimar a violência constante em que vivem parcelas enormes da população mundial, especialmente as mais pobres. O fundamento humanitário do instituto do refúgio é indissociável da gestão global da iniquidade. Nesta primeira dimensão, qualificada como negativa, o instituto de refúgio, fundado em uma concepção de vida sempre diminuída, é apreendido como um dispositivo de controle e docilização. Por meio da distinção e classificação entre refugiados e migrantes, a vida, o direito e a cidadania surgem como bens escassos. De outro lado, sem recusar a tragédia, a crise surge em sua dimensão afirmativa. Nesta perspectiva, as classificações instituídas pelos estados cedem lugar às subjetividades produzidas pelos sujeitos que fogem. Os sujeitos em fuga afirmam o caráter constituinte e ontológico da fuga: atravessam a sobrevivência para afirmar a resistência como fundamento da vida, atribuindo, por meio de sua luta, o valor e a dignidade da própria vida. Simultaneamente à dor, à negatividade e à violência, na fuga existe o desejo positivo por liberdade e democracia. Os sujeitos decidem fugir porque querem viver. Não se trata de recusar a tragédia, mas sim recuperá-la do vazio e da impotência.
publishDate 2016
dc.date.issued.fl_str_mv 2016-09-12
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=29858@1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=29858@2
url https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=29858@1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=29858@2
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO
dc.publisher.program.fl_str_mv PPG EM DIREITO
dc.publisher.initials.fl_str_mv PUC-Rio
dc.publisher.country.fl_str_mv BR
publisher.none.fl_str_mv PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)
instname:Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)
instacron:PUC_RIO
instname_str Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)
instacron_str PUC_RIO
institution PUC_RIO
reponame_str Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)
collection Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1748324931079241728