[pt] A ÉTICA DO DEVER EM KANT E A ÉTICA DO DESEJO EM LACAN: APROXIMAÇÕES E DIFERENÇAS
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2007 |
Tipo de documento: | Outros |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell) |
Texto Completo: | https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=10694@1 https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=10694@2 http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.10694 |
Resumo: | [pt] Na Crítica da Razão Prática (1788), Kant debruça-se sobre o problema da ética a fim de apresentar um enunciado capaz de fundamentar e orientar a ação humana. O imperativo categórico vem encarnar aquilo que é o coração de uma ética denominada por Kant de ética do dever, calcada na razão e em uma vontade dita pura, desvinculada de todas as inclinações chamadas patológicas, ou seja, desvinculada do prazer e da felicidade. Cerca de um século depois, Freud, ao afirmar que o eu não é senhor em sua própria morada, lança o sujeito racional a um lugar desconcertante, com um controle ínfimo sobre suas ações e decisões. Diferente de Kant, Freud não acredita que o sujeito está inclinado ao prazer e à felicidade. Aquilo que está além do Princípio do Prazer é uma noção freudiana fundamental, retomada por Lacan quando, em 1959, ele se propõe a abordar, em seu seminário de número sete, uma ética da psicanálise. A vontade pura, formulada por Kant para pensar a ética do dever, torna-se, então, referência maior para que Lacan aborde o que denomina de desejo puro. Aproximando-se daquilo que no sujeito aponta para além do princípio do prazer, Lacan, em um movimento inesperado, remete a proposta ética kantiana à filosofia libertina de Sade, pois acredita que Sade ajuda a explicitar a divisão do sujeito; divisão presente, mas velada em Kant. Aquilo que no sujeito aponta para além do princípio do prazer é, assim, fundamental para Lacan construir uma ética que coloca o desejo em primeiro plano. É também o que traz à ética da psicanálise um sério problema, uma vez que a remete a uma dimensão trágica. Antígona, de Sófocles, serve a Lacan para demonstrar aonde se pode chegar com o desejo puro. |
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[pt] A ÉTICA DO DEVER EM KANT E A ÉTICA DO DESEJO EM LACAN: APROXIMAÇÕES E DIFERENÇAS[en] THE ETHICS OF DUTY IN KANT AND THE ETHICS OF DESIRE IN LACAN: COMMON ISSUES AND DIFFERENCES[pt] ETICA[pt] IMMANUEL KANT[pt] LACAN[en] ETHICS[en] IMMANUEL KANT[en] LACAN[pt] Na Crítica da Razão Prática (1788), Kant debruça-se sobre o problema da ética a fim de apresentar um enunciado capaz de fundamentar e orientar a ação humana. O imperativo categórico vem encarnar aquilo que é o coração de uma ética denominada por Kant de ética do dever, calcada na razão e em uma vontade dita pura, desvinculada de todas as inclinações chamadas patológicas, ou seja, desvinculada do prazer e da felicidade. Cerca de um século depois, Freud, ao afirmar que o eu não é senhor em sua própria morada, lança o sujeito racional a um lugar desconcertante, com um controle ínfimo sobre suas ações e decisões. Diferente de Kant, Freud não acredita que o sujeito está inclinado ao prazer e à felicidade. Aquilo que está além do Princípio do Prazer é uma noção freudiana fundamental, retomada por Lacan quando, em 1959, ele se propõe a abordar, em seu seminário de número sete, uma ética da psicanálise. A vontade pura, formulada por Kant para pensar a ética do dever, torna-se, então, referência maior para que Lacan aborde o que denomina de desejo puro. Aproximando-se daquilo que no sujeito aponta para além do princípio do prazer, Lacan, em um movimento inesperado, remete a proposta ética kantiana à filosofia libertina de Sade, pois acredita que Sade ajuda a explicitar a divisão do sujeito; divisão presente, mas velada em Kant. Aquilo que no sujeito aponta para além do princípio do prazer é, assim, fundamental para Lacan construir uma ética que coloca o desejo em primeiro plano. É também o que traz à ética da psicanálise um sério problema, uma vez que a remete a uma dimensão trágica. Antígona, de Sófocles, serve a Lacan para demonstrar aonde se pode chegar com o desejo puro.[en] In his Critique of Practical Reason (1788), Kant takes onto himself the task of working on the problem of ethics in order to present a statement capable to base and guide human action. The categorical imperative comes to incarnate that which is the heart of an ethics called by Kant the ethics of duty, based on reason and on an allegedly pure will, disentailed of all the so called pathological inclinations, in which the individual would find pleasure and happiness. About a century later, Freud, stating that the Ego is not the master of its own house, throws the rational subject in a baffling place, with very little control of its action and decisions. Unlike Kant, Freud does not believe that the subject is inclined to pleasure and happiness. That which is beyond the Pleasure Principle is a basic Freudian notion, retaken by Lacan in 1959, the seventh year of his seminary, in order to deal with the ethics of psychoanalysis. Pure will, formulated by Kant to think the ethics of duty, becomes, hence, a major reference in what Lacan comes to call pure desire. Coming close to that which in the subject seems to point beyond the pleasure principle, Lacan, in an unexpected movement, sends the Kantian ethical proposition to the libertine philosophy of Sade, believing that Sade may help in his attempt of explicitating the subject's division, present yet veiled in Kant. That which points beyond the pleasure principle is, thus, fundamental for Lacan to build an ethics that places desire in the foreground. It is also what brings a serious problem to the ethics of psychoanalysis: its tragic dimension. Sophocles Antigone helps Lacan to demonstrate what can one come to when pure desire is taken to its extreme.MAXWELLVERA CRISTINA DE ANDRADE BUENOMARICIA AGUIAR CISCATO2007-10-05info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/otherhttps://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=10694@1https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=10694@2http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.10694porreponame:Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)instname:Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)instacron:PUC_RIOinfo:eu-repo/semantics/openAccess2019-06-28T00:00:00Zoai:MAXWELL.puc-rio.br:10694Repositório InstitucionalPRIhttps://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/ibict.phpopendoar:5342019-06-28T00:00Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO)false |
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