Sistema carcerário e análise do comportamento: uma análise das contingências envolvidas no exercício da profissão do agente penitenciário

• Autor(a) principal: Mendes, Ana Carolina Magalhães Maciel
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_SP
• Texto Completo: https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/26294
• topic: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA; Prisão; Agentes penitenciários; Saúde do trabalhador

Considerando a precariedade do sistema carcerário brasileiro e o adoecimento que produz em seus trabalhadores, buscou-se caracterizar as condições materiais e as contingências sociais e institucionais a que o agente penitenciário (AP) está sujeito no exercício de sua profissão, com foco nos eventos aversivos a que é exposto. Para tanto, foi realizada uma entrevista com um AP de uma instituição do estado de São Paulo, compreendendo os seguintes eixos temáticos: relação do agente penitenciário com os detentos, relação do agente penitenciário com seus colegas de profissão e superiores, e relação do agente penitenciário com o trabalho, em sua estrutura e organização. Dentre as principais condições aversivas a que o AP é exposto, destacam-se: julgamentos e falta de suporte, violência direta e indireta, em geral, imprevisível e incontrolável, e perda de reforçadores naturais e sociais. Constatou-se que, em função do contato constante com eventos aversivos, o trabalho adquire propriedades aversivas que potencializam a sua evitação, bem como a evitação de atividades da vida diária que compartilham propriedades com a condição laboral. Foram constatadas mudanças de comportamento e de saúde (e.g., hipertensão) como decorrência do exercício profissional. As condições aversivas que imperam no ambiente carcerário evidenciam o ciclo de violência perpetrado por uma sociedade classista, que subjuga uma camada da população a condições desumanas. Discute-se, de forma sistêmica, que as contingências a que os APs são submetidos são produtoras de sofrimento crônico, havendo poucas possibilidades de ação sobre o ambiente para modificá-lo e descaso por parte do Estado