A relação entre crença e desamparo na contemporaneidade: uma leitura psicanalítica

• Autor(a) principal: Almeida, Antonio Alberto Peixoto de
• Data de Publicação: 2016
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_SP
• Texto Completo: https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/28277
• topic: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA; Crença; Desamparo; Ato; Contemporaneidade; Psicanálise; Ciência

A crença emerge como efeito da saída do homem do estado natural e da entrada na linguagem. Esta nasce, assim, como resposta ao estado de desamparo fundamental que ali surgia. Ao longo da história da humanidade, este tema assume um caráter central na dinâmica intrapsíquica dos sujeitos, tendo em vista que, desde o seu surgimento, responde ao conflito entre o desejo, as diferentes fontes de desamparo, e sendo assim, serve para tamponar este último. A crença também é um fator de demarcação do “eu” e do “outro”, o que desencadeou, ao longo da história, conflitos de origens diversas, conforme Freud pontua. Este autor mostrou que a ciência poderia tomar o lugar da religião no que tange a esse caráter que a crença assume de resposta ao real. Lacan, por sua vez, disse que a religião triunfaria sobre a ciência e sobre a psicanálise. Diante dessas duas “profecias”, observa-se, na contemporaneidade, uma radicalização da questão do desamparo a partir de um Outro que se apresenta como inconsistente. Este Outro inconsistente, por sua vez, é fruto do avanço do discurso da ciência sobre o simbólico, o que levou, portanto, a sua precarização. Infere-se, então, que o engajamento do sujeito do inconsciente na crença, na contemporaneidade, dá-se predominantemente pela via do ato, o que é diferente do que ocorria na época das teorizações de Freud, onde havia uma dimensão simbólica bem estabelecida