Manifestações oníricas na pandemia de COVID-19: a perspectiva da psicanálise sobre sua relação com o infamiliar

• Autor(a) principal: Casseb, Amanda Bechelli
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_SP
• Texto Completo: https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/36428
• topic: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA; Sonhos; Pandemia; Psicanálise; Infamiliar

Introdução: Para a psicanálise, sonhos são fenômenos oriundos de processos inconscientes, passíveis de interpretação e com a função de satisfazer desejos inconscientes, os quais não podem conter suas representações originais para poderem chegar à consciência durante o sono e precisam ser camuflados. Interpretar um sonho é dar a ele um sentido, podendo encontrar os conteúdos latentes que o originaram, e o responsável por atribuir significado ao sonho é o sonhador, associando acerca dos elementos recordados. Em novembro de 2019, surgiram os primeiros casos de Covid-19 e o vírus rapidamente se espalhou pelo mundo, levando a OMS a declarar estado de pandemia. A irrupção da pandemia e seus eventos adjacentes foram traumáticos; sua súbita emergência e o protocolo adotado de isolamento social trouxeram a interrupção de um sentimento de continuidade, forçando a suspensão das expectativas para o futuro e prendendo as pessoas em uma vivência angustiante sem previsão de fim. Elas então passaram a sonhar de maneira muito vívida, ter mais sonhos e lembrar mais deles. Atravessam os sonhos sensações de mal-estar, angústia, falta de confiança nos laços afetivos e temas de violência e perseguição. Há um esforço psíquico para tornar as impressões dos sujeitos em representações nos sonhos, o qual pode se dar pela repetição. Neste cenário de mudanças, luto e confinamento, surge um desamparo trazido pelo novo; há uma estranha familiaridade que permeia esse momento, trazendo à luz algo que deveria ter ficado oculto. Tal é o infamiliar, formulado por Freud como aquilo que é assustador por ser o retorno de algo que foi recalcado. No confinamento, é podada a possibilidade de atribuir a própria angústia a elementos externos, colocando todos diante da realização de que suas aflições não vêm de fora, e sim do que há de estranho em cada um. Os sonhos da pandemia evidenciam a generalização desse sentimento de infamiliaridade. Objetivo: O objetivo deste trabalho é observar conteúdos emergentes em sonhos durante a pandemia de Covid-19 e analisar o que eles expõem da vida psíquica dos sujeitos sob a perspectiva da Psicanálise freudiana. Método: Foi realizado um levantamento bibliográfico para procurar entender a experiência generalizada de infamiliaridade da pandemia através de estudos conduzidos sobre os fenômenos oníricos descritos à época, buscando apreender, à luz da Psicanálise freudiana, as relações entre o contexto da pandemia e a vida psíquica da população brasileira