Linguagem e maternagem: construindo conhecimentos com agentes comunitários de saúde

• Autor(a) principal: Barbosa, Caroline Lopes
• Data de Publicação: 2008
• Outros Autores: Castro, Nattaly Ferreira
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_SP
• Texto Completo: https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/28985
• topic: CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::FONOAUDIOLOGIA; Saúde da criança; Linguagem; Maternagem; PSF

Introdução: No campo da Saúde Pública, o modelo biologizante prevalece como referencial para compreensão dos processos associados ao adoecimento e a produção da saúde, no entanto o Campo da Saúde Coletiva se constituiu como outra referência cuja compreensão do humano e de seus sofrimentos inclui outras dimensões da produção da subjetividade, a social, a psíquica, a antropológica, sem restringir o adoecimento ao organismo. Os princípios da psicanálise apresentam para o campo do conhecimento um sujeito dividido entre desejo e necessidade, regido por uma lógica nem sempre compatível com a racionalidade consciente, pois determinada pelo inconsciente. Tal dimensão do humano pode ser muito útil às práticas em saúde, pois permite compreender o sujeito desejante e sua relação com as práticas em saúde. Em particular na Saúde Materna Infantil é fundamental articular os procedimentos destinados à promoção e prevenção da saúde física à relação entre mãe e bebê constitutiva do sujeito. Percebemos que o cuidado com o outro se faz primeiramente por uma experiência de cuidado consigo. Objetivo: Realizar uma análise do processo de trabalho com agentes comunitários de saúde, visando construir conhecimentos derivados do campo da psicanálise e da fonoaudiologia em relação direta com situações problema por eles enfrentadas, tendo como norte favorecer a promoção da saúde física e psíquica na primeira infância e o processo de aquisição da linguagem. O papel desempenhado pelo ACS é imprescindível devido ao seu duplo vínculo: ele faz parte da UBS, recebendo o treinamento técnico o qual o habilita a trabalhar como profissional na equipe de saúde, e, concomitantemente, pertence à comunidade à qual assiste, ou seja, o elo entre a equipe de saúde e a população. Metodologia: Nesse sentido criou-se um espaço para refletir a respeito das ações de saúde como prática ético-politica, que implica a subjetividade de quem as realiza. As técnicas mais diretas de observação da criança e orientação aos cuidadores foram abordadas conforme os problemas apareceram, no entanto, a técnica por excelência foi potencializar o exercício da maternagem nos ACS’s para que acolhessem e fortalecessem as mães para que essas se deleitem no exercício de sua função. Participaram dessa pesquisa dez ACS’s, foram encontros semanais com duração de duas horas, na UBS/ PSF “Vila Ramos”, no período de Maio à Setembro de 2008, ministrados pelas autoras deste TCC sob supervisão da orientadora e professora da disciplina eletiva. A linha metodológica adotada deriva de uma abordagem qualitativa em saúde, a pesquisa participante. Nessa abordagem há a necessidade dos pesquisadores conhecerem e compreenderem a dimensão coletiva e interativa do grupo a fim de abordar as dificuldades e elaborar estratégias possíveis no âmbito social. O discurso dos participantes fora analisado mediante técnica da análise do discurso de linha francesa. Resultados: O trabalho promoveu não só ampliar as referências dos ACS`s a respeito da saúde física e psíquica na primeira infância, como também, redimensionou a relação que estabelecem com o próprio trabalho, seus limites e potências. Um dos desdobramentos mais significativos da proposta foi a experiência de cuidado vivida pelos ACS`s no contexto grupal que segundo eles gerou efeitos terapêuticos valiosos para reconfigurarem a relação com os usuários e consigo. Pautados no eixo do exercício do cuidado com quem cuida, movido pela escuta e pelo acolhimento, pudemos construir conhecimentos com os ACS´s a respeito da promoção à saúde na primeira infância. Mesmo sendo norteados pelos referenciais teóricos, esses saberes ganharam vida na circulação afetiva gerada pelo contexto grupal, cuja potência pode se estender para muitos processos de trabalho em diferentes equipamentos de saúde