[en] CONSTRUCTION OF ADOPTIVE PARENTHOOD IN SINGLE-PARENT FAMILIES

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: SIBELY JOAQUINA PEREIRA LIMA
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Outros
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da PUC-RIO (Projeto Maxwell)
Texto Completo: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=66402@1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=66402@2
http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.66402
Resumo: [pt] Esta tese investiga a construção da parentalidade em famílias adotivas monoparentais. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, na qual foram entrevistados nove mulheres e três homens com idades entre 38 e 61 anos dos extratos socioeconômicos médios de quatro cidades brasileiras que adotaram crianças há mais de dois anos. Os resultados foram analisados segundo o método de análise de conteúdo em sua vertente categorial. Das análises realizadas emergiram nove categorias: além da infertilidade, motivações para o perfil, motivações emocionais profundas, reações iniciais da criança, sentimentos de perda e luto da criança, articulação de duas histórias, questões inter-raciais, narrativas da filiação adotiva, e transmissão da história das origens. Os resultados e suas análises são apresentados em quatro artigos. No primeiro, investigam-se as motivações na transição para a monoparentalidade adotiva. Os dados indicam que a ausência de um parceiro ou a falta de interesse em dividir a parentalidade ocupa um lugar central; as motivações para o perfil da criança se transformam por meio de um processo de releitura do desejo, mas também recebem a influência dos profissionais envolvidos na adoção. No segundo artigo investigam-se os impactos da adoção na construção da parentalidade. Constata-se que as experiências pregressas e os sentimentos de perda e luto da criança constituem os principais impactos. No terceiro artigo, investiga-se a transmissão geracional na construção da parentalidade. Os processos identificatórios e afetivos estão em primeiro plano e a história pessoal com os pais é articulada à da criança como meio para que ela elabore sua história adotiva. O quarto artigo investiga a transmissão geracional da história da criança. Constata-se que as crianças necessitam conciliar sua história atual com as suas origens; os pais devem levar em conta a curiosidade da criança e sua capacidade de absorver informações, confiar no vínculo estabelecido com os filhos e redefinir verdades traumáticas em um trabalho psíquico conjunto. Conclui-se que a construção da parentalidade adotiva em famílias monoparentais apresentou-se marcada por motivações que se diferenciam daquelas dos casais, caracterizando-se pela configuração do desejo de parentalidade em fase tardia da vida, com o predomínio de processos identificatórios e do desejo de transmitir. As motivações para o perfil da criança se renovam em um processo de releitura do desejo. Emergiram como principais impactos da adoção as reações iniciais da criança, percebidas de forma diferente entre adotantes masculinos e femininos, abrindo uma discussão sobre o contexto social que coloca o bem-estar infantil centrado na mulher. Adicionalmente, os sentimentos de perda e luto da criança desafiam os pais a lidarem com seus próprios sentimentos e as ambiguidades da adoção, e a desenvolverem uma abertura quanto aos sentimentos dos filhos. A transmissão intergeracional no grupo pesquisado é marcada por rupturas com o modelo biparental de família, com a homogeneidade racial intrafamiliar e com a família biológica da criança. As experiências individuais com os pais ganham intensidade, não recebendo a influência da parentalidade de um parceiro. O trabalho psíquico de inscrição da criança em uma genealogia não é afetado pelas hesitações próprias das famílias com casais. As diferenças inter-raciais ganham visibilidade em se tratando de famílias com uma única linha genealógica, observando-se o valor da rede de laços da família por propiciar identificações, favorecendo a construção de uma identidade racial positiva. As adoções inter-raciais promovem a experiência da alteridade racial, que transforma os valores familiares de uma geração à outra, tornando a parentalidade um lugar privilegiado de (re)socialização racial. A transmissão da história das origens revela-se altamente desafiadora, porém essencial para a constituição identitária da criança adotada e para a consolidação da parentalidade adotiva. No que tange às crianças menores, observa-se o valor de diferentes tipos de narrativas e da comunicação não verbal.
