A família contemporânea e a homoparentalidade: a diferença sexual no centro do debate da psicanálise

• Autor(a) principal: Martins, Patrícia Parizotto
• Data de Publicação: 2018
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_SP
• Texto Completo: https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/27838
• topic: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA; Homoparentalidade; Sexualidade; Psicanálise

Esta pesquisa pretende trazer uma reflexão sobre as famílias contemporâneas e seus novos arranjos familiares, tendo como recorte um deles: a família homoparental. A homoparentalidade ainda gera polêmica na sociedade e os psicanalistas foram convocados a se posicionarem diante da ideia de que essa forma de arranjo familiar, em que não há diferença sexual anatômica entre os parceiros, poderia impossibilitar a constituição de um psiquismo supostamente normal. Exemplo disso, foi o debate que dividiu os psicanalistas franceses quando houve a aprovação da legalização da união homossexual na França, em 1999. O objetivo da presente pesquisa é refletir sobre o que levou alguns psicanalistas lacanianos a se posicionarem contra a homoparentalidade naquela época. A pesquisa se deu a partir da leitura de textos de autores psicanalistas e trouxe, inicialmente, a evolução do conceito de família e, em seguida, buscou-se contextualizar as transformações pelas quais a família passou e vem passando. Mostrou-se relevante apresentar o conceito de parentalidade e trazer as considerações da psicanálise sobre seus efeitos. O exercício da parentalidade articula-se com a questão do desempenho das funções materna e paterna, sendo discutida a função da família no viés psicanalítico. Abordou-se o complexo de Édipo em Freud e Lacan, mediante a sua importância para a constituição psíquica do sujeito. Analisou-se o debate do PaCS (Pacto Civil de Solidariedade) com os argumentos dos psicanalistas franceses e incluiu-se também a posição de psicanalistas brasileiros. Por fim, pretendeu-se ampliar o que se entende atualmente por diferença sexual, compreendendo que a dimensão inconsciente da sexualidade não se restringe a modelos binários de sexo e gênero. Apontou-se também a necessidade de substituir o conceito de diferença sexual pelo de alteridade. Pode-se concluir dessa pesquisa que a psicanálise deve estar sempre aberta à singularidade do sujeito humano, evitando que , na defesa de sua teoria, mesmo que sem se dar conta, conforme ocorreu na França, seja condescendente com um discurso homofóbico e preconceituoso