O riso discreto e o soneto cômico: A uns olhos tortos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: da Silva, Cássio Roberto Borges
Data de Publicação: 2017
Outros Autores: de Novais, Valeria Pereira Silva
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Navegações (Online)
Texto Completo: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/navegacoes/article/view/23754
Resumo: Este ensaio versa sobre a codificação dos argumentos risíveis nas práticas discursivas da Sociedade Corte. Os tratados de cortesia e as poéticas do Antigo Regime, apropriando-se da noção aristotélica de cômico, definem a matéria risível como torpeza física ou moral. De acordo com tais textos, o emprego de ditos risíveis deveria atender a um decoro áulico, codificado, basicamente, em função de duas finalidades: por um lado, a recreação dos ânimos, por outro, a ordenação agradável dos modos. Identificamos, pois, um gradativo deslocamento na normativa ética e poética, centrada, inicialmente, em questões relativas à matéria do riso e, posteriormente, nos dispositivos elocutivos que poderiam ser empregados em seu tratamento, ou seja, se, inicialmente, os preceptores definem o dito gracioso como amplificação de deformidades aparentes, posteriormente, a codificação do riso discreto concentra-se no tratamento engenhoso de torpezas propriamente ditas. O soneto cômico A uns olhos tortos, atribuído a Bacelar, exemplifica tais usos.********************************************************************The discreet laughter and the comic sonnet: The crossed eyesAbstract: His essay deals with the coding of laughable arguments in the discursive practices of the Court Society. The treaties of courtesy and the poetic of the Old Regime, appropriating the Aristotelian notion of comic, define laughable matter as a physical or moral turpitude. According to these texts, the use of laughable sayings should serve to an aulic decorum, coded, mainly because of two purposes: on the one hand as the recreation of spirits and on the other hand as pleasant sort of manners. We identify a gradual shift in the ethical and poetic norm, focusing initially on issues related to the matter of laughter and subsequently in elocutive devices that could be used in its treatment, that is, if initially the tutors define the graceful saying as an amplification of apparent deformities, later on, the codification of discreet laughter focuses on ingenious treatment of shame itself. The comic sonnet The crossed eyes, attributed to Bacelar, exemplifies such use.Keywords: laughter; decorum; engenius.
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