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Das análises realizadas emergiram nove categorias: além da infertilidade, motivações para o perfil, motivações emocionais profundas, reações iniciais da criança, sentimentos de perda e luto da criança, articulação de duas histórias, questões inter-raciais, narrativas da filiação adotiva, e transmissão da história das origens. Os resultados e suas análises são apresentados em quatro artigos. No primeiro, investigam-se as motivações na transição para a monoparentalidade adotiva. Os dados indicam que a ausência de um parceiro ou a falta de interesse em dividir a parentalidade ocupa um lugar central; as motivações para o perfil da criança se transformam por meio de um processo de releitura do desejo, mas também recebem a influência dos profissionais envolvidos na adoção. No segundo artigo investigam-se os impactos da adoção na construção da parentalidade. Constata-se que as experiências pregressas e os sentimentos de perda e luto da criança constituem os principais impactos. No terceiro artigo, investiga-se a transmissão geracional na construção da parentalidade. Os processos identificatórios e afetivos estão em primeiro plano e a história pessoal com os pais é articulada à da criança como meio para que ela elabore sua história adotiva. O quarto artigo investiga a transmissão geracional da história da criança. Constata-se que as crianças necessitam conciliar sua história atual com as suas origens; os pais devem levar em conta a curiosidade da criança e sua capacidade de absorver informações, confiar no vínculo estabelecido com os filhos e redefinir verdades traumáticas em um trabalho psíquico conjunto. Conclui-se que a construção da parentalidade adotiva em famílias monoparentais apresentou-se marcada por motivações que se diferenciam daquelas dos casais, caracterizando-se pela configuração do desejo de parentalidade em fase tardia da vida, com o predomínio de processos identificatórios e do desejo de transmitir. As motivações para o perfil da criança se renovam em um processo de releitura do desejo. Emergiram como principais impactos da adoção as reações iniciais da criança, percebidas de forma diferente entre adotantes masculinos e femininos, abrindo uma discussão sobre o contexto social que coloca o bem-estar infantil centrado na mulher. Adicionalmente, os sentimentos de perda e luto da criança desafiam os pais a lidarem com seus próprios sentimentos e as ambiguidades da adoção, e a desenvolverem uma abertura quanto aos sentimentos dos filhos. A transmissão intergeracional no grupo pesquisado é marcada por rupturas com o modelo biparental de família, com a homogeneidade racial intrafamiliar e com a família biológica da criança. As experiências individuais com os pais ganham intensidade, não recebendo a influência da parentalidade de um parceiro. O trabalho psíquico de inscrição da criança em uma genealogia não é afetado pelas hesitações próprias das famílias com casais. As diferenças inter-raciais ganham visibilidade em se tratando de famílias com uma única linha genealógica, observando-se o valor da rede de laços da família por propiciar identificações, favorecendo a construção de uma identidade racial positiva. As adoções inter-raciais promovem a experiência da alteridade racial, que transforma os valores familiares de uma geração à outra, tornando a parentalidade um lugar privilegiado de (re)socialização racial. A transmissão da história das origens revela-se altamente desafiadora, porém essencial para a constituição identitária da criança adotada e para a consolidação da parentalidade adotiva. No que tange às crianças menores, observa-se o valor de diferentes tipos de narrativas e da comunicação não verbal.[en] This thesis investigates the construction of parenthood in single-parent adoptive families. A qualitative research was carried out, in which nine women and three men aged between 38 and 61 years old from the average socio economic strata of four Brazilian cities that adopted children more than two years ago, were interviewed. The results were analyzed according to the content analysis method in its categorical aspect. From this analysis, nine categories emerged: in additionto infertility, motivations for the profile, deep emotional motivations, child s initial reactions, feelings of loss and grief of the child, articulation of two stories, interracial issues, narratives of adoptive affiliation, and transmission of the storyof origins. The results and their analyzes are presented in four articles. In the first,motivations in the transition to single adoptive parenthood are investigated. The data indicate that the absence of a partner or the lack of interest in sharing parenting occupies a central place; the motivations for the child s profile are transformed through a process of reinterpreting the desire, but they are also influenced by the professionals involved in the adoption. The second article investigates the impacts of adoption on the construction of parenthood. It appears that the child s previous experiences and feelings of loss and mourning constitute the main impacts. In the third article, generational transmission in the construction of parenthood is investigated. The identification and affective processes are in thefore ground and the personal history with the parents is articulated with that of the child as a means for them to elaborate their adoptive history. The fourth article investigates the generational transmission of the child s story. It appears that children need to reconcile their current history with their origins; parents musttake into account the child s curiosity and their ability to absorb information, trust the bond established with their children and redefine traumatic truths in joint psychic work. It is concluded that the construction of adoptive parenthood insingle-parent families was marked by motivations that differ from those of couples, characterized by the configuration of the desire for parenthood at a later stage of life, with the predominance of identification processes and the desire to transmit. The motivations for the child s profile are renewed in a process of reinterpreting the desire. The child s initial reactions emerged as the main impacts of adoption, perceived differently between male and female adopters, opening a discussion about the social context that places child well-being centered on women. Additionally, the child s feelings of loss and grief challenge parents todeal with their own feelings and the ambiguities of adoption, and to develop openness regarding their children s feelings. Intergenerational transmission in the researched group is marked by ruptures with the two-parent family model, with intra-family racial homogeneity and with the child s biological family. Individual experiences with parents gain intensity, not being influenced by a partner sparenting. The psychic work of enrolling the child in a genealogy is not affected by the hesitations typical of families with married couples. Interracial differences gain visibility in the case of families with a single genealogical line, observing the value of the family s network of ties in providing identification, favoring the construction of a positive racial identity. Interracial adoptions promote the experience of racial otherness, which transforms family values from one generation to the next, making parenting a privileged place for racial(re)socialization. The transmission of the story of origins proves to be highly challenging, but essential for the constitution of the adopted child s identity and for the consolidation of adoptive parenthood. 